quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Sons do Mundo

Publicado hoje no jornal El Pais. Entrevista de Clemente Alvarez ao naturista Carlos de Hita a propósito da recente publicação do seu livro Sons do Mundo:


Depois de quase quatro décadas explorando paisagens sonoras, o naturalista Carlos de Hita (Madrid, 63 anos) acaba de publicar um livro com gravações de suas viagens ao redor do mundo: Sons do mundo (editorial Anaya Touring). “Esta é a história da minha vida”, diz o especialista em sons da natureza, que alerta que muitas vozes desapareceram.

Nos 37 anos que vem gravando, o som da natureza mudou alguma coisa? 

Mudou de duas maneiras. Por um lado, muitas vozes desapareceram, pois mais de 60% dos animais, do número de indivíduos na paisagem sonora, silenciaram... Na urdidura sonora, há menos cotovias, menos codornizes, menos insetos, menos abelhas. Hoje há menos vozes na natureza e esse empobrecimento do concerto natural é a narrativa da crise. Mas, ao mesmo tempo, novas vozes também começam a aparecer. Há alguns anos, na minha casa de Valsaín [Segóvia], ouço as cigarras, quando nunca havia nenhuma. Aquele raca raca é como o som do calor subindo a montanha. Para mim, é o som da mudança climática.

Como é o som da selva? 

Na Amazónia, o som da chuva é interessante. Na selva, cada árvore tem seu som de chuva, cada planta, cada folha.

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