domingo, 30 de junho de 2019

Novo Contentor para Resíduos Verdes


Há não muito tempo que comecei a reparar nuns novos contentores, ao lado dos contentores para o lixo comum. São contentores verdes na cor, que se destinam a que as pessoas lá coloquem os restos de jardinagem, nomeadamente restos de podas, relva, ervas, flores, etc. Segundo as indicações, não se pode colocar nada com terra ou pedras, vasos, madeiras tratadas, varredura de areia ou restos de palmeiras. 

Esta parece-me uma excelente ideia da LIPOR, empresa que faz a gestão dos resíduos dos municípios do Porto. Por um lado temos ali à disposição um contentor específico para este tipo de resíduo que assim não vai para aterro sanitário, por outro, estamos a ajudar para se produzir adubo orgânico. 

Agora é preciso é que haja sensibilização, que nunca é demais, para que as pessoas usem os contentores devidamente, e que não coloquem lá lixo, e já ouvi relatos que até fraldas encontraram nestes contentores. 


Ecopista da Linha do Tâmega: Celorico de Basto - Arco de Baúlhe

Este sábado juntei-me aos meus amigos para fazer a Ecopista do Tâmega, o troço Celorico de Basto até Arco de Baúlhe (ida e volta) com cerca de trinta e cinco quilómetros. Na semana anterior já eles tinhas feito a primeira etapa que começa em Amarante. No entanto, é perfeitamente possível, claro, consoante a disponibilidade física de cada um, fazer numa manhã ou tarde, e se calhar com algumas paragens, até para se tirar umas fotografias à paisagem, fazer Amarante - Arco de Baúlhe e regressar a Amarante, visto que no total são menos de 80Km.

O percurso faz-se muito bem, o piso é excelente, e a paisagem é muito agradável, umas vezes com vista para o Tâmega e Monte Farinha lá ao longe, outras vezes com vista para campos de cultivo e vinhas, e visto que o percurso era a antiga linha de comboio, após alguns quilómetros a pedalar, podemos parar e ver as antigas estações de Mondim de Basto, Canedo de Basto e, no fim, Arco de Baúlhe. 





Ao longe o Monte Farinha

Rio Tâmega



















Foi um passeio muito agradável, num dia bonito de verão, e pelo caminho ainda encontramos um pequeno passarinho que parece que tinha saído do ninho há pouco tempo, e no regresso, um burro, que parece que me queria morder quando lhe fazia festinhas!

Fazer a Ecopista do Tâmega é também lembrar outros tempos, que nem são tão distantes assim.  Lembrar antigas estações de comboio, lindíssimos painéis de azulejos, num tempo em que, como dizia o meu amigo, em que se faziam coisas realmente bem feitas, com arte, demorasse o tempo que fosse preciso. E é uma dor de alma ver azulejos arrancados, estações vandalizadas e vestígios de humanos que fazem das obras do passado a sua latrina ou refúgio para aventuras sexuais. 

Olhar estas antigas estações é também lembrar um tempo em que antigos trabalhadores cuidavam com grande empenho, e certamente com orgulho, dos jardins que embelezavam as estações. Aliás, no tempo do Estado Novo (tempos da ditadura de Salazar) existia até o Concurso das Estações Floridas. E não deixa de ser irónico e de lamentar que, hoje, apesar de felizmente vivermos num tempo de democracia, se deixe os pedaços da nossa história ao abandono e a cair aos bocados, e por outro lado, que as nossas estações de comboios, as que são usadas diariamente por milhares de pessoas, estejam cheias de ervas e ao abandono ou então que se prefira cimentar tudo. 

Por último referir que na estação de Arco de Baúlhe, quem pretender pode visitar o Museu Ferroviário. Infelizmente nós não o pudemos fazer porque quando chegamos já estava quase na hora do encerramento. 


O Homem Abandona - A Natureza Toma Conta (20)

Tínhamos encostado as bicicletas junto a um Renault Laguna que estava ao lado de outros dois carros abandonados num parque de estacionamento (se calhar é mais Parque de Abandonamento!). E de repente começo a ver vespas a pousar na mala do carro, e se vespas estão interessadas num carro, certamente que não é para apreciar a máquina! Só poderia significar uma coisa: já o ocuparam! E bastou prestar um pouco de atenção para perceber por onde entravam e onde estava escondido o seu ninho. 







