sexta-feira, 27 de junho de 2014

Frenesim num cardo mariano

Os cardos marianos (Cardus marianus) estão por esta altura em flor, e já se encontram até a libertar as suas valiosas sementes para quem sofre de "maus fígados". 

Sementes de cardo mariano  (Cardus marianus) levadas pelo vento

As sementes de cardo mariano contêm silimarina, e são a principal planta usada para proteger o fígado, bem como para lhe renovar as células. É usado em casos de hepatite, icterícia, cirrose, mas também em casos de infeções e problemas com álcool. É também usada para limitar os danos causados quando se faz quimioterapia para tratar o cancro, e ao mesmo tempo acelera a recuperação dos efeitos secundários do tratamento. Os capítulos (pés com as flores) são ainda usados como remédio para tratar a depressão. Tradicionalmente ferviam-se os capítulos de cardo-mariano e comiam-se como se fossem alcachofras, pois consideravam-se excelentes para a melancolia.  

Hoje passei por um cardo mariano, ainda com bastantes flores, e era impressionante a vida que estas atraíam. Desde abelhas, cigarras, borboletas, percevejos, escaravelhos, besouros, e todo um sem número de insetos diferentes, que ora se alimentavam do pólen, ora de serviam das flores como cama para os seus encontros amorosos. 

 Começando pelas abelhas:








Besouros, uns solitários em pose, outros a tratar da sua vida íntima:







Uma borboleta:

Argynnis paphia?

Um percevejo vermelho (certamente da família dos Incas!):


Escaravelhos:

Escaravelho-das-flores (Oxythyrea funesta)



Cigarras:





O cardo mariano é uma planta anual, bastante espinhosa e pica bastante, espontânea em Portugal, que como descrevi, além de ser excelente para uso medicinal, é ainda um importante foco de atração de biodiversidade. Acho que vou mesmo apanhar umas quantas sementes e enterrar nuns cantos do jardim. 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Plantas grátis II

Já tinha escrito que, uma das formas de obter plantas de forma gratuita é, por exemplo, resgatá-las do abandono. Outra forma prática é clonar. A estaquia, que basicamente consiste em cortar uma pequena porção da planta-mãe (estaca) que depois de devidamente preparada, coloca-se a enraizar, mais não é que fazer clones que originarão plantas exatamente iguais à planta-mãe.

No outono passado, ao passar por um terreno baldio, totalmente ao abandono e descuidado, unicamente vedado com rede metálica, apercebi-me que por ali estavam umas quantas budleias, precisamente um arbusto pouco exigente e que pode nascer em solos pobres. 
Cortei então uma pequena estaca desta imensa budleia - o que está fora da rede é público! - meti dentro de uma garrafa de água que tinha no carro, e trouxe para casa para enraizar. 

Grande Budleia em terreno baldio

A budleia (Buddleia sp.) é um arbusto originário da China, que pode crescer até três ou quatro metros de altura, com os ramos arqueados, e são muito apropriadas para os jardins portugueses, pois gostam de sol direto, não precisam ser regadas (ninguém rega as que tenho visto em terrenos baldios e entulheiras) e são quase obrigatórias tê-las nos jardins para termos sucesso a atrair as borboletas. As fores da budleia têm têm alguma semelhança com o lilás (syringa vulgaris), daí que os ingleses lhe chamem "lilás de verão" (summer lilac) ou então, precisamente por atraírem as borboletas,  lhe chamem "arbusto das borboletas" (butterfly bush).

Entretanto meio ano depois, a pequena estaca que foi colocada a enraizar, já tem mais de um metro e já está a dar flor:






As budeleias são arbustos muito viçosos e podem produzir novos rebentos (como se vê pela estaca que enraizei) até dois metros de altura numa única estação. Podemos então podar a budleia completamente, entre 60cm e um metro, para formar um arbusto mais compacto e estimular a produção de maiores cachos de flores. Podar os cachos de flores velhas também irá incentivar nova floração até ao final do verão.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Ninho no Jasmim - Primeiro voo

Nestes quatro dias, depois da descoberta do ninho, identifiquei a ave que decidiu fazer o seu ninho no jasmim da minha casa. É um ninho de chamariz.
Bastou estar atento e esperar que a progenitora se aproximasse. Sempre muito desconfiada quando me via e mantendo-se a alguma distância, à espera que eu me afastasse para poder alimentar as suas crias.



Chamariz de volta do ninho

O vídeo seguinte não ficou grande coisa, eu ainda estava longe, sem tripé que seria essencial para ter alguma estabilidade na imagem, mas mesmo assim dá para ver os afazeres da mãe respondendo à chamada das crias.

