domingo, 27 de junho de 2021

Topónimos Botânicos - Ligustro e Alfena

O universo das plantas é tão vasto que quantas mais conheço mais chego à conclusão que pouco sei. Muitas vezes mais difícil é tentar perceber que planta é que nos está a nascer espontaneamente no terreno, e isso aconteceu-me com um arbusto, bastante comum até e usado como sebe, que só identifiquei quando ficou em flor. Refiro-me do alfeneiro ou ligustro (Ligustrum).


O ligustro ou alfeneiro era uma das espécies mais usadas em Portugal como sebe, muitas vezes intercalado com outra espécie, porque é de folha semi-persistente, querendo isto dizer que pode perder as folhas com os invernos frios. A sua popularidade advém do facto de ser fácil de propagar, é de crescimento rápido, não é muito exigente em relação aos solos, são também muito resistentes e toleram muito bem as podas, mesmo mais drásticas. Além disso, na primavera fica com uma floração branca, de odor muito agradável e depois, no outono, ostenta os seus frutos negros. 

Assim que consegui identificar esta planta que me nasceu espontaneamente no terreno, graças às sementes trazidas pela passarada do arbusto dum vizinho, fui ler um pouco mais sobre o alfeneiro, ou ligustro (que conhecia dos bonsais) e fiquei a saber que também se pode chamar alfena. E de imediato isto fez soar uma campainha porque existe uma terra, não muito longe daqui (freguesia do concelho de Valongo) que se chama precisamente Alfena. 

E será  que Alfena deve o seu nome a esta espécie de arbusto? A resposta foi imediata, pois bastou-me olhar para o brasão para ali ver dois raminhos de alfeneiro ou alfena, um de cada lado, um em flor outro com os fruto.

Não é estranho portanto que exista um arbusto Alfena / Alfeneiro / Ligustro autóctone mas que, segundo li no site Flora-On  está exclusivamente localizado em Trás-os-Montes, de nome científico Ligustrum vulgare. Os alfeneiros ou ligustros mais usados serão as espécies asiáticas, nomeadamente  o Ligustrum ovalifolium e o Ligustrum japonicum.

Há Sempre um Sapo à Espreita!

 Há sempre um sapo à espreita, seja quando vamos envasar uma planta, quando vamos retirar umas dezenas de azevinhos para vender, ou quando nos deparamos com um sapo no vaso de papiros que trouxemos da empresa!

Este sapo ficou interessadíssimo quando o pus em cima do portátil a ver as discussões políticas no Twitter!




sábado, 26 de junho de 2021

As Andorinhas Já Saem do Ninho!

 Como contei aqui, as andorinhas começaram a contruir um ninho na casa dos meus pais no ano passado. A construção ficou a meio, entretanto migraram para outras paragens e regressaram este ano. Acabaram de construir o ninho, puseram os ovos e por estes dias já estão a fazer os primeiros voos. Saem, voam umas dezenas  de metros e regressam novamente ao ninho.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Cucos e Gaios ao Entardecer

 Ontem depois de jantar decidi deitar-me à fresca no relvado. Até que comecei a ouvir o canto de uma rola e decidi ir buscar os binóculos. Chego cá fora e não vejo nenhuma rola, mas sim um pica-pau-verde que acaba de chegar, pousando num pinheiro-bravo. 


 Passado um bocado ouço o canto característico do cuco-verde mas quando observo com atenção, o que vejo é um gaio a imitar o seu canto!, e passado uns minutos ainda aparece uma outra espécie de pica-pau, o malhado--grande! Infelizmente, como já anoitecia, as fotografias não ficaram grande coisa. 

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Vespa Mamute - Megascolia maculata

Uma enorme vespa dum tamanho que eu acho que nunca tinha visto tomava banho na flor da alcachofra. Podia-se confundir com uma vespa asiática, por causa do tamanho, mas a vespa velutina é toda preta, não tem nem a cabeça amarela nem aquelas quatro grandes marcas amarelas. Trata-se da Vespa mamute, uma das maiores vespas da Europa, que, como se pode ver, até é bastante tranquila. E por ali ficou a nanhar-se no pólen da flor, pelo menos uns quinze minutos, o tempo que por ali estive a abservá-la.  