Por este simples exemplo podemos perceber como podemos fazer muito pelos polinizadores. Se lhes fornecermos abrigo eles usá-los-ão, ainda que, neste caso, não se pretende que as pessoas abandonem os carros em parques de estacionamento, até porque é proibido, mas sim fazer coisas deste género:



segunda-feira, 24 de junho de 2019

Estados Unidos do Plástico ou O Segredo Sujo da America


O Guardian publicou uma grande reportagem mostrando o que é que os Estados Unidos fazem com as 34,5 milhões de toneladas de plástico. Aconselho a todos que dêem uma vista de olhos porque é levar com a realidade do capitalismo selvagem nos olhos. 

O que é que acontece ao plástico quando qualquer americano o coloca no lixo? Segundo a propaganda é levado para uma fábrica e transformado noutra coisa qualquer. Mas será mesmo assim? Nem por sombras!

Centenas de milhares de toneladas de plástico são literalmente metidas em contentores e enviadas para serem tratadas em diversos países em desenvolvimento, onde a mão-de-obra é barata, e onde nem mesmo esses países têm capacidade de tratar os seus próprios resíduos, e aumentando assim ainda mais a pegada ecológica dos americanos e colocando uma enorme pressão nos países de destino até porque, entre 20% e 70% dos resíduos de plástico não podem ser reciclados. 

Curiosamente, e tendo em conta as recentes preocupações em torno do plástico, devido à contaminação dos oceanos, no passado mês 187 países assinaram um tratado dando o poder de bloquear a importação de lixo plástico contaminado ou de difícil reciclagem. Alguns países não assinaram. Querem saber quem também não assinou esse tratado? Precisamente: os Estados Unidos da América!

E para onde é que os Estados Unidos enviam o seu lixo que eles mesmo deveriam tratar?


Os Estados Unidos enviam enormes quantidades de plástico, e depois, nas cidades dos países de destino origina o seguinte. Nas Filipinas, cerca de 120 contentores chegam por mês a Manila e a uma zona industrial na antiga base militar americana de Subic Bay. Do porto de Manila, registos de embarque e documentos alfandegários filipinos mostram que, parte do plástico americano foi transportado para a cidade de Valenzuela. 

A área, na periferia da capital filipina, é conhecida como “Cidade Plástica” e os moradores estão cada vez mais preocupados com o número de fábricas de processamento que estão a ser criadas. 

"Sente o cheiro?", disse uma lojista, Helen Lota, 47 anos. "Isso não é nada. Fica muito pior à noite. É sufocante. A certas horas é muito difícil respirar. Muitos de nós aqui estão a ficar doentes. Eu tive a confirmação da tosse da minha filha no hospital. O raio-X foi claro. A tosse é  causada pelo cheiro."

Um estudo divulgado nesta primavera pelo grupo ambientalista Gaia documentou o custo humano das exportações de plásticos dos EUA nos países que as recebem. "O impacto da mudança no comércio de plástico para os países do Sudeste Asiático tem sido impressionante - abastecimento de água contaminada, morte de plantações, doenças respiratórias devido à exposição a plástico queimado e o aumento do crime organizado abundam nas áreas mais expostas à inundação de novas importações ”, constatou o relatório. 

"Esses países e seu povo estão a arcar com os custos económicos, sociais e ambientais dessa poluição, possivelmente para as próximas gerações".

O artigo é bastante extenso, muito completo e interessante. Pode e deve ser ler lido AQUI

O Homem Abandona - A Natureza Toma Conta (19)

Enquanto dava um pequeno passeio de bicicleta por Leiria deparo-me com esta casa completamente tomada por heras. Atentem bem como está o telhado e a chaminé! A casa está a ser verdadeiramente abraçada e engolida pelas heras!





domingo, 16 de junho de 2019

15º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima


No fim-de-semana passado, desloquei-me a Ponte de Lima para mais uma edição do Festival de Jardins. Era domingo, depois de almoço, a menina da bilheteira, que simpaticamente me reconheceu de anos anteriores, advertiu-me logo que a afluência de pessoas seria maior. E, de facto, tive que fugindo das pessoas, ora entrando no jardim seguinte e depois voltando atrás, para tentar conseguir fotografias sem pessoas. Acho que o consegui menos no primeiro, que percebi que será o favorito da maioria das pessoas, principalmente porque dava para tirar muitas selfies e fotos de grupo para colocar nas redes sociais.

