sexta-feira, 10 de maio de 2019

Mandar às Malvas

As malvas são ervas que toda a gente conhece, principalmente pelas suas flores que abrem na Primavera e Verão. Nascem um pouco por todo o lado, em terrenos ricos em azoto e podem chegar a um metro de altura.



No livro "Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais" ficamos a saber que esta planta é apreciada como remédio desde o século VIII a.C. Os pitagóricos consideravam uma planta sagrada que libertava o espírito das paixões; Carlos Magno não a dispensava como planta ornamental nos seus jardins imperiais. E em Itália, no século XVI, denominava-se omnimorbia, isto é, remédio para todos os males. 

Das propriedades medicinais ficamos a saber que trata abcesso, rosácea, afta, asma, boca, bronquite, dentes, faringite, furúnculo, hemorróidas, nervosismo, obesidade, obstipação, olhos, picadas e tosse.

Mas há uma expressão curiosa associada a esta planta: "mandar às malvas"!

Germano Silva, jornalista e historiador (provavelmente a pessoa que mais saberá da cidade do Porto) no site do JN, revela-nos a origem da expressão, que tem que ver com uma história de amor que acabou em tragédia.

Ao que parece, ali pelo século XVIII, haveria um taberneiro que tinha uma filha muito prendada, muito bonita e cheia de qualidades que era muito pretendida pelos rapazes. Só que ela já tinha namorado, um cordoeiro, só que, um sobrinho do bispo também se interessou por ela. E, aconselhada pelo pai que, se calhar, um sobrinho do bispo era um partido bem melhor, certo dia, o cordoeiro, ao vir ter com ela, apanha-a a conversar com o sobrinho do bispo! Movido pelo ciúme envolvem-se em pancadaria, e o cordoeiro acaba mesmo por matar o sobrinho do bispo. Resultado: foi condenado à morte na forca. E naquele tempo, quem morria na forca, não tinha direito a ser enterrado nas igrejas como era costume na época. E foi enterrado num terreno chamado o "campo das malvas", onde haveria, mais tarde, de ser construída a igreja e a Torre dos Clérigos. Daí a canção:

"Adeus que vou para as Malvas, 
passando pelas urtigas, 
Vão os rapazes para a forca
Por causa das raparigas"

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