Gafanhoto nas Suculentas


domingo, 20 de junho de 2021

Um Ouriço Preso no Pátio

 A minha mãe telefona-me e diz-me que apanhou um ouriço-cacheiro que ficou preso no pátio em frente do portão, e que só por sorte não o calcou! Então decidiu colocá-lo num recipiente para eu depois ver. 


O bicho ficou preso aqui neste patamar:


Entretanto fiz um pequeno vídeo para mostrar o amigo picudo:

As Taças Dão Muito Jeito Para Fazer Ninhos!

 Sexta-feira, dia de treino no clube. Ainda antes de começarmos a bater bolas, o meu colega chama-me a atenção do ninho que descobriu numa das muitas taças do expositor da coletividade! A janela mais alta fica entreaberta e é a oportunidade de aproveitar um objeto com a forma certa para construir um ninho, que eu suspeito que possa ser de pardal. 

Carvalho-alvarinho e o Gaio Plantador


 Continuam os carvalhos emergir no relvado. Este já tinha um bom tamanho, e, aproveitando que choveu puxei-o e ele facilmente se soltou da terra fofa. 

Não tendo grandes carvalhos perto de minha casa, a explicação que encontrou para os muitos que nascem (sobreiros também) é para os muitos gaios que por aqui andam (e que por estes dias, por exemplo, passam a vida a comer os magnórios da árvore que tenho nas traseiras da casa). 

É sabido que os gaios gostam de bolotas e que no Outono fazem provisões delas para o Inverno. Enterram muitas bolotas e depois no Inverno vão lá buscá-las para comer. Bom, talvez se esqueçam de algumas e serão essas que depois dão origem a muitos sobreiros e carvalhos. Involuntariamente o gaio é um grande plantador! 

Enquanto olhava para este carvalho-alvarinho (quercus robur), a espécie mais comum no nosso país, pensava como acho ridículo que se fale em floresta em Portugal. Se o nosso país tivesse realmente florestas, estas estariam repletas destes carvalhos (e também de sobreiros, azevinhos, azinheiras e medronheiros). O que infelizmente o nosso território tem é autênticos desertos verdes de eucaliptos, de austrálias e mimosas que são um desastre para a biodiversidade. E infelizmente o gaio faz mais pela biodiversidade que os nossos políticos. 

Para saber mais sobre o carvalho-alvarinho:

"Um facto interessante sobre esta espécie é o das bolotas apenas serem produzidas quando a árvore atinge os 40 anos, ou mais, e o seu pico de produção máxima ocorre cerca dos 120 anos de idade".

https://www.100milarvores.pt

sábado, 19 de junho de 2021

Encantador de Sardoniscas

Há fotografias que podem ser muito enganadoras. Se eu aqui deixasse só esta fotografia da suculenta, do caracol e da sardonisca, alguém que visse poderia pensar que tinham alguma ligação...


Mas a história é bem mais simples. Numa grande barrica tinha umas suculentas já há uns dias. E ao passar, olho e vejo uma sardonisca em cima duma suculenta, que ali caiu e não conseguia sair, e, ainda por cima, como choveu e acumulou água no fundo, ela teve que se manter acima da água. 

Então peguei na planta, que tinha um caracol, e a sardonisca veio junta. E ali ficou agarradinha, mas aos poucos decidiu que seria melhor trepar para a minha mão. Nunca tinha tocado num destes bichos e, devo confessar que a sensação é, como seria de esperar, de frio!




quinta-feira, 17 de junho de 2021

Prédio com Parede de Plantas no Porto

 A descer a rua do Bonjardim em direção à Praça Dom João I, deparo-me com esta fachada, que, sem ter visto em detalhe, me parece uma cobertura de plantas:

terça-feira, 15 de junho de 2021

Propagar Bambu por raiz: o que Correu Mal

Tinha dado conta aqui em Outubro que aproveitei a descoberta de enormes raízes de bambu a espalhar-se no terreno, para propagar. Não sei ao certo quantas estacas com três elos cortei mas devem ter sido umas vinte ou trinta. Pois a verdade é que nenhuma pegou, todas apodreceram. 