Sobre o festival propriamente dito, o tema deste ano era "Jardins do Fim do Mundo" e as pessoas a concurso interpretaram o tema de duas formas diferentes. Uns optaram por algo escondido, longe, protegido, que era necessário descobrir para lá chegar, outros optaram por uma interpretação apocalíptica. Se eu, e isto é a minha visão, eu optaria pela primeira interpretação, do que ir por cenários de destruição e poluição já tão vistos, e ainda por cima, porque isto é um festival de Jardins, e não de sensibilização ambiental. Mas como referi, isto é a minha opinião. 

Segue então uma visita guiada aos  onze jardins a concurso. O jardim nº2 é o vencedor da edição de 2018 e, como sempre, manteve-se para o ano seguinte, para que todos possam desfrutar do jardim escolhido no ano passado, e que diga-se, foi também a minha escolha. 


1 - JARDIM DA AMIZADE (CHINA)

O Jardim da Amizade reflete um jardim rico em elementos da cultura oriental com apontamentos da cultura portuguesa. Este jardim, tem o intuito de enaltecer as relações entre Portugal e China, reconhecendo o seu valor cultural e histórico.

Dá relevo também à coragem dos Portugueses em navegar por mares desconhecidos e conhecer outros povos e também à fusão com as tradições Chinesas. Cada elemento contemplado neste jardim tem um significado histórico e cultural para os macaenses, chineses e portugueses. 

Desde a força do Dragão à fragilidade do nenúfares, a robustez dos bambus e o romantismo do tradicional pavilhão, o entretenimento agressivo dos grilos à inteligência do xangqi, o Jardim da Amizade representa o cruzamento entre duas culturas tão distantes mas por si só, tão próximas.

Com este jardim pretendemos proporcionar aos nossos visitantes um harmonioso passeio pela cultura oriental e o desfrutar dos mais simbólicos elementos desta cultura.





3 - PARAÍSO ESQUECIDO (ÁUSTRIA) 

“Paraíso Esquecido” foi desenhado por três estudantes de mestrado. Oda Halseth e Reidun Ertzeid são da Noruega e estão a estudar Arquitetura Paisagística na Universidade Norueguesa de Ciência Viva. Edward Gunn, da Inglaterra, está a estudar Planeamento e Arquitetura Paisagística na Universidade de Recursos Naturais e Ciência Viva em Vienna. A consultoria foi proporcionada pelo cientista senior Roland Wück do departamento de Arquitetura Paisagística na Universidade de Recursos Naturais e Ciência Viva em Vienna. Bem-vindo ao nosso jardim, onde podes comprar qualquer coisa para te fazer feliz e fazer a tua vida valer a pena. Temos ofertas ótimas e pechinchas em abundância, entrem aqui para terem a derradeira terapia do retalho. Temos a certeza de que os vossos guarda-roupas precisam de novas peças e de que querem uma televisão maior! Aqui temos tudo aquilo de que PRECISAM, então entrem!






4 - ATRÁS DA REFLEXÃO (REPÚBLICA CHECA)

O mundo não existe mais. Tendo sido esgotados todos os recursos, a Terra é só um descampado. Cada pequeno pedaço da terra é coberto pela densa rede fibrosa criando uma reflexão da realidade, uma ilusão do espaço para aqueles quem que sobreviveram.

Porém, mesmo essa tecnologia avançada não é perfeita. Ainda há lugares onde podem ver o mundo real – o mundo ATRÁS DA REFLEXÃO.

Na nossa proposta gostaríamos de demonstrar um possível abuso da tecnologia numa tentativa de disfarçar os problemas do mundo real. Tentamos jogar com a mente dos visitantes e mostrar-lhes o contraste entre a ilusão e a realidade, a reflexão duma realidade aparente.

Gostaríamos de perguntar aos visitantes – Quanto temos de disfarçar a realidade para simplificar os problemas ou deixar desaparecê-los? Mas há também outra pergunta – a principal: É a reflexão da realidade o que resta no final de tudo?





5 - MIRABILIA (ITÁLIA)

O projeto “Mirabilia” analisa sensações e a sua relação com a natureza. O jardim teve como inspiração duas obras do pintor francês Robert Delaunay: “Alegria da vida” e “Ritmo sem fim”. Recriamos um jardim “abstrato” que não se limita a copiar a realidade, mas que expressa a sua essência através de cores, formas e composições. A forma predominante no nosso design é o círculo que nos remete para o carácter cíclico da vida. Os dois círculos principais formam dois quadrados que estão retratados de forma a representar união. O caminho no solo reproduz simbolicamente o infinito: a Lagerstroemia indica, conhecida como “árvore de Jupiter ”, posicionada na pequena montanha adjacente, torna-se num relógio de sol que marca a passagem do tempo e das estações.








6 - UTUPIA | METARMORFOSE | DISTOPIA | UTOPIA (ALEMANHA)


Os visitantes entram no jardim e são conduzidos através das três partes diferentes do jardim.

Ao entrar no jardim, eles entram em noutro mundo - a utopia. Vistas amplas são possíveis e por causa das cores brilhantes das flores e da claridade das paredes de madeira, associações de vitalidade e facilidade vêm à mente. Um foco é na cor verde forte da relva, que espelha a terra fértil e destaca simultaneamente a pureza do canteiro de flores (branco) brilhante. Os olhos do flâneur vagam e descobrem a passagem do texto de Alice no País das Maravilhas, que decora a parede de madeira. Este muro leva-os a outra parte do jardim - fende-se através dele e permite-lhes ter diferentes impressões do espaço.

Na metamorfose - a área de transformação - as cores e formas das flores e plantas mudam. A nova experiência espacial torna-se aparente. As nuances brilhantes da utopia dão lugar a cores terrosas como laranja, marrom castanho e amarelo. Além da superfície arenosa e terrosa, as plantas têm cores fortes e quentes, que exibem vividamente a energia da transformação. Na parede de madeira laranja, os visitantes que pretendem descobrir a próxima passagem de texto do livro do país das maravilhas, antes de sua curiosidade leva-os para o seguinte - a última - parte do jardim.

Aqui na distopia, o contraste entre as partes contrárias do jardim é retomado e jogado com: o arranjo luminoso e amplo da utopia dá lugar a uma impressão espacial estreita e isolada. As plantas são de cor mais escura e mais escura (azul) do que antes. A superfície é parecida com pedra, o que contrasta com a superfície gramada orgânica relvada e macia da utopia. Na parede de madeira azul escura, há outra passagem do texto da Alice no País das Maravilhas.





7 - ASTROLABIUM (BRASIL)

Baseando-se numa estrutura inspirada na geometria do astrolábio, mas descontinuada, interrompida e aberta, com seus “dentes” –medidas do tempo e distância e, ao mesmo tempo, encaixes que nunca se encontram –, propõe-se assim uma poética do descontínuo e do imprevisto.

O Lago, na forma elíptica, representa a projeção de uma sombra da esfera sobre um plano. E, também a dinâmica da nossa própria órbita entorno do astro central, através do reflexo no espelho d’agua, lembrando-nos do quanto somos pequenos diante dessas “circunstancias” que possibilitaram a nossa existência.

No solo arenoso e ondulado, e nas ervas e flores distribuídas pelo jardim como ressurgimentos espontâneos, busca-se a ideia de desertificação – um solo exaurido pelo excesso de exploração e mal-uso dos recursos –, ao mesmo tempo em que a natureza da vida e sua biodiversidade reaparece com vitalidade e esperança.

O solo de cascalho-areia representa o deserto gerado por nós ao longo do tempo, onde coexistem estruturas desnudas, em ruínas, destituídas de significado.

As flores aparecem espontâneas e plenas de vida surgidas das ruínas desertas como um mistério a fazer a diversidade.





8 - ANTIQUUM ET AETERNUM (ESPANHA)

Mais uma vez, um estalar de energia libertou-se do centro da Terra através da sua pele, isto provocou um colapso global de dimensões apocalípticas. Foi um ato de limpeza: o ser humano dominava totalmente a terra; a época na qual se quisera proteger o planeta tinha acontecido há vários séculos e a terra sofria, convertida numa cloaca sem a presença dessa vida natural e selvagem, que durante muito tempo se tentou preservar... Milhares de anos depois, numa pequena gruta debaixo da carapaça do fóssil de uma tartaruga, tal e qual acontecera noutras ocasiões, as plantas vasculares começaram a prosperar e produzir oxigênio. Assim se inicia um novo ciclo de vida. No equilíbrio do trapézio dos tempos, Balantium apresenta um jardim que exalta uma vegetação ancestral nas sombras. Um lugar onde experienciamos profundos sentimentos na companhia de samambaias que nos oferecem um oxigênio ancestral. Um lugar onde a miragem seria a realidade; uma realidade onde se distrital de uma noite familiar, de uma conversa com os amigos ou de solitários momentos de leitura. Um lugar onde o vento e o sol se perdem no filtro da sombra e a expressão humana se suaviza.





