domingo, 25 de fevereiro de 2024

Euphorbia: do Vaso para a Terra

Esta minha Euphorbia trigona rubra que tinha neste vaso alto junto à garagem estavam muito grande e era evidente para mim que as raízes já tinham tomado conta da terra toda. Decidi então que tinha de retirar o cato dali e transplantá-lo para outro sítio. Tombei o vaso e facilmente consegui retirar um torrão direitinho. 

Coloquei a planta no carro de mão e levei-o para o outro lado da casa, do lado do vizinho para colocar nessa pequena faixa de terreno, entre o lilaseiro e outro cato que já lá estava e onde estão também a cyca e o feto arboreo. 

O cato é bastante frágil e, no transporte acabaram por se partir duas pontas dos canos maiores, que guardei e coloquei num vaso. Tratei de abrir a cova e colocar lá o cato, e arranjei também umas estacas que fui buscar ao monte para servir de tutores. 

Bom, não foi tudo perfeito, mas foi o possível atendendo a dimensão e a fragilidade da planta. Ficou no sítio, agora basta esperar que comece a agarra-se à terra e a puxar novos rebentos. 

O pior foi no dia seguinte! Acordo, vejo-me ao espelho, e tinha a cara do lado esquerdo toda vermelha bem como o próprio olho esquerdo todo vermelho. O que é que aconteceu? O problema foi o cato ter partido as pontas e começado a segregar aquela substância branca leitosa e eu ter andado a fazer o trabalho sem luvas e sem cuidado nenhum! Portanto, já sabem, cuidadinhos com os catos porque o problema não são só os picos!




Uma Bela Poda no Azevinho variegata



Mais uma vez esqueci-me do antes. Quando tirei as primeiras fotografias já tinha dado um grande desbaste no azevinho variegata e bastava aparar a parte mais alta. Foi no início do mês que num fim de semana ocupei-me desta tarefa. Comecei por podar por baixo e depois fui subindo. Não está completamente perfeito mas acho que não ficou muito mal. Optei por manter esta estética cónica natural. Com o desbaste há ali uma zona que ficou despida de folhas, e reparei até que havia muitas pontas secas. Espero que depois da poda ele possa regenerar e as folhas voltem a aparecer. 

sábado, 10 de fevereiro de 2024

O Grande Polinizador Contra-ataca

Ainda recentemente deixei aqui artigos alarmantes sobre as consequências da queda abrupta dos polinizadores. Agora resolvi partilhar aqui a experiência de Monty Don publicada no último número da revista Gardeners' World:



"Ainda não é demasiado tarde. Algo que todos nós podemos fazer é tornar os nossos jardins, por mais pequenos que sejam, num refúgio para a vida selvagem de todos os tipos.

Se és um inseto em busca de alimento, Longmeadow parece ser o local ideal. E isso, para além de quaisquer elogios dos espetadores, visitantes ou especialistas, é a melhor medida do nosso jardim.

Adoro ouvir as abelhas enquanto ávidas fazem o seu trabalho, recolhendo pólen e néctar. As colmeias estão no pomar, para que as abelhas não tenham que viajar muito para encontrar comida, mas há centenas - não, milhares - de diferentes tipos de insetos por todo o jardim, alimentando-se ativamente e polinizando as minhas plantas.

Não é apenas bonito de se ver - proporciona-me a mim e à minha família um prazer ilimitado, que sei que muitos de vocês partilham. Mas isso é nada comparado com o som de todos esses insetos ocupados a fazer o seu trabalho salvador de vidas.

Não são apenas as suas vidas que estão a salvar - embora esteja certo de que, se a consciência fizesse parte da sua composição, estariam focados exclusivamente na sua própria existência. Mas, como os estudos têm demonstrado, as nossas populações de insetos estão desesperadamente reduzidas.

De volta à vida.

