Tenho visto uma confusão muito grande em relação aos nomes comuns, e mais uma vez o problema é em relação aos nomes comuns que as pessoas dão às diversas gramíneas que se usam para fazer relvados. E como sabemos só os nomes científicos é que identificam verdadeiramente uma planta. E um dos erros mais comuns que tenho visto é as pessoas darem o nome de escalracho à relva mais comum de jardim, a graminha Santo Agostinho. E o escalracho é uma erva diferente.
Aproveitando o facto de ter andado a fazer uma limpeza de ervas infestantes debaixo de uma laranjeira e que, infelizmente, está infestada de escalracho, resolvi tirar umas fotografias para que facilmente as pessoas possam perceber as diferenças e não se confundam na hora de comprar ou plantar no jardim.
O escalracho ou, como eu sempre ouvi chamar desde pequeno, o gramão é isto:
As guias do escalracho (de nome científico Panicum repens) são muito duras, com raízes muito profundas e a ponta e muito fininha, fazendo lembrar muito os novos rebentos do bambu (que também é uma gramínea). Observe-se com atenção para o crescimento aprumado das folhas, que na verdade assemelham-se muito a pequenas novas canas de bambu. E as folhas em si são muito estreitas:
Na imgem seguinte, podemos ver quão invasivo é o escalracho. Como as suas finíssimas raízes penetram nas mais estreitas fissuras e alastram com grande virgor. E esta é outra característica terrível do escalracho, as suas raízes são muito profundas o que torna muito complicado depois de se conseguir erradicar totalmente.Mas observe-se então como é a parte aérea do escalracho e em pormenor como são as folhas que têm um tom verde claro, quase a fugir para o azulado:
E agora vamos comparar o escalracho (Panicum repens) com a comum relva de jardim, a graminha Santo Agostinho (Stenotaphrum Secundatum) e prestar atenção nas diferenças.
Na graminha Santo Agostinho temos a mesma guia dura, mas veja-se como as folhas, que já são mais largas, nascem muito junto à base da guia, ao contrário do escalracho que, da guia-mãe, nascem novas guias que darão então origem a folhas.Veja-se o formato das folhas:
A graminha Santo Agostinho também possui boas raízes, que lhe permitem fixar-se muito bem ao solo e ser de facto muito resistente, mas, ao contrário do escalracho, não mergulha profundamente, e a sua remoção completa é muito fácil visto que não deixa partes da planta no subsolo que irão alastrar.
E comparemos agora as duas gramíneas anteriores com a graminha São Carlos, que vai sendo também cada vez mais usada nos jardins portugueses.
A graminha São Carlos comummente designada por graminha brasileira tem o nome científico de Axonopus compressus. À primeira vista quase se pode confundir com a graminha Santo Agostinho, mas mais uma vez olhemos para as folhas e facilmente concluímos que são diferentes.
As folhas da graminha brasileira são de um verde mais escuro, e são bem mais largas que as da graminha Santo Agostinho. Vejam na imagem, ambas, lado-a-dado:
E agora até podemos comparar a graminha brasileira com o escalracho:
Mais uma vez relembro que só o nome científico identifica as espécies. Mas é necessário dar os nomes comuns certos às espécies sob pena de nos andarmos a baralhar e a confundir espécies diferentes.