9 - JARDIM VERTIGEM (IR)REVERSÍVEL (PORTUGAL)

Num ímpeto laicizador do juízo final, apresenta-se o Jardim • Vertigem (ir)reversível.

De simetrias curvilíneas e proporções áureas, o Jardim de biomas em transmutação (de)gradativa baliza-se entre a pureza do alfa (α) argênteo e a decadência do ómega (Ω) ferrugento, entreligadas pelo passeio pecaminoso plúmbeo e pela contracorrente purificante alva. O declive e as linhas suaves convergem para o ponto focal e elevado do Jardim, conferindo ao purgatório vertiginoso a sensação de precipício. Ascendendo-o, é-nos revelado, através da porta abissal com chaves do céu, a dicotomia premente quando restam 2 minutos para a meia-noite...

As balizas gregas aludem ao Mundo como o principiamos a conhecer e como o findamos a corromper. No percurso sinuoso, deambula-se sobre os 7 pecados do capital que compendiam as causas que aproximam perigosamente a catástrofe global, advinda das alterações climáticas e da sexta extinção em massa. Encontram-se subtérreos sendo alumiados lívida e tremulamente, como metáfora da hipocrisia em ignorar o que nos encandeia reiteradamente. No riacho serpenteante, lava-se os pecados explícitos com virtudes implícitas, especialmente daqueles que os encaram e não os recalcam.

As transmutações nos biomas ajardinados são apanágios da inépcia (α→Ω) e da esperança (α←Ω) humanas. Os biomas assemelham-se a embriões (umbilicados à dupla hélice vital), para relembrar que se está a privar de futuro o futuro de nós. Com as alterações climáticas, o Mundo e a Vida não perecerão mas desfigurar-se-ão! O que hoje é tropical irisado, amanhã poderá ser mediterrâneo perfumado; e o que é este último, poderá ser desértico sequioso. O contralateral é a crença da reversão climática, onde o hoje, quiçá depois de amanhã, voltará a hoje.


Envolto por uma atmosfera transcendental, o purgatório acolhe os incautos. Os 3 degraus elevam à porta a apontar ao céu, cujas fechaduras aludem à dicotomia angustiante abaixo: paraíso vs. inferno. Lá, no abismo, o relógio Dalíano sobre a balança da justiça pende o destino para o negrume desvitalizado. Marca 23h:58min, em acerto com o Relógio do Apocalipse, onde a meia-noite eufemiza a catástrofe global antropogénica. Mas o prato da direita está vago! Com máxima urgência onere-se-o com economia verde, circular e sustentável, ética e educação, que certamente a balança equilibrar-se-á.

A Vertigem é, afinal, Reversível!




Parodia spp.

Plectranthus scutellarioides


10 - FIM DO MUNDO, PRINCÍPIO DE TUDO (ARGENTINA)

A proposta "Fim do Mundo, Princípio de Tudo" surge com a intenção de transportar o visitante para o fim do mundo.

É um projeto reflexivo, emocional e sensorial que tem como objetivo captar a atenção, gerar dúvidas como o começo de todo o conhecimento, colocando perguntas ao visitante e provocando sensações que o movem para as coordenadas do Fim do Mundo – o princípio de tudo.

Ao começar a viagem, o caminho leva-nos a um espaço circular bem delimitado: é o ponto de partida marcado pela Rosa dos Ventos, que nos situa e orienta através dos pontos cardeais. Estes são importantes na viagem de todos os exploradores. É a partir dos pontos cardeais, (ou “a partir da rosa dos ventos”) que se começará a descobrir os paradigmas do lugar.

A jornada é lenta, sem pressa, sinuosa, o que nos ajuda a desacelerar o ritmo, permite observar e convida a sentir.