Há umas semanas, talvez um mês, comecei a ver umas pequeninas novas canas de bambu que começavam a irromper da terra, e aproveitei então para arrancar e meter em recipientes. E a diferença foi abissal. De imediato começaram a brotar.

É importante fazer as coisas como mandam as regras, mas não menos importante é a altura em que as fazemos. Já sei que, para propagar bambu por raiz, convém que seja na primavera. 

Evolução da Echeveria Mandala

Em sete meses veja-se a evolução do crescimento, parecendo agora umas autênticas couves!


Uva-de-Gato (Sedum hirsutum) em Flor no Canteiro das Suculentas


quinta-feira, 10 de junho de 2021

Em Vez de Ar Condicionado Plantemos Mais Árvores



Uma pequena experiência que fiz depois de no fim-de-semana, em Ponte de Lima ter reparado que,  ao sol, como é habitual estava imenso calor, mas debaixo da enorme alameda de plátanos estava mesmo muito fresco! 

Então experimentei o seguinte cá em casa: fui ao carro, que estava dentro da garagem, à sombra, e o termómetro indicava 33º

De seguida coloquei o termómetro ao sol, em cima do pequeno muro que delimita o espaço das tartarugas e este de imediato subiu até aos 50º

Peguei no mesmo termómetro e pousei-o debaixo da grande nespereira, que tem já uma copa assinalável e, surpresa! 28º!! 

Ou seja, a sombra de uma árvore conseguiu reduzir em à temperatura que estava na garagem! 

E é por isso que nas cidades deveriam ser plantadas muitas mais árvores, e estas deveriam ser respeitadas. Plantar árvores baixa significativamente a temperatura das selvas de pedra. A sombra de uma árvore é muito mais fresca que a sombra de um tolde, guarda-sol ou qualquer outra estrutura, porque, como sabemos quando chegamos a casa ao fim do dia, os materiais absorvem e depois libertam o calor. E basta pensar que as árvores absorvem água pelas raízes e depois esta é parcialmente devolvida à atmosfera sob forma de vapor de água através das folhas, criando uma frescura ao seu redor uma frescura natural. 

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Proteger Cebolas com Estacas de Framboeseira Não Foi lá Muito Boa Ideia!

 A minha mãe tinha podado a framboeseira e deixado as estacas de lado. O meu padrasto, na ideia de tentar impedir que os gatos ali se deitassem, resolveu espetar as estacas junto das cebolas. Resultado: Uma rima de novas framboeseiras!

A Natureza Detesta o Vazio (2)

 Enquanto estava na esplanada do restaurante "A Muralha" em Ponte de Lima depois de ter visitado o festival de jardins reparo como crescem diversas figueiras por entre as frinchas dos blocos de granito da muralha. Fantástico!


Dois Ninhos no Telhado

 Cá em casa dos meus pais o canto da passarada é permanente, especialmente com o canto dos pardais que tomaram de assalto as chaminés. Mas além disso ouvem-se também, entre outros, melros, chapins, piscos, gaios, rolas e andorinhas e algumas aves de rapina.

No ano passado dei conta de que  as andorinhas tinham cá começado um ninho. Pois bem, para meu espanto elas (e quando digo elas refiro-me ao grupo e não só ao macho e fêmea) iniciaram simplesmente a construção com lama mas deixaram o ninho a meio antes de migrarem para outras paragens. Entretanto um ano depois regressaram e acabaram a construção do ninho, que ficou quase totalmente fechado, deixando só uma pequenina abertura para entrarem e saírem.

Este ninho das andorinhas está virado a sul. Já virado a poente, e aproveitando um pequeno buraco onde outrora esteve um tubo, os pardais ali fazem o seu ninho todos os anos. 

Ontem consegui esta imagem insólita. O pardal macho em cima do telhado a espreitar o ninho das andorinhas que andavam avidamente a alimentar as crias! As andorinhas são mesmo muito rápida, no máximo em dois segundos alimentam as crias e saem do ninho e já outra andorinha vem com o seu alimento para repetir o processo. Foi tudo tão rápido, que só ao ver a fotografia me apercebi que apanhei as duas andorinhas!


Quanto aos pardais eles têm um comportamento completamente diferente do espírito comunitário das andorinhas. Os pardais são mais conservadores e territoriais. O macho passa a vida a cantar e quem alimenta as crias é a fêmea:



Entretanto estarei atento ao que irá acontecendo às crias e cá darei notícias se for o caso. 

terça-feira, 8 de junho de 2021

Festival de Jardins de Ponte de Lima 2021

Depois de um ano sem festival de jardins, está de regresso o festival de Ponte de Lima com a sua 16 edição. Este fim-de-semana passei por lá, com máscara e limite de pessoas em cada jardim. Apesar de tudo o que não falatava por lá era gente, especialmente espanhóis. 

O tema deste ano é "As religiões nos Jardins" e  aqui ficam os onze jardins a concurso:


1 - OLHO DE DEUS / POLÓNIA

A união da natureza e da alma remove o véu da ignorância que cobre a nossa inteligência, disse uma vez um homem sábio. Ao entrar no abrigo no meio do jardim, todos podem ver o reflexo do ambiente: o céu, as pessoas que estão ao redor, mas também ele ou ela mesma. Ou talvez haja uma partícula divina escondida em cada um de nós? Sente-se e olhe para fora através dos buracos nas paredes e inspire-se. Pode respirar e libertar a sua mente.

Todos os elementos arquitetónicos são feitos de madeira – os visitantes entram no jardim através do caminho de boas vindas com um lancil de madeira. Podem encaminhar-se para o pavilhão com as paredes abertas e sentar-se no banco que tem uma inscrição gravada – o lema do jardim. O abrigo tem uma abertura no topo, através da qual o céu é visível.

2 - JARDIM DE OSÍRIS / PORTUGAL

Os jardins egípcios são dos mais antigos que conhecemos, datam do ano 2000 a.c. e estavam presentes em todas as casas. Estes jardins eram espaços protegidos entre muros, organizados em torno de uma ou mais piscinas que serviam de reservatório de água para a rega e muitas vezes viveiros de peixes. Por vezes tinham pequenas cascatas ou repuxos de água para refrescar as casas devido ao clima quente e árido.

Eram um símbolo de fertilidade, sintetizando as forças da natureza e eram a imagem de uma sistema racional e arquitetural baseado no monoteísmo. Este foi o modelo de jardim que exerceu maior influência nos jardins ocidentais.

Osíris era o mais importante Deus de todo o império antigo. No início do seu culto, era a deificação da força do solo, que faz a vegetação crescer. O crescimento da representação de Osíris na cultura religiosa do antigo Egipto foi monumental ao ponto de substituir o culto solar.


3 - CAIXA DE PANDORA / ITÁLIA

A caixa de Pandora pode ser comparada à árvore da qual Adão e Eva comeram o fruto proibido, renunciando para sempre ao Éden. Zeus havia confiado a caixa a Pandora, dizendo-lhe para deixá-la sempre fechada. Porém, motivada pela curiosidade, Pandora desobedeceu a Zeus e, abrindo a caixa, libertou todo o mal do mundo. Antes de a caixa ser aberta, assim como para Adão e Eva, a humanidade vivia livre do mal, do trabalho e da discriminação: os homens eram imortais como os deuses. Depois de abrir a caixa de Pandora, o mundo tornou-se um lugar desolado, escuro e inóspito.

Durante a Idade Média, também chamada de “Idade das Trevas”, os únicos a cuidar dos jardins eram os monges, que fechados dentro das paredes das suas abadias e mosteiros, criaram com o Hortus Conclusus o paraíso terrestre descrito na Escritura. O Hortus Conclusus, nas descrições literárias e na iconografia do tempo, é um jardim protegido por um muro alto, separado por ele do mundo exterior, santificado por uma fronteira inviolável: fora o mundo físico e tangível, dentro o divino, o sobre-humano.

