quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

Pisco-de-Peito-Ruivo na Gardeners World

 A Gardeners' World é uma revista mensal britânica com os melhores especialistas da área que dão dicas e conselhos sobre jardinagem, sustentabilidade e cuidados da horta. Neste último número, e nem de propósito, o tema princial é "resoluções de vida selvagem - torna o teu jardim uma casa para a natureza" e nada melhor do que um pisco-de-peito-ruivo para ilustrar. 



Vou deixar aqui um pequeno excerto:

Aves em Longmeadow

"Recebo cartas a perguntar porque é que colocamos canto de pássaros falso sobre as filmagens no jardim, porque, presumo, os espectadores não conseguem acreditar que ele possa ser assim tão presente ou tão alto. No entanto, há muitas aves que são uma presença constante e discreta, que em grande parte dou por garantida. Mas colocar alimento durante os meses de inverno muda tudo isto. Passo a poder observar de perto e durante longos períodos aves que, a partir de meados da primavera, desaparecem na própria estrutura do jardim.

As minhas favoritas de todas são os pintassilgos. Não são de todo raros nem invulgares, mas são tão marcantes como qualquer ave no campo. Chegam à mesa de alimentação em grupos, aos solavancos e com ousadia. Um grupo ou bando é, deliciosamente, conhecido como um “charm”, designação que não vem da sua beleza ou das suas boas maneiras, mas do seu canto, que é sibilante e suavemente melodioso.


Há um pisco-de-peito-ruivo à minha espera todas as manhãs quando saio para a despensa para ir buscar a comida para as aves. Suspeito que ele tenha aprendido quando eu saio, e que hei de derramar certamente um pouco da pá enquanto caminho, e que deixo sempre a porta aberta para que ele possa entrar de rompante e fazer uma refeição rápida no caixote do lixo destapado. Alguns dias senta-se pacientemente na prateleira com os frascos de compota e de pickles, a poucos centímetros de mim, enquanto encho a pá. Pergunto-me muitas vezes como terá evoluído a confiança dos piscos-de-peito-ruivo em relação aos seres humanos.

Eles estão sujeitos à predação por parte dos açores, pelo que estar sozinho e exposto, com um ar de confiança fanfarrona, parece um pouco arriscado. Talvez seja precisamente essa confiança semelhante à de um terrier - afinal, poucas aves são tão agressivas ou territoriais como os piscos - que o protege. O meu doce pisco, que me brinda com a sua presença todas as manhãs, é provavelmente menos uma criatura terna a criar laços comigo e mais parecido com um terrier cheio de energia a intimidar para conseguir restos" (Monty Don)

Fungo Invasor?

 Em Avintes, perto do Parque Biológico de Gaia, encontrei este fungo alaranjado em restos de poda. Será o fungo invasor Favolaschia claudopus?





As Aventuras com o Pisco

Agora que estou a viver sozinho na casa onde cresci e longo dos últimos vinte e cinco anos fui estando por cá a jardinar e a cuidar das tartarugas, posso-me demorar mais tempo a observar a vida em volta, nomeadamente o comportamento do pisco que por aqui anda. 

Desde 2013, início do blog, que fiz algumas publicações com fotografias e falei sobre o comportamento desta simpática ave. E daquilo que pude observar, parece-me que este pisco é migrante e não residente habitual (autóctone), isto porque dou sempre por ele a partir de outubro (vindo talvez do norte da Europa) e depois de março deixo de o ver, porque regressará à terra de onde veio.

É uma ave solitária e muito territorial, tanto que, ouço outros piscos ao longe a cantar, mas é sempre só um que por aqui anda no jardim. 

 Logo cedo, talvez a partir das sete horas já o ouço lá fora, e quando me decido a jardinar ele (ou ela) rapidamente me vem fazer companhia para se aproveitar dos bichos que eu deixo à vista!

Tenho conseguido aproximar-me dele a cerca de um metro ou pouco mais, e vê-lo a cantar baixinho para mim, e pretendo adquirir um comedouro para pendurar com comida, para ele e para outros pássaros que visitem o jardim e, quem sabe, um dia conseguir alimentá-lo à mão. Veremos. 

Fotografias das últimas semanas: