domingo, 28 de maio de 2017

Jardim de Arca d'Água

Há no Porto um jardim, que debaixo de si esconde uma grande Arca carregada de segredos e de pedaços da história da cidade. 




No Porto, Arca d'Água remete-nos para o tempo em que, a partir deste local, o aqueduto ou manancial de Paranhos ou manancial das Três Fontes de Paranhos (várias designações usadas), no fundo, a partir desta grande "caixa de água", se construíram condutas de granito, que desde o século XVII iam alimentar toda uma rede de fontes e chafarizes de distribuição de água pela cidade, até final do século XIX. E este jardim cobre, precisamente, todo esse grande reservatório das águas de Paranhos que foi construído.   

Foi também neste mesmo espaço, que era quase um deserto em meados do século XIX, que a 6 de Fevereiro de 1866 se travou o duelo entre o poeta Antero de Quental e o escritor Ramalho Ortigão por causa da Questão Coimbrã. Deste duelo viria a resultar um ferimento num braço de Ramalho.




Mas, mais uma vez, Arca d'Água, não é a denominação oficial. Mudaram este topónimo antigo para Praça 9 de Abril. por forma a evocar o terrível combate de 1833, entre os absolutistas (fieis a D. Miguel) entrincheirados no alto do Covelo e os liberais (D. Pedro).
Outros estudiosos da toponímia portuense defendem que este nome "9 de Abril", evoca a batalha de La Lys (da primeira guerra mundial) em que participaram muitos portugueses. Mas seja por que guerra for, na verdade os portuenses conhecem este espaço por Jardim de Arca d'Água. 

E o Jardim de Arca d'Água fica situado na zona norte, já um pouco afastado do centro da cidade, quase encostado à VCI, por onde pode ser facilmente acedido. O jardim foi projetado por Jerónimo Monteiro da Costa e foi inaugurado em 1928, estado por isso, a uma década de celebrar cem anos. Destacam-se desde logo os grandes plátanos, magnólias e cedros, o lago e a gruta, o coreto e a escultura "A família" de Cherters de Almeida (1971).









"A família" de Cherters de Almeida /1971 (escultura restaurada em 2016 e de novo danificada - falta o arco que a criança segurava)





Grande parte das fontes e chafarizes da cidade do Porto podem ser vistas nos Jardins de Nova Sintra.

2 comentários:

  1. Belo trabalho de investigação.Este post fez-me recordar tantos momentos bons lá vividos. Para mim será sempre Jardim de Arca d'Água. :)

    Vou>>> Estou doentita.

    Beijinhos

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    1. Ainda há semanas eu partilhei um excerto do autor Hélder Pacheco, precisamente a insurgir-se com asconstantes mudanças de nomes na cidade. E depois tens uma coisa chamada "Palácio de Cristal" onde não existe nenhum palácio! Mas eu depois ainda vou adicionar aqui mais fotos. Andei à procura (e sei que as tirei) mas não encontrei, é que já são tantas fotografias que às vezes já me perco!
      As melhoras, beijinho.

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