O projeto visa recriar essa dicotomia: cinco paredes, símbolo das cinco religiões mais professadas no mundo (Cristianismo, Islamismo, Budismo, Hinduísmo, Religião Tradicional Chinesa) configuram-se como protetores e guardiães do que permaneceu no fundo da caixa de Pandora: ter esperança.

A esperança de um lugar melhor, além do mundo terreno, para recriar aquele jardim prometido a homens bons e sábios por muitas religiões.


4 - TERRAMOTO DO DIA DE TODOS OS SANTOS / ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA


A 1 de novembro de 1755, enquanto muitos se encontravam nas igrejas, o terremoto do Dia de Todos os Santos sacudiu a capital de Portugal, Lisboa. A cidade foi destruída e as pessoas que sobreviveram ficaram com medo.

Enquanto alguns encontraram consolo na religião, outros começaram a questionar a visão bíblica do mundo e a procurar respostas distintas. O terremoto impulsionou a época tecnológica e intelectual, a Era da Razão.

Durante esse período, as ciências e as humanidades floresceram. Um exemplo disso é a “gaiola pombalina”, uma estrutura anti-sísmica de madeira usada na reconstrução dos edifícios destruídos de Lisboa. Este jardim “Terramoto do Dia de Todos os Santos” fala-nos sobre o antagonismo entre religião e razão. Baseadas na geometria cruzada, as estruturas com colunas inclinadas colocadas no seu interior simbolizam a religião, enquanto as estruturas baseadas na geometria da “gaiola pombalina” com colunas retas representam a razão. O debate entre religião e razão aparece-nos nas áreas de plantações separadas e nos blocos de pedra espalhados aleatoriamente, representando o movimento das placas tectônicas durante um terremoto e as ruínas que se formam posteriormente.


5 - SANTUÁRIO DA INVULNERABILIDADE

SANTUÁRIO da INVULNERABILIDADE é um esconderijo sagrado de ritual e proteção divina, um lugar salvaguardado para a alma, para estar consigo mesmo, seguro e imperturbado.

Cada vida é uma jornada. Estamos em constante busca de nós próprios, as escolhas certas, o caminho certo, a nossa conexão com um poder superior e o mais importante: SEGURANÇA. Desejamos, acima de tudo, o sentido de proteção na nossa vida.

Em todas as religiões existe um elemento comum: ÁGUA. Mais importante ainda, em cada religião tem um significado especial. Com este jardim procuramos apreender a sua essência e mostrá-la como a vemos: o elemento essencial da vida, um líquido purificador, uma superfície transparente onde se pode ver o seu reflexo, como num espelho.

Neste jardim, a água representa um desafio constante, como as lutas da vida, mas à medida que se percorre o caminho, encontra-se a promessa e a esperança em forma de pétalas, que nos lembram continuamente que vale a pena assumir a ESPIRAL DA VIDA.

Neste percurso, somos permanentemente atraídos para o centro, por uma espécie de gravidade enfatizada na forma espiral ,no sentido horário.



6 - A PROCURA

Nas nossas vidas, estamos sempre a caminho de algum lugar. Talvez à procura de algo. Mas o que é isso exatamente? Este é um mundo diverso, com muitas culturas, religiões e estilos de vida diferentes - mas todos temos algo em comum.

Procuramos o local / comunidade onde nos possamos sentir em casa. Portanto, seja o que for que estejamos à procura: religião, amor, futebol ou música, encontraremos assim uma comunidade.

Este jardim é uma homenagem a quem continua a procurar e a quem o encontra. Este jardim convida-o a entrar num labirinto - um labirinto que simboliza que às vezes pode demorar para encontrar o que deseja, o que não é necessariamente fácil.

Mas no meio da selva de caminhos a percorrer, é possível encontrar o que procura. E encontrará a sua comunidade ao percorrê-lo.


