quarta-feira, 28 de maio de 2014

Joaninhas no batatal

Por estes dias admirava o batatal dos meus pais, em particular as bonitas flores, e apercebi-me que por lá andavam joaninhas (Coccinella septempunctata). 




Uma observação mais atenta permitiu-me constatar que de facto, o batatal é uma zona de grande número de joaninhas, que por ali vivem, muitas ainda em forma de larva, e muitas outras adultas, algumas já a tratar freneticamente da geração seguinte.

Começando pelas larvas de joaninha-de-sete-pontos:








E os adultos a fazer coisas de... adultos!





segunda-feira, 26 de maio de 2014

Azevinho para venda/troca

Quem vai seguindo o blogue sabe que eu tenho um particular fascínio pelo azevinho, e foi esse fascínio, aliado ao facto desta árvore estar cada vez mais ameaçada de extinção na natureza, que me levou a começar a recolher todas as plantas que nascem espontaneamente no meu terreno. Comecei por mero passatempo há coisa de cinco anos, mas de repente o passatempo cresceu exponencialmente. Tenho um verdadeiro viveiro com centenas de plantas, só de azevinho em casa. Claro que as pessoas mais próximas como amigos e familiares já todos têm um azevinho meu em casa, mas também já vendi umas largas dezenas para diversos destinos. 

Para se ter noção, tenho dezenas de azevinhos, desde pequenas plantas-bebé:




Azevinhos com cerca de meio metro:







E já umas pequenas árvores com cerca de dois metros de altura:


Não é por mim que o azevinho se há-de extinguir em Portugal!

Mas como facilmente se vê, isto começou-se a tornar um passatempo com proporções desmesuradas, daí que, estou a partilhar aqui no blogue, para que, se alguém estiver à procura de uma grande quantidade de azevinho, e estamos a falar de azevinho autóctone, aqui da região, todo ele propagado naturalmente por semente (e não por estaca) caso alguém tenha interesse, por exemplo, para fazer uma sebe só de azevinho, que fica espetacular - comunique. Se for em grande quantidade despacho isto ainda mais barato, e até posso eventualmente trocar, interesso-me, por exemplo, por velharias para decoração do jardim, como pias antigas, rodas de carroça, etc.

Aumentar o volume da compostagem

Estamos na primavera, e como tal quem faz compostagem e tem um relvado de dimensões razoáveis, como é meu caso, tem sempre "verdes" em excesso. A compostagem caseira, dito de uma forma muito simples, é um processo de transformação de resíduos orgânicos "verdes" (azoto) e "castanhos" (carbono). E nesta fase, fruto dos cortes mais frequentes do relvado, acumula-se uma grande quantidade de relva, o que é bom claro, mas devemos adicionar também muitos "castanhos" e em maior quantidade, para equilibrar a compostagem.


Se na primavera temos muitos verdes, em casa torna-se complicado arranjar castanhos, pois as folhas caem é no outono. Mas é simples, se não temos castanhos em casa, há com fartura na natureza! E podemos também recolher material na natureza, se quisermos aumentar substancialmente o volume da compostagem, para depois termos mais produto final. Eu sou fã do composto orgânico, é gratuito, e as plantas adoram, logo, pretendo ter o máximo possível. 


Para arranjar grande quantidade de castanhos, mesmo na primavera, basta encontrar um sítio na natureza onde haja muita acumulação de folhas. Eu encontrei uma zona sombria e até bastante húmida, com um grande carvalho, e exóticas como austrálias e eucaliptos, e lá tinha uma imensa quantidade de folhas. Então é simples, levam-se uns sacos e um ancinho e é só encher para para os sacos.
Carvalho com tronco cheio de musgo devido a estar em zona húmida




Se pelo contrário, se precisarmos de verdes em vez de castanhos, também não há problema! Há fetos com fartura!

Feto-ordinário (Pteridium aquilinum)

Podem-me dizer, bom isso é tudo muito fácil, mas para quem vive no campo, quem vive num meio mais urbano não tem essas possibilidades. Não necessariamente. Pode-se aproveitar um passeio, meter os sacos e o ancinho na mala que não ocupa espaço, e tendo oportunidade traz-se para casa. Eu mesmo fui buscar estas folhas a cerca de um quilómetro de casa, e tiver que transportar os sacos no carro. Depois foi só despejar na pilha do composto (tenho os dois compostores de 280L cheios) mas não calcando, porque é preciso oxigénio, e depois ir remexendo. A relva aquece bastante, por vezes até deita fumo, e vai acelerar todo o processo, mas ter sempre presente que não podemos ter verdes em excesso. 



