sexta-feira, 19 de julho de 2013

Escolher as sebes

Quando há uns anos comecei a restauração da minha casa a minha primeira preocupação foi desde logo avançar com a construção de um muro a toda a volta do terreno e a colocação de um portão. A casa tinha unicamente uma fiada de blocos a delimitar o terreno nem sequer tinha muros nem portão, mas toda a gente na aldeia sabia muito bem quem eram os donos, afinal eu continua a viver na mesma aldeia simplesmente agora a setecentos metros dali.
Apesar disso eu já sabia que faziam do terreno maninho e não tinham qualquer problema de o atravessar como atalho para ir ao monte. Também via que as laranjas e tangerinas das árvores que tinha desapareciam rapidamente, não sei, certamente seria alguma praga que pegava nas árvores, uma praga daquelas com dois braços com cinco dedos em cada mão!

Era uma situação que me incomodava mas que tolerava. A água transbordou quando chego lá certo dia e dou de caras com as ovelhas do vizinho no meu terreno. Já certa vez tinham-me comido um limoeiro que tinha plantado, agora, ao ver aquele cenário, decidi de imediato que tinha de vedar o terreno. Optei por fazer um muro com cerca de um metro de altura, e depois colocar rede em cima. Não gosto de muros altos, é muito corrente em Portugal, mas eu não gosto porque me faz lembrar uma cadeia.

Pelo contrário, até acho muito interessante como, em muitos países como que abolem os muros e as vedações, e as entradas das casas mais não são que são amplos espaços totalmente abertos e integrados uns nos outros, dando uma enorme sensação de liberdade. Curioso também como associamos os muros a manter uma certa segurança, e depois num desses países onde eles não existem, nos Estados Unidos, encontramos um país conhecido precisamente conhecido pela sua elevada taxa de criminalidade.

Vejamos alguns exemplos em vários países, da quase ausência de muros e vedações recolhidos aleatoriamente do Google Maps:

Ontario/Canada

Mineota/E.U.A.

Inglaterra
Suécia

E agora alguns exemplos em países latinos:

França
Cracóvia/Roménia

Lazio/Itália

Saragoça/Espanha

No meu entender, e posso estar perfeitamente errado, mas parece-me que isto tem muito a ver com a cultura dos povos, e delimitar e colocar enormes muros, tem muito a ver com o pensamento latino do querer afirmar o que "é meu".

Por isso mesmo, por achar que enormes muros à frente de uma casa a fazem parecer uma cadeia é que fiz uns muros baixos, com cerca de um metro, e depois coloquei rede já a pensar em plantar posteriormente arbustos que fizessem uma bonita sebe. 

As sebes podem ter muitas funções e as plantas são escolhidas mediante aquilo que se pretende. Servem para dar privacidade, de corta-ventos, defender de animais e pessoas (neste caso escolhem-se plantas que picam bastante), produzir frutos, dar flores, etc.
No meu caso tinha principalmente a ver com a questão da privacidade. Equacionei várias opções e fui observando também o que era usado aqui na zona onde vivo. E isto é importante para sabermos se determinada espécie se dá bem ou não. Não adianta escolher determinada planta que se viu muito bonita no Algarve se vivemos no norte, com solos e micro-climas diferentes.

A minha escolha acabou por recair na Escallonia rubra, um arbusto que se dá bem praticamente em todos os tipos de solo e climas, resistente à seca, tem umas folhas de um verde brilhante quase como se tivessem sido envernizadas, e ainda por cima temos o bónus de ter umas flores avermelhadas no verão.

Escallonia rubra

Entretanto nos dois últimos anos as escallonias estão com um problema, que pelo que andei a ler, serão fungos, que resulta numa queda massiva das folha, que faz com que o efeito principal da sebe, a privacidade, se perca. Já iniciei um tratamento, mas sobre isso dedicarei-me aqui noutro artigo. 

Numa outra zona, num pequeno espaço em que o passeio está até ao muro e tem ainda um espaço com um lago de tartarugas, plantei umas heras para cobrir esse espaço e confesso que gostei do resultado final e ainda mais por não darem quase nenhuma manutenção. O único senão é mesmo o crescimento lento, mas depois compensa a espera. Outra vantagem é não ocuparem mais de meio metro de largura como a maioria dos arburtos. Mas tenho observado noutros sítios por onde passo, que elas engrossam bastante e ficam com as folhas muito largas e com um aspeto envelhecido. Mas penso que se as for aparando elas manterão sempre um aspeto mais viçoso, mas isso irei ver com o passar do tempo. Quatro anos depois é este o resultado:

Hera

10 comentários:

  1. Ah, quem me dera ter muros mais altos :D! A casa da minha avó tem muros baixinhos, partes com arbustos grandes, mas a maioria do espaço é transparente...para mim é muito incomodativo, pois cada vez que estou lá fora há alguém a espreitar para ver o que estou a fazer (jardinar, brincar, actividades recreativas, secar o cabelo, andar a fugir da mangueira de rega no verão, tirar retratos, etc), e não só olham, mas ficam especadas em frente do portão a observar como se fosse algo nunca visto, ou esticam o pescoço por entre a folhagem! Até tiraram fotografias uma vez...é muito chato. Mas lá está, sou muito reclusiva! Para mim o que é opressivo não são os muros, são os outros!