E descobriremos, com assombro, caixas-pretas. Quem olhar para dentro delas poderá ver imagens fotográficas que retratam os lugares simbólicos da região: o trem comboio, a prisão, a geleira, o glaciar, a flora e a fauna.

Seguindo o caminho, deparamo-nos com uma tela ao fundo, o cenário proposto para captar o espírito do lugar numa fotografia onde o visitante faz parte deste cenário, deste “Fim do Mundo”.

Continuamos a caminhar, invadidos pela paisagem representada pela vegetação típica destas coordenadas, com suas cores, texturas e perfumes.

Mais uma vez a caminhada depara-se com um espaço de pausa, uma instância de descanso onde um banco construído com troncos convidam-nos a olhar para o céu. Ali somos surpreendidos por Júlio Verne que nos avisa: "Não há obstáculos impossíveis, há vontades mais fortes ou mais fracas, é tudo! "








11 -  JARDIM DE ILUSÕES (PORTUGAL)

Para que mundo devemos caminhar? Como? Trabalhar o Nosso Mundo de forma a torná-lo recuperável: Sustentável; Belo; Equilibrado; Solidário com a Natureza, condenando os comportamentos desregrados e suicidas da humanidade, apenas preocupada com as actuais condições materiais da sua existência. Por razões de exercício artístico e técnico que o tema nos impõe, partimos para uma abordagem do mesmo, admitindo que o Mundo vai acabar. A Humanidade tem vindo a tomar consciência das graves consequências, que a sua má relação com a natureza, poderá, um dia, não muito distante, causar danos irreparáveis ao meio ambiente, colocando em risco definitivo a sua própria existência. Essa consciencialização está na base da alteração de alguns comportamentos e por isso acreditamos que a Humanidade optará, no momento decisivo, sem hesitação, por procurar melhorar a qualidade do ambiente indispensável à existência da vida na Terra. “JARDIM DE ILUSÕES, é uma REPRESENTAÇÃO ARTIFICIAL de dois JARDINS VERTICAIS, (duas formas escultóricas em ferro) onde coexistem inúmeras formas de uma “NATUREZA FICCIONAL” que se ocultam ou se mostram parcial e/ou totalmente – exibindo as suas cores, texturas e matéria – conforme as dinâmicas dos seus movimentos espaciais – construída em diversos materiais, como chapas de ferro, acrílicos, tubos de PVC, plásticos, cordas, objectos vários, pedras, chapas espelhadas, que ajudam à multiplicação de efeitos visuais, troncos trabalhados e materiais reciclados –que poderão rodar e/ou balançar como mobiles pelo efeito do vento dando a ILUSÃO DE “VEGETAÇÃO” EM MOVIMENTO.







12 - JARDIM SEM FIM (ITÁLIA)

A fonte que fica no centro do jardim e é o elemento principal de todo o projeto. É feito de painéis circulares concêntricos. É um exemplo de uma estrutura “futurista” (Futurismo é um movimento cultural e artístico desenvolvido na Itália no início do século XX): os painéis são pintados e sustentados por pequenos. A base é uma estrutura circular em ferro, que serve como vaso para algumas plantas. Em cima está a fonte, no centro de duas estruturas estrutura de madeira revestidas lateralmente em ferro. Água que deveria fluir dentro é apenas virtual e substituída por plantas. Estes triângulos representam o significado profundo da estrutura, simbolizando os quatro elementos: terra, água, vento e fogo. Segundo a filosofia grega, estes elementos são a causa da origem e morte do nosso planeta, em um movimento circular sem fim (daí o título). Esses 4 elementos estão resumidos no seus símbolos, que foram transformados em canteiros para se reconectarem com a natureza.





2 - JARDIM VENCEDOR 2018: JARDIM DE MICROCLIMAS (HOLANDA)

Ao percorrer o caminho do jardim, os visitantes podem conhecer e desfrutar dos seguintes microclimas: lago, rio, pântano, montanha e deserto, o monte de lenha, um sistema de filtro helófito, uma floresta autóctone, um campo de flores silvestres, uma charneca e um banho de pés na sombra. Nos dias mais quentes do verão podemos desfrutar deste banho natural de pés na sombra. É inspirado por uma tradição japonesa em locais públicos – praças, estações de comboio e parques. No Japão, os banhos de pés são centros sociais onde jovens e idosos se encontram e relaxam.