Compostor e pilha da compostagem (provisória)

sábado, 24 de maio de 2014

Sargaço e sargacinha

Já anteriormente tinha dito que queria ter plantas do monte, como o sargaço e a sargacinha nos meus canteiros, e nestas últimas semanas ambos floriram pela primeira vez. São duas plantas que crescem no monte, mesmo ao lado de minha casa, então porque não tê-las também no jardim? Acho-as extremamente decorativas, tanto uma como outra, e depois têm a vantagem de não precisar de quaisquer cuidados pois são autóctones, logo perfeitamente ambientadas e nem sequer precisam de ser regadas. 






Este sargaço é certo que pertence ao género Cistus, mas ainda não tenho certezas absolutas da espécie em questão, pois há diferentes espécies deste mesmo género, todas muito semelhantes e até há a referência de híbridos. Desconfio que seja o Cistus salviifolius L. mas como disse sem certezas absolutas. Certeza só mesmo que por aqui é conhecido por sargaço. Forma umas moitas verdes densas, as folhas são peludas e antes das flores abrirem apresenta uns botões avermelhados também eles peludos, e depois dá umas flores brancas, muito apelativas para os polinizadores. 






Estas são só as primeiras duas a dar flor, nos próximos canteiros que vou fazer certamente colocarei lá mais sargaços e sargacinhas. 

Borboletas IV - Almirante-vermelho

Esta é uma das borboletas mais comuns aqui para os meus lados. Por estes dias uma fixou-se nas flores de estelícia e por ali ficou algum tempo, como que esperando pelas minhas fotografias, que diga-se, não saíram grande coisa, pois o tempo estava muito cinzento, mas ainda assim dá para ver que se trata de uma borboleta de inegável beleza. 











quarta-feira, 21 de maio de 2014

Azevinhos-trigémeos

Dois anos e quatro meses depois...

Como já referi algumas vezes, comecei há uns cinco ou seis anos a propagar azevinho (Ilex aquifolium). E o termo propagar é um pouco abusivo, pois limitei-me a aproveitar o trabalho da natureza, das sementes que caem ao chão, e dos pássaros que as transportam para todos os cantos do meu terreno. Limito-me a recolher as pequenas plantas que germinam das sementes na terra, e que são às centenas ou mesmo aos milhares. Comecei por brincadeira, porque até é uma espécie protegida e ameaçada na natureza, e de repente, dou-me conta que devo ter em casa mais azevinhos que muitas superfícies comerciais da especialidade. 

Há cerca de três anos, recolhi da terra, três pequeninas plantas, só com alguns centímetros, que nasceram juntas, provavelmente todas nascidas do mesmo fruto (baga), ou daquilo que as pessoas comummente designam de bolinhas vermelhas.



Em pouco mais de dois anos, a maior planta das três, já tinha atingido 1,30m de altura, mostrando, que apesar das sementes dos azevinhos demorarem muito tempo a germinar e a transformarem-se em pequenas plantas, depois de terem alguns centímetros, até crescem bastante rapidamente. Mas isto vale só para plantas em casa, pois na natureza já pude constatar, junto de uma das minhas sementes que germinou no monte, que os tempos são substancialmente diferentes, muito mais demorados. 

Este ano dois deram flor, e nem de propósito foi um macho e uma fêmea, o maior e o mais pequeno, o que não deixa de ter a sua graça. Mais especial ainda, é o facto de, como nasceram juntos, ao crescer, aos três troncos uniram-se todos num único, o que não deixa de ser muito interessante.




Três azevinhos juntos, soldados no mesmo tronco


Tronco dos trigémeos abraçados entre si


O azevinho mais pequeno é uma fêmea

Entretanto, e apesar de olhar para estes três azevinhos de uma forma bem mais apegada que o normal, tive de os colocar à venda, pois como é lógico, não posso manter todas as plantas, mesmo as mais especiais. Fui hoje contactado por um senhor, e em princípio os tri-gémeos já terão novo dono. 