    E neste país há sempre alguém disposto a desrespeitar: por duas vezes encontrei um homem (cigano) dentro do jardim, uma vez já estava na parte de trás...é que estas casas são antigas, e tem que se deixar a porta da rua destrancada para o correio poder deixar as cartas na porta de casa...

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  2. Mas lá está, com uma sebe densa podemos ter a privacidade que pretendemos sem recorrer aos enormes muros de dois metros, e a sebe pode ainda quase servir de moldura verde para as restantes plantas que depois plantarmos, além de filtrar os ventos e não ser ali uma enorme barreira. Até sítio para os pássaros poderem fazer os ninhos pode servir.

    Mas o que diz é totalmente verdade, eu tenho um vizinho, que mora a uns cem metros, mas é do mais cusco que pode haver. Apanho-o constantemente a espreitar para o terreno de outros vizinhos, e antes de eu ter feito os muros, sempre que eu ia lá para casa com a namorada, o senhor ia-se sentar estrategicamente no tal muro da frente que era baixinho para, não sei, talvez conseguir vislumbrar ou ouvir qualquer coisa que achasse interessante! Por outro lado este tipo de vizinhança serve sempre de alerta, pois se passa por ali um carro ou pessoa desconhecida eles vêm logo ver o que se passa! Mas é preciso ter muita paciência com algumas situações!

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  3. :) Pois é, tem toda a razão acerca das sebes. Os melros e os piscos têm ninhos lá, é uma maravilha ouvir o canto das aves tão perto, sobrepõem-se ao barulho dos carros (que não é todo filtrado pelas sebes infelizmente). A sua hera está muito bem mesmo, adoro heras (como não podia deixar de ser), atraem tantos insectos. Já houve ocasiões em que não pude passar por certos espaços pois eram tantas as abelhas nas heras!

    Mas há zonas com muros altos muito bonitas, como numa ruela à beira da Capela de São Frutuoso, na freguesia do Real em Braga, de quintas muito muito antigas...

    :) Há sempre vizinhos cuscos nas vizinhanças: já apanhei a minha vizinha sentada na sanita (não vi mesmo a sanita, mas tenho a certeza pois as nossas casas são gémeas) com o pescoço todo esticado à janela, a tentar ver o que eu fazia...:)

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  4. Sim, há quintas antigas, ou palácios em que os muros dão uma certa imponência e segurança necessária ao espaço. Mas numa habitação "normal" vou mais para muros verdes!

    Também gosto muito de ver casas com as paredes forradas a heras, dá um toque de romantismo muito bonito, encontro só um senão, precisamente por atrair muita bicharada e com as janelas abertas podem sempre entrar animais que não queremos ver dentro de casa como pequenos repteis, mas de resto é lindíssimo.
    Há até umas heras que ficam vermelhas que acho brutais, dão um efeito que é qualquer coisa:
    http://i.huffpost.com/gen/795172/thumbs/o-AUTUMN-HOUSE-570.jpg?6

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  5. Pois é :). acho que se refere à 'vinha virgem', é de folha caduca ou contrário da nossa hera, e é originária da América do Norte. :)

    http://obotanicoaprendiznaterradosespantos.blogspot.pt/2009/12/vinha-virgem-parthenocissus.html

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  6. Hmm agora fiquei na dúvida, isto porque eu até tenho duas estacas pegadas em casa, e pela pesquisa que fiz parece-me Parthenocissus tricuspidata e as folhas assemelham-se mais à folha de videira que essa Parthenocissus quinquefolia. Mas vai quase tudo dar ao mesmo!

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  7. Ah, essa ainda é mais bonita! Vá, influenciou-me, agora também quero uma! :)

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  8. Se não encontrar e as minhas duas estacas não morrerem! depois posso-lhe arranjar uma ;)

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  9. Uma boa alternativa é plantar várias espécies de plantas e de preferência incluir espécies que floresçam em todas as estações do ano para haver sempre flores. E é uma sebe assim que eu estou plantando á volta do meu terreno, na zona de Fontanelas...

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    1. Olá boa noite Ordep,
      É curioso, tantos "posts" depois já quase nem me lembrava deste, que foi dos primeiros que escrevi neste blogue, e eu até já arranquei a sebe de escalónias e tenho agora heras!
      Mas é verdade, essa é outra alternativa, apesar de ter de se escolher bem as espécies para que liguem bem umas com as outras. Vê-se muito por exemplo a abélia grandiflora misturada com outras espécies.
      No meu caso a ideia da sebe era mesmo criar privacidade, e como coloquei as heras, que não ocupam qualquer largura, posso depois plantar na sua frente outros arbustos de flor, como lilás, budleia, escalónia branca, etc.

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