A agricultura tem passado os últimos 75 anos ou mais focada na produção máxima e no lucro à custa do ambiente. Os nossos quintais estão a tornar-se no último bastião para demasiadas criaturas. Nem todas estas criaturas são glamorosas, mas cada uma é importante. Estamos a chegar a um ponto de crise e nós (ou seja, tu, eu, cada um de nós) temos de assumir este problema e ser parte da solução. Porque, para além de desejar uma gama tão diversificada de vida neste planeta quanto possível, não teremos os cultivos alimentares de que os humanos precisam para sobreviver sem estes insetos polinizadores. É tão simples e crítico como isso.

Isto não acontecerá da noite para o dia. Não verás as prateleiras dos supermercados vazias de repente na próxima semana porque a população de abelhas na Califórnia se tornou perigosamente baixa - o que aconteceu. Mas estas coisas avançam e acumulam-se até se tornarem numa crise, quando todos dizem "algo tem de ser feito" - e aí já é tarde demais.

Mas ainda não é tarde demais. Algo que todos podemos fazer é tornar os nossos jardins, por mais pequenos que sejam, um refúgio para a vida selvagem de todos os tipos. É fácil e bonito e garante que o teu jardim será muito, muito mais saudável como resultado.

Penso que é um erro focar-se demasiado estreitamente num grupo específico de criaturas selvagens preferidas, sejam abelhas, ouriços, tritões ou pássaros. A natureza não funciona assim e nem o teu jardim. Tudo está ligado e, ao abraçar o equilíbrio da natureza, podes beneficiar tudo simultaneamente.

Passei as últimas três décadas em Longmeadow a tentar fornecer as melhores condições para que esse equilíbrio se estabeleça e floresça face a todas as estações, climas e circunstâncias. Algumas dessas foram específicas e o resto mais um conjunto de atitudes e abordagens sobre como gerir e cuidar do jardim. O específico inclui áreas como o Jardim da Vida Selvagem (a pista está no nome), que eu deliberadamente permito que se torne o mais "selvagem" possível sem perder o que considero ser o seu charme hortícola. Estas coisas são subjetivas, mas criei-o para ser um refúgio interno no coração do que já é um jardim muito amigo da vida selvagem.

Também foi criado para fornecer uma boa fonte de néctar para as duas colmeias que adquiri, cada uma com 10.000 abelhas, que agora residem em duas colmeias no pomar. Do amanhecer ao anoitecer, há uma constante procissão de abelhas saindo para forragear no jardim e outras retornando carregadas de néctar. Fui orientado nisso por um apicultor local sábio e encantador, que me vai supervisionar durante o próximo ano ou mais, até que eu tenha aprendido o básico da apicultura.

O plantio para as abelhas baseia-se no conhecimento de que as abelhas sempre vão preferir um suprimento de néctar antes de passarem para outra fonte. As abelhas são ávidas e obcecadas. Elas vão se banquetear quase exclusivamente numa flor escolhida - como a flor de maçã - antes que ela desapareça por um ano e elas mudem. Portanto, plantas com um longo período de floração e uma sucessão de flores são melhores para elas do que uma colheita curta e espetacular. Estas são frequentemente simples e muito comuns - margaridas, centáureas e todas as formas de escabiosa são firmes preferidas das abelhas.

"Monty on planting for pollinators" | Gardeners’ World | Janeiro 2024

Os Agricultores Vão Continuar a Matar-nos e a Matar os Polinizadores

 Os agricultores europeus, organizados pela extrema-direita de Viktor Órban, andaram semanas a manifestar-se. Entretanto os portugueses, que nunca se tinham queixado de nada, decidiram, precisamente agora, que estamos sem parlamento e com um governo de gestão e sem capacidade ou até legitimidade negocial, de se manifestar também e mostrando assim assim a sua face.

E entretanto a UE, para que os meninos agricultores fascistas não fiquem zangados, resolveu voltar com a palavra atrás e, depois dos partidos de direita terem conseguido prolongar por mais dez anos a utilização do glifosato (herbicida) coloca-se agora um travão no uso sustentável dos pesticidas. 

Se cedemos às exigências da extrema-direita, estamos a ser governados pela extrema-direita. Esta não é, definitivamente, a minha União Europeia.