Transplante foi um sucesso

No final de setembro passado, escrevi aqui sobre uma operação delicada, um transplante de uma araucária chilena (Araucaria araucana) que estava um grande vaso de cimento que é extremamente pesado e difícil de mover, e que em breve seria pouco espaço para a árvore, e no futuro seria mais difícil tirá-la dali.


Depois de feito o transplante contei que fiquei um pouco receoso, pois não consegui retirar o torrão das raízes de forma intacta, e temi que a árvore se pudesse ressentir e morrer, mas a verdade é que a intervenção cirúrgica foi um verdadeiro sucesso! 

Nas últimas semanas têm surgido novas brotações e a árvore está com aspeto muito bonito e saudável. 






Entretanto tenho de ver se a consigo vender e encontrar novo dono para esta árvore, pois não tenho espaço no jardim para a colocar. 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Jardim de São Lázaro

O Jardim de São Lázaro é o jardim mais romântico e o jardim público mais antigo da cidade do Porto. É também o único jardim da cidade cercado por grades, que até já foram mandadas tirar e voltadas a colocar. O nome remonta aos tempos de uma antiga gafaria medieval (hospital de leprosos) ou Casa dos Lázaros, cujo patrono era São Lázaro. Inicialmente o local era chamado de Campo do Terreiro e o terreno assemelhava-se a um largo que servia para uma feira que ali se realizava. 

Em 1833, em plena época do cerco do Porto, D. Pedro mandou transformar o recinto da feira em jardim público. O jardim foi responsabilidade de João José Gomes, o primeiro jardineiro municipal do Porto, e inaugurado no ano seguinte, a 4 de abril de 1834, aniversário de D. Maria II, apesar de só vir a estar concluído anos mais tarde. 

Mas quem se deslocar hoje ao Jardim de São Lázaro, que fica situado entre a Praça dos Poveiros, a Avenida Rodrigues de Freitas e a Biblioteca Municipal, fica desde logo, mais uma vez, baralhado com os nomes do espaço, que oficialmente é Jardim de Marques de Oliveira, apesar de eu duvidar que a maioria dos portuenses o conheçam por esse nome, ou saibam até quem foi o senhor. O mais estranho é que, mesmo no local, é possível verem-se os dois nomes convivendo lado a lado. No portão pode-se ler o antigo nome, Jardim de São Lázaro, em frente a um dos pilares, uma placa com o nome moderno: Jardim de Marques de Oliveira. 





O jardim, como já referi, é cercado por um gradeamento, tem quatro entradas nos quatros cantos do espaço, e tem também um horário de utilização. Das quatro entradas saem caminhos diagonais para o centro do jardim, onde se encontra um lago.




O jardim está bastante cuidado, aliás, quando hoje mesmo por lá passei, vi a rega automática a funcionar, e pude ver vários funcionários a proceder a limpezas, e vê-se que as estátuas e os bancos de jardim foram pintados ou restaurados recentemente (pena foi terem-se esquecido de pintar os bancos do Passeio de São Lázaro). 

Mas quem conhece jardim, e eu conheci-o há mais de vinte anos, pois passava ali todos os dias para ir apanhar o autocarro para ir para a escola, sabe que só desfrutam dele os mais velhos, para os seus jogos animados de sueca, algumas senhoras prostitutas em busca de freguesia ou algum casal de namorados e pouco mais. Parece que o jardim se fechou sobre si mesmo, transformando-se numa espécie de gueto e há uma enorme repugnância das pessoas em entrar lá dentro, quanto mais em ousar desfrutar dele. 

Não é o meu caso, pois o jardim merece ser visitado. É um espaço bucólico e romântico por excelência, no centro da cidade, coberto por grandes árvores, das mais antigas da cidade, um refúgio fresco, com canteiros floridos e pontuado com diversas esculturas,  uma fachada de um antigo chafariz, e por um coreto. 

O coreto fica do lado da biblioteca municipal,  fundada em 1833, umas das mais valiosas do país.




Mesmo em frente à biblioteca e de frente para a rua Dom João IV, podemos ver a estátua de Marque de Oliveira de autoria de Soares dos Reis.


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Outra estátua presente no jardim é a de António da Silva Porto.



Outros elementos escultóricos: 





Outro dos elementos históricos de destaque, é o chafariz concebido inicialmente para o Convento de São Domingos.



No centro do jardim encontra-se um pequeno lago, rodeado por doze imponentes magnólias (magnolia grandiflora).