7 - PEREGRINAÇÃO / INGLATERRA

Bem-vindos, peregrinos. Viagem pelo jardim da vida. Cheio de múltiplas contradições. Escuro e claro. Crença e dúvida. Nascimento e morte. Através de um pequeno portal - uma porta emoldurada. Um começo. Um ventre. Depois uma fonte simbólica de pedra. Uma sensação de antecipação. Tu és atraído pela luz. Para o desconhecido.

Navegue pelo caminho sinuoso em busca de ti mesmo. Procura um espaço de contemplação e reflexão; verdade e iluminação. A própria vida liga das trevas à luz e às trevas de volta à luz. E por aí fora. Interligado. Translúcido. Trevas e luz. A tua caminhada é a busca por um momento sagrado de verdade pessoal. Uma conexão com o espírito do lugar.

Um espaço de contemplação é marcado por uma torre e um santuário - uma escultura de aço e uma estrutura de pedra - símbolos de pureza e simplicidade, forma e espaço. Expressões de certeza, integridade e interconexão. A torre alcança os céus e representa as tuas orações; as tuas esperanças e sonhos.

Uma estrutura simples de granito e metal - talvez um templo, uma casa ou o paraíso - oferece tranquilidade e descanso à sombra das trepadeiras. A luz dança na superfície de uma piscina radiosa, as sombras tremeluzem alegremente com os espíritos brilhantes e reluzentes. Um salpico de cor é um eco das antigas tradições de oração. Tu estás exaltado. Limpo. Iluminado.


Tu meditas. Tu até podes acreditar. Toda a vida aqui está interligada, neste pequeno santuário. Uma catedral do espírito humano. Para o teu e o meu. Para a natureza. Para a memória. Para a fé. Para a esperança e confiança. Para a humanidade. Para os elementos. Para a terra. Para os céus. E além...


8 - Jardim do Diálogo / Espanha e República Checa

O nosso jardim representa um símbolo de diálogo e respeito mútuo entre as diferentes religiões do mundo. Nos tempos atuais, devemos concentrar-nos mais nos valores que temos em comum do que nas diferenças. Temos muito mais semelhanças do que diferenças e, muitas vezes, concentramo-nos mais nas coisas que são diferentes hoje em dia. O propósito deste jardim é facilitar o encontro de semelhanças, pensar sobre elas e talvez iniciar um diálogo. Ao mesmo tempo, pretende estimular a tolerância. Não são as nossas diferenças que nos dividem, é a nossa incapacidade de reconhecer, aceitar e abraçar essas diferenças.

O jardim é dividido em 7 espaços separados que representam as 7 religiões mais amplamente difundidas em todo o mundo. Pode visitar o jardim islâmico, o jardim cristão, o jardim judeu, o jardim do taoismo, o jardim hindu, o jardim budista e o jardim étnico. Os jardins individuais são simplificações destinadas a cada projeto de jardim específico. Na realidade, cada estilo é muito mais complexo, no entanto, usamos apenas os símbolos principais, elementos básicos e vegetação única para demonstrar os diferentes estilos.

Existem paredes feitas de estacas de madeira que separam cada jardim. A característica importante é que essas paredes estão incompletas, de modo que os jardins não ficam estritamente separados. Isto pretende simbolizar as idéias e valores comuns compartilhados entre as diferentes religiões.

A parte central de todo o desenho deste jardim mostra um elemento que todas as religiões tinham ou têm em comum. A árvore sagrada. Podemos encontrar árvores sagradas em todo o mundo. Existem árvores que representam o símbolo da vida e também o símbolo da conexão entre Deus (Natureza) e um ser humano. Essas árvores foram elogiadas por seus aspectos espirituais, místicos e bioenergéticos. E também, havia a Árvore do Éden. Existem diferentes espécies de árvores sagradas, mas para o nosso jardim, escolhemos uma oliveira como símbolo de paz.

