Sempre gostei de descobrir jardins, parques e outros espaços verdes, mas desde que comecei este blogue, que ainda só fez um ano por estes dias, sinto-me ainda mais motivado a revisitar alguns jardins para depois aqui escrever sobres eles. Mas no caso do Jardim das Virtudes não se tratou de uma revisita, tratou-se mesmo de uma estreia. Nunca lá tinha tinha entrado e só há relativamente pouco tempo tive conhecimento do espaço, mas desconfio que grande parte das pessoas que vivem e conhecem melhor a cidade do Porto que eu, também não sabem da existência do jardim, apesar de estar situado numa zona histórica, a dois passos da Torre dos Clérigos e numa artéria muito movimentada, cercado pelo Hospital São João e o Palácio da Justiça.
E percebe-se facilmente por que é que as pessoas lá passam em volta, muitas vezes à procura de estacionamento e nem se apercebem do que está por detrás daqueles muros. E muitas são as pessoas que entram pela Rua Azevedo de Albuquerque à procura de estacionamento gratuito, muito difícil de conseguir naquela zona, bem como em quase toda a cidade, e quem olha e vê um terreno baldio, cercado por uma rede metálica e muros vandalizados com sarrabiscos, está longe de imaginar que haja algo de minimamente atrativo por ali e que seja visitável.
Só mesmo quem atravessa o Passeio das Virtudes, com uma vista privilegiada do rio Douro até à Foz, é que chegado ao fundo da rua tem uma placa com a indicação de Parque Municipal das Virtudes.
Ao longo do Passeio das Virtudes, e mesmo ao lado da Cooperativa Árvore, instituição cinquentenária dedicada às artes e atividades culturais, e já com vista para o jardim, podemos encontrar algumas esculturas:
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4 Cavaleiros do Apocalipse - Gustavo Bastos |
Eu estive lá este mês duas vezes, numa primeira vez de manhã e a meio da semana e dias depois num domingo à tarde para visitar com mais calma e conseguir melhores fotografias, da zona virada a nascente, porque de manhã está coberta pela sombra do alto paredão que segura o Passeio das Virtudes.
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Paredão das Virtudes (muro de suporte) com arcadas cegas |
Da primeira vez, e apesar de alguns turistas que se passeavam pelo Passeio das Virtudes, não vi viva alma dentro do espaço, apesar da Calçada das Virtudes, rua que desagua no Chafariz das Virtudes, que dá acesso ao jardim, estar repleta de carros, mas quem ali deixa o carro não é para visitar o jardim, mas sim aproveitar uma rua onde ainda não se paga estacionamento. Na imagem a ausência de carros por ser a um domingo.
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Calçada das Virtudes, ao fundo o Chafariz e a entrada a sul para o jardim |
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Chafariz das Virtudes |
Da segunda vez, a um domingo, poucas mais pessoas, um casal de turistas, que me pediu, em inglês, se lhes tirava uma fotografia com a paisagem do rio em fundo. Ainda assim, não sei porquê, mas fiquei com a ideia que este casal seria português e pensariam eles que seria eu o estrangeiro, mas talvez fossem mesmo estrangeiros não sei. Mas de qualquer das formas são muito poucas as pessoas que ali irão especificamente para visitar este espaço da cidade.
Da visita, retenho dois bons motivos para descobrir ou frequentar o Jardim das Virtudes. Em primeiro lugar a paisagem, a vista sobre sobre Miragaia, com destaque para a panorâmica sobre a Alfândega e a vista da foz do rio com a ponte da Arrábida ao fundo.
O segundo motivo, é poder contemplar uma árvore especial, a maior
Ginkgo bilova do país, com mais de duzentos anos (ainda é uma adolescente) e com mais de trinta metros de altura.
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Do mais alto dos patamares do jardim temos esta vista sobre o rio com destaque para a Alfândega do Porto |
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A maior Ginkgo bilova de Portugal |
O parque ou jardim, é feito por patamares ou socalcos, devido ao grande desnível do terreno e temos duas alternativas, ou começamos a visita por baixo, junto ao chafariz e fazemos o jardim sempre a subir, ou entramos pela porta da rua Azevedo de Albuquerque e vamos entrar já num dos patamares superiores. Na imagem abaixo onde vemos os vários socalcos já é possível vislumbrar ao longe a cúpula do pavilhão Rosa Mota.
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Os socalcos do Jardim das Vitudes |
Começando a visita junto ao Chafariz das Virtudes, eis alguns pontos em destaque que iremos encontrar:
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Oliveira |
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Ginkgo bilova ladeada pelo hospital e tribunal à direita |
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Num patamar superior uma segunda Ginkgo bilova |
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Muros de suporte cobertos de Ficus pumila. Estão plantadas tambem algumas japoneiras |
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Trombeta-chinesa (Campsis grandiflora) |
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A Roda - Paulo Neves 2013 |
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Vista para o Paredão e Cooperativa Árvore (casa de amarelo) |
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Loureiro |
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Estrutura em betão armado |
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Árvore das Virtudes - Vitor Ribeiro 2013 |
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A meio entre isto e aquilo - Isaque Pinheiro 2013 |
O Jardim das Virtudes é único por diversos motivos. Como já referi, por ser vertical e feito em socalcos e graças à vista panorâmica que proporciona sobre a cidade, mas parece que a edilidade portuense o quer manter escondido. Não basta estar minimamente cuidado para que as pessoas o visitem, é antes de mais preciso que as pessoas possam ter conhecimento dele e acho que dotá-lo de uma porta de entrada mais condigna seria obrigatório, porque as pessoas que ali passam, como eu tantas vezes passei, nem sequer têm ideia do que ali está escondido.
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Entrada do jardim, em rua de estacionamento gratuito passando totalmente despercebido (Imagem Google Mpas) |
Estou em crer também que, quando se tornar mais visitável, por certo que alguma da vadiagem local que o frequenta, deixará de se sentir tão à vontade para fazer a lixeira que pude constatar no domingo. Eram garrafas de cerveja, garrafas plásticas, maços de cigarros pelo chão, algo que já não é aceitável nos dias de hoje.
Eu quero muito ver essa gingko, e claro, o jardim! :)
ResponderEliminarQuem diria que fosse agora o teu jardim preferido do Porto ;)
EliminarÉ muito bonito!!!
ResponderEliminarPorto tem locais muito bonitos mas escondidos... é uma pena!
Obrigada :)
Já lá foste?
Eliminar:)