quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Aprendiz de Mr. Miyagi

Estou em crer que a primeira vez que ouvi falar de bonsai foi no filme Karate Kid. O filme é de 1984, cá terá passado na televisão anos mais tarde. Agora é que um filme está em cartaz e por vezes meses depois já passa na televisão, mas nos anos oitenta não era assim. Estou em crer que teria 13/14 anos quando vi o filme na RTP. 

Nesse filme, o protagonista, um adolescente que cai nas boas graças da menina bonita, rapidamente passa a ser o alvo do grupinho dos rufias lá do sítio. Até que por acaso conhece Mr. Miyagi, um senhor asiático de cabelos brancos muito simpático, de aspeto bonacheirão, muito pacato que, ora passa a vida a tentar apanhar moscas com pauzinhos ora a podar os seus bonsais!

A verdade é que, culpa do filme ou não, os bonsais sempre me fascinaram. O curioso é que nunca comprei nenhum para mim mas acabei mesmo por receber um de prenda no meu vigésimo quinto aniversário. Foi o meu primeiro bonsai, um ulmeiro (Ulmus parvifolia) provavelmente a espécie mais comercializada, e que mantive de perfeita saúde até aos dias de hoje. Vários transplantes e mudanças de vaso depois está assim:

Ulmeiro (Ulmus parvifolia)
Mais recentemente comecei a interessar-me por criar os meus próprios bonsais. Não é propriamente fácil. Mais do que dominar as técnicas mas é preciso ser-se criativo, é a diferença entre interpretar e ter jeito para compor, e é nisso que ainda me sinto muito verde. Mas é experimentando, errando a aprendendo que vamos evoluindo, e aos poucos acho que vou melhorando.

Como já contei no artigo sobre o azevinho, tentei criar um bonsai a partir desta espécie porque tenho dezenas deles, portanto nada melhor que começar com o que se tem à mão! Em ano e meio a evolução foi esta:


Azevinho (Ilex aquifolium)
Há algum tempo vi que uma azálea enorme da minha mãe tinha um pequeno rebento junto ao solo, e de imediato resolvi arrancá-lo para ficar para mim, para plantar no meu jardim, ou quem sabe tentar fazer dali um bonsai. Acabei mesmo por destiná-la para bonsai, e ainda estou a tentar, esperando que vá resultar. A pobre azálea já passou por alguns imprevistos, mas vamos ver como continuará a evoluir. Comecei por colocá-la num vaso de barro para engrossar um pouco:

Azálea
Mais tarde podei-a mas sofreu o primeiro imprevisto, enquanto transportava uma pedra, deixei-a cair por cima do vaso e parti-lhe  um bocado, mas o pior foi que quase parti a azálea, e esgaçou parte do tronco, então coloquei um bocado de borracha à volta e amarrei com um arame:


Há umas semanas resolvi transplantá-la, desbastar as raízes e meti num vaso de bonsai, que apesar de pequeno para o efeito lá teve de servir. No transplante ocorreu o segundo imprevisto, e sem querer parti-lhe o rebento que estava no topo, mas pronto entretanto já está a puxar novos rebentos de novo, não será grande problema espero.


Entretanto tinha um cotoneaster (Cotoneaster horizontalis) que é uma planta arbustiva rasteira muito usada para cobertura de solos, e que estava num vaso sem nenhuma estética nem interesse para mim, mas que já sabia que é uma planta que resulta muito bem em bonsai porque tem a folha muito pequena e dá uns pequeninos frutos. 

Cotoneaster horizontalis

Fui-lhe dando várias podas mais drásticas, e por estes dias resolvi transplantá-la, fazendo um verdadeiro desbaste nas raízes. Há falta de vasos de bonsai, coquei-a mesmo num antigo recipiente plástico, estando agora com este aspeto:

Cotoneaster horizontalis
Tenho outras árvores que espero conseguir fazer alguma coisa com elas a nível de bonsai. Um sobreiro que tenho desde semente recolhida no monte:


Sobreiro (Quercus suber)

Escallonia Rubra que arranquei da sebe e que espero que vingue:


Laranjeira que nasceu espontaneamente:


E ainda tenho mais umas quantas arvorezinhas para ir brincando ao bonsai. No fundo não precisamos de ir a uma loja gastar bastante dinheiro num bonsai - é verdade que também se compram bonsais nas grandes superfícies por 10€ - mas a verdade é que também esteticamente pouco interesse têm, por isso, por que não, nós mesmos, tentarmos criar os nossos próprios bonsais? Podem não ficar muito bonitos ao início é verdade, mas aos poucos vamos melhorando e passados uns anos podemos dizer à família ou amigos "este bonsai fui eu que o criei". Vivemos num mundo de consumismo, de querer tudo no imediato, as pessoas querem, compram, já têm e depois deitam fora. No mundo do bonsai é preciso paciência, tal como o Mr. Miyagi ensinava no filme, para termos o bonsai ambicionado hoje devíamos ter começado há dez anos atrás. 

2 comentários:

  1. Confesso que também já tentei fazer muitos bonsais sem sucesso :(
    Agora estou a tentar um de um bucho. Li que era o mais fácil para inexperientes... A ver se desta vez consigo!
    Os seus parecem muito bem... Parabéns!

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  2. Obrigado, mas eu acho que ainda sou muito ingénuo no bonsai, mas só praticando melhoramos. Acho que para começar devemos utilizar espécies mais resistentes, que tolerem bem as podas e os transplantes para se ir praticando e não se desanimar com os insucessos. Piracanta, cotoneaster, escallonia, oliveira, até o azevinho... há muitas espécies que são quase impossíveis de matar por um inexperiente!

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