Outro elemento compartilhado por diferentes religiões é o local de contemplação sobre Deus. Cada jardim é composto por um local para sentar e pensar (orar) ou apenas relaxar com vista para a oliveira (paz). Cada estilo de jardim tem uma forma diferente de sentar que reflete os costumes culturais específicos. O uso de plantas não é aleatório. Algumas plantas e árvores têm significados simbólicos muito fortes. As diferentes condições climáticas para cada estilo de jardim também afetam a seleção das plantas.

Para colocar mais ênfase em todos esses pensamentos, ideias e símbolos, a combinação de duas cores foi escolhida. O azul como símbolo de profundidade e lealdade e o branco como símbolo de espiritualidade e compreensão. Ambas as cores também têm outros significados, a primeira representa o céu, enquanto a última representa a fé.

10 - Jardim da Vida / Polónia

A Religião é um sistema sócio-cultural de determinados comportamentos e práticas, moralidades, visões do mundo, textos, profecias e éticas que relacionam a humanidade com elementos sobrenaturais, transcendentes ou espirituais, ou somente Deus nos livros sagrados ou na Grécia Antiga as lendas dos Deuses.

A Religião é também a crença e a adoração de um poder de controlo sobre-humano, o Deus ou Deuses, já que hoje em dia ninguém pode provar a verdade de qualquer religião porque não estamos na era dos milagres. Pode-se praticar a religião em muitos lugares, numa mesquita, numa igreja, num templo ou num jardim. Pode simplesmente sentar-se num jardim e olhar ao redor e de certa forma meditar e questionar o mundo e o universo no sentido do relacionamento com a própria religião.

O Jardim da Vida é a representação do início da vida. As primeiras pessoas e o primeiro pecado. A ideia do Jardim da Vida é mostrar a vida do ser humano na perspectiva das boas e más decisões. Como base temos a história de Adão e Eva do Éden. A macieira representa a árvore da vida e ao mesmo tempo um pecado. Dois caminhos simbolizam o “mau” e “bom”. O “mau caminho” passa pela árvore e termina com um espelho para ver o seu reflexo e pensar no que fez.

Já o “bom caminho” tem uma forma circular para que se possa dar a volta à cúpula e, assim, ver a beleza da árvore, sentar-se nos bancos, olhar para o céu, aproveitar o sol e até passar pelo “caminho do mal”, mas pretende-se que se saia do jardim realizado e satisfeito com a jornada.


A Cúpula representa duas coisas: o paraíso, que é a área dentro dela; a Terra que é a forma exterior, onde encontramos sete entradas simbolizando os Portões de Jerusalém ou no Islamismo “Os sete níveis do céu que levam ao paraíso”.


11 - LA CHAPELLE / ESPANHA

Dizem que num lugar inóspito o solo foi fraturado. Do seu interior proveio a cinza, subindo em direção ao céu quando um rugido quente foi ouvido. Na sua subida, as cinzas dançando ao ritmo do vento, formaram um belo jardim colorido por uma luz cintilante. Ao mesmo tempo que o rugido se transformava em cálidas harmonias, moldavam-se as formas e cores emergentes.

Desde então, esse lugar é sagrado.

Como ideia de concepção de jardim, procurou-se uma imagem que fosse profunda e flexível o suficiente para que qualquer observador pudesse compreender o seu significado e enriquecê-lo com a sua própria experiência. Assim, neste breve texto estão implícitos alguns dos conceitos sobre os quais o ser humano tem refletido através da religião desde a sua origem, no momento em que toma consciência de sua própria existência.

A paisagem sempre fez parte da religião, tanto na sua dimensão espacial externa tanto como parte de um ambiente floral efêmero dentro de um templo. A Sua beleza, em muitas ocasiões, ultrapassa-nos e, assim, faz-nos passar do meramente contemplativo ao transcendente. Nesta proposta, o jardim é dividido em duas áreas separadas por duas cercas semicirculares, com postes de madeira de pinho cravados no solo, as quais estão ligadas por um caminho envolvente.


