"Mas afinal como é que a água chega à floresta, ou ainda mais elementar que isso, como é que a água chega sequer às partes terrestres do planeta? Ainda que a pergunta pareça simples, responder-lhe é inicialmente tarefa difícil. Uma das principais caraterísticas das regiões terrestres é estarem a um nível mais elevado do que os mares. A força da gravidade faz com que a água escoe sempre para o nível mais baixo, o que em princípio faria com que os continentes secassem. Isto é evitado pelo permanente reabastecimento de água proporcionado pelas nuvens, as quais se formam no mar e são transportados pelos ventos. No entanto, este mecanismo só funciona até umas poucas centenas de quilómetros de distância da costa. Quanto mais avançamos para o interior, mais seco se torna o território, uma vez que as nuvens se desfazem entretanto em água e desaparecem. A 600 quilómetros da costa é já tão seco que começam a aparecer os primeiros desertos. Em princípio, a vida só seria possível numa estreita faixa continental costeira, pois o interior seria seco e desolado. Mas só em princípio, pois felizmente existem as florestas. Estas constituem a forma de vegetação com a maior superfície de folhagem. Por cada metro quadrado de floresta, estendem-se nas copas 27 metros quadrados de folhas e agulhas. Na copa fica desde logo retida uma parte da precipitação, evaporando logo de seguida. No verão, as árvores consomem até 2500 metros cúbicos adicionais de água por quilómetro, que libertam durante a respiração. Este vapor de água faz com que se voltem a formar nuvens, que depois avançam para o interior, onde dão origem a precipitação. Este jogo vai-se desenrolando em zonas cada vez mais interiores, de modo que a humidade é também fornecida às regiões mais distantes. Esta bomba de água funciona tão bem, que a precipitação em algumas regiões do nosso planeta, como, por exemplo, na bacia do rio Amazonas, a vários milhares de quilómetros da costa mal se distingue daquela que se verifica no litoral. A única condição é que entre o mar e o canto mais recôndito haja floresta (...)
Chuvas regulares são de extrema importância para os nossos ecossistemas, já que água e floresta são dois elementos quase inseparáveis. Quer se trate de ribeiros, charcos ou do próprio bosque, todos os ecossistemas estão dependentes de proporcionarem aos seus habitats condições o mais constantes possível. (...)
A importância que as árvores têm para os ribeiros também não diminui depois da morte destas. Se, por exemplo, uma faia cai e fica atravessada sobre o leito do ribeiro, então fica aí deitada durante décadas. Funcionando como uma pequena barragem, permite que aí habitem espécies que não suportam correntes fortes, como é o caso das discretas larvas de salamandra.
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