 

Pouco depois, quis ir observar o ninho e ver as crias mais de perto, e qual não é o meu espanto, quando uma das crias que pareceu assustar-se com a minha proximidade, decide empoleirar-se em cima do ninho, e fazer o se primeiro voo, e foi aterrar num Pitósporo-japonês que tenho do lado do vizinho. 

Pouco depois a mãe foi inteirar-se de como estava a cria que decidiu sair do ninho, e foi empoleirar-se no arame da roupa dos vizinhos, que ficava a poucos metros da árvore onde a cria aterrou. 


E ficou por ali, porque sabia que eu estava por perto, esteve sempre a controlar-me, como se vê na imagem, até que incentivou a cria a voar com ela para os fios do telefone, e pôde então alimentá-la convenientemente e com a devida segurança.

Mãe (à direita) e cria
Chamariz a alimentar a cria


Depois voou com a cria para as árvores mais altas, e entretanto voltou para alimentar as crias que ficaram no ninho e que estão bem menos desenvolvidas. Se esta cria que fez o seu primeiro voo, é já quase uma cópia idêntica dos progenitores, as que ficaram no ninho ainda precisarão de mais algum tempo para lhe seguir o exemplo.

domingo, 15 de junho de 2014

Mais alguns livros

Adquiri por estes dias mais alguns livros técnicos sobre jardinagem/agricultura e temas da natureza para saber mais e poder consultar em caso de dúvida e certamente terão utilidade para ser consultados em temas que abordarei aqui no blogue. A vida não está propriamente fácil para gastos supérfluos, e no nosso país os livros novos são um luxo, mas cada um destes livros que comprei custou pouco mais que um gelado, nenhum destes ultrapassou os três euros. 

O primeiro livro a chegar foi "O Quivi - variedade, cultura e produção". Comprei-o porque os meus pais têm três pés (duas fêmeas e um macho) mas tinham muito desconhecimento sobre como se faz a poda, ainda por cima vêem-se muitas plantas podadas de forma diferente e também porque eu mesmo estou a pensar plantar, a médio prazo talvez, para consumir a fruta, que até é cara, e assim já sei bem mais sobre o que é necessário para me iniciar na cultura da actínídia, vulgo quivi. 


O segundo livro foi uma compra por impulso. Passava por uma rua do Porto, e vi numa montra de um alfarrabista cheia de livros, com uma placa "Todos os livros que estão na montra a 2,50€". Lá fui passar os olhos a ver se via algum título que me interessasse e pedi para ver um velho livro intitulado "Jardinagem". É um livro brasileiro de 1965, um verdadeiro compêndio de jardinagem extremamente completo detalhado sobre os mais diversos temas.


"Segundo uma lenda dos árabes, Adão, ao ser expulso do paraíso, teria levado, sub-repticiamente, um raminho de murta consigo como recordação do paraíso perdido. Mas a lenda não afirma que o galho de murta, fora do paraíso criou raízes e cresceu, sob os cuidados zelosos do primeiro casal humano. Se assim fosse, poder-se-ia concluir perentoriamente  que a jardinagem nasceu com Adão. Mas não há certeza.
Assim como não há certeza sobre os começos da jardinagem no Brasil. Sabemos que a primeira galinha chegou ao Brasil em 1532, trazia por Martim Afonso de Sousa, desembarcando em Santos, mas ignoramos quem fincou o primeiro pé de craveiro na terra brasileira ou quem semeou o primeiro canteiro de goivos. Os antigos documentos mencionam que nas hortas se plantavam algumas flores, de sementes trazidas de Portugal, como se não houvesse flores silvestres e nativas que merecessem ser cultivadas. 

Os dois últimos livros chegaram, como a maioria, via compra pela internet. Da coleção Mundo Verde da Círculo de Leitores "borboletas e lagartas" e "Árvores de folha caduca". 


Com o manual de borboletas, agora já poderei identificar mais facilmente quer as lagartas, como as próprias borboletas que vou encontrando nos meus passeios. 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Ninho no jasmim

No final de março, mostrei aqui como o meu jasmim estava todo florido:


Hoje, já depois de jantar e de ter andado a regar as plantas e o relvado, olhei para o jasmim, e reparei que convinha dar-lhe uma poda, pois os novos rebentos já estavam bastante compridos e pendentes, e ao pegar naqueles novos rebentos compridos e vendo se os deveria ou não podar ou enrolar nas grades, qual não é o meu espanto quando ouço um chilrear que vinha dali. 

Ninho no jasmim 

Do chão e mesmo olhando com atenção não consegui ver nada, nenhum ninho à vista, mas fui buscar um banco, e de cima do banco pude então vislumbrar um pequeno ninho com várias crias, não sabendo eu de que ave serão. Mas suspeito que possam ser carriças, pois nas últimas semanas andavam uns pequenos pássaros na tangerineira, e já no ano passado lá encontrei um pequeno ninho, e pensei que este ano por lá fizessem de novo um ninho. 

Mas sendo de carriça ou não, a verdade é que algum pequeno pássaro decidiu que ali no meio do jasmim que está abraçado ao pilar da casa, é que era o sítio ideal para fazer o seu ninho. E uma coisa é certa, passo por ali todos os dias, e nunca desconfiei de nada! Não vi nenhuma ave por ali, nem nenhuma evidência de que por ali pudesse haver um ninho!

~








Não é pelas crias que consigo chegar à identificação da ave, e enquanto por ali estive, também não vi qualquer sinal que os progenitores andassem por perto, mas estarei atento nos próximos dias para tentar descobrir mais alguma coisa.

O regresso da rola-brava

Há muitos anos que não via por aqui rolas, como também não vejo outras espécies outrora muito comuns, como a perdiz ou a poupa por exemplo. Curiosamente vêem-se cada mais é rolas-turcas, o que não deixa de ser curioso tendo em conta que há poucos anos nem sequer se viam em Portugal. Mas a rola-brava, outrora muito comum em Portugal, deixei de a ver por aqui, porque à semelhança das outras aves, foi quase extinta  pelos caçadores. 

Rola-brava (Streptopelia turtur)




Rola no alto de um grande pinheiro-bravo nas suas cantorias



A rola-brava distingue-se muito bem da rola-turca, mesmo por um leigo como eu, pelo padrão malhado que exibe nas asas, ao passo que a rola-turca é toda ela mais clara, e tem uma única risca no pescoço, enquanto que a rola-brava tem várias. Este ano, não sei bem explicar porquê, tenho ouvido muito o cantar da rola-brava ao longe, e até observado aqui pela aldeia, tanto nos pinheiros junto à casa dos meus pais, como nos cabos de alta-tensão que passam ao lado de minha casa, como noutros locais quando dou as minhas voltas de bicicleta. 

Padrão malhado da rola-brava


Diferença de tamanho entre rola-brava e um chamariz


Rola-turca (Streptopelia decaocto)


Como no verão passado, grande parte do concelho de Gondomar ardeu completamente, e aqui na minha aldeia ainda existe uma grande mancha verde, talvez seja esse motivo que as tenha concentrado aqui, mas isto é uma mera suposição. Contudo de nada adiantará que as rolas para aqui venham, para que depois sirvam de tiro ao alvo de gente que chama desporto a matar animais para se divertir. 

domingo, 1 de junho de 2014

Exposição de Bonsai no Porto

Este fim-de-semana passei pela II Exposição de Bonsai e I Prémio Internacional de Bonsai do Porto. A exposição decorreu no átrio da Câmara Municipal do Porto e tive oportunidade para ver de perto verdadeiras esculturas vivas. Um dos trabalhos que mais me impressionou foi da queiró ou urze, planta quase banal que vemos nos matos do nosso país e que resultou num bonsai espetacular. Mas qual deles o mais melhor:

Local da exposição - Câmara Municipal do Porto




Espinheiro ou Pilriteiro - Crataegus monogyna


Ulmeiro chinês - Ulmus parvifolia


Ligustre - Ligustrum ovalifolium


Zimbro - Juniperus chinensis "old gold"


Faia - Fagus sylvatica


Urze - Erica arbore


Pinheiro Negro Japonês - Pinus thunbergii


Carvalho Alvarinho - Quercus robur

Azálea - Rhododendron indicum var nikko

Pinheiro silvestre - Pinus sylvestris


Zimbro - Juniperus chinensis var. sargetii "Shimpaku"



Pinheiro silvestre - Pinus sylvestris


Acer - Acer palmatum

Zimbro - Juniperus communis


Bordo de três pontas - Acer tridente

Hera - hedera helix



Alecrim - Rosmarinus officinalis

Cerejeira de Santa Luzia - Prunus mahaleb

Bamboo - Bamboo nana

Cedro do Líbano - Cedrus libani

Acer  Japonês- Acer palmatum var. Yamma-momiji