Gera-se assim um espaço interior côncavo e protegido, origem de La Chapelle e outro exterior, que serve de átrio de chegada ou de espera. De uma paisagem para contemplação, passa-se a outra para transcendência. O espaço La Chapelle é um lugar reservado à transcendência. No centro está um depósito embutido no solo, dentro do qual há cinzas. A partir dele surgem vasos horizontais e verticais ajardinados com plantas de diferentes variedades, com e sem flores.

La Chapelle é um espaço sagrado que responde à ideia de vida após a morte; um belo jardim que nasce e transcende o tempo em movimento contínuo e harmonioso, que nos envolve, transporta e nos acompanha para sempre com sua luz e sua cor.


12 - JARDIM RELIGARE / BRASIL E PORTUGAL

A escultura e o jardim.

Um jardim com seixos de pedras entrecortado por nichos de vegetações que tem como objeto ornamental atravessando todo o perímetro uma instalação artística uma escultura de 20 metros por 1.20 mts largura e 3.10 mts de altura. representando A serpente Boitatá entidade protetora da natureza nas religiões e folclores dos povos da Amazônia. Esta escultura produzida dentro dos conceitos da eco arte é apoiada nas políticas éticas dos 5R (Reduzir, Reciclar, Reutilizar, Recuperar e Reintegrar).

A enorme escultura em forma de serpente,é confeccionada com resíduos sólidos de tecnologia (sucatas) restos de cabos electro eletrônicos,de computadores, e o corpo da escultura revestido com teclados de computadores criando a ilusão óptica de escamas . No seu interior estão plantadas mudas de vegetação que germinadas dão outra textura e cor à escultura da serpente, criando a ilusão de mudança de pele da cobra.

Assim como a natureza, a escultura em forma de serpente terá mudanças imagéticas de acordo com as estações do ano. Porquê uma serpente: Elegemos o ícone da serpente como elemento unificador entre religiosidade e natureza. A Sua representação é utilizada como símbolo de religiões, possuindo vários significados e aparecendo em diversas simbologias.

A serpente ou a cobra tem sido um símbolo de sabedoria, eternidade, cura, mistério, poder mágico, e santidade pela maior parte do mundo. O Seu símbolo até hoje é utilizado na medicina, e outras profissões de cura. A Serpente foi venerada na antiga Babilônia, México, Egito, bem como em diversas civilizações em diferentes períodos da humanidade. Em toda a linguagem mitológica a serpente é também um emblema da imortalidade. A Sua representação do infinito com a sua cauda na sua boca (Ouroboros), e a constante renovação de sua pele e vigor, tornam vivos os símbolos da juventude continuada e eternidade.

A importância da Serpente (cobra) para o meio ambiente: Na natureza, a cobra - nome popular dado às serpentes - tem uma grande importância ambiental, pois sinaliza problemas nos seus habitats. Sendo animais pecilotérmicos (que têm sangue frio, e não mantêm a temperatura corporal), são muito sensíveis às mudanças climáticas e a quaisquer alterações que ocorram em seus habitats. Como todos os outros animais, as cobras também são de suma importância para o equilíbrio do ecossistema!


Como é habitual, o jardim vencedor fica patente no ano seguinte, por isso o jardim nº é o "Jardim Vertigem (Ir)reversivel de 2019.

O festival de jardins estará aberto até ao final de Outubro de 2021 e a entrada tem um custo simbólico de 1€. 

Está Assim o Meu Jardim

 Depois de muitas horas investidas a aparar a sebe de hera, primeiro do lado da rua, depois da parte de dentro, e, o pior, por cima, porque se não for sendo cortada, todos os anos se amontoam uns vinte centímetros de nova ramagem a fazer peso, e já estamos a falar de quase cem metros de sebe, e depois de mais algum tempo a fazer contornos com paralelos e cubos de granito que vou encontrando abandonados, e do relvado aparado, eis que o jardim, na parte da frente da casa se encontra assim:





Cuidar dum jardim implica uma quase atenção diária, como quem arruma a casa e aspira o pó. Como por estes dias tem tido bastante tempo livre, tenho-o aplicado a fazer o que gosto.