domingo, 25 de setembro de 2016

Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima 2016



O Festival Internacional de Jardins em Ponte de Lima já abriu, como todos os anos, no final de Maio, mas acabei por o visitar só agora em Setembro e acabou por ser assim quase sem o ter planeado.

No início do mês, uma amiga minha, minhota, com quem já não estava há dois ou três anos, porque está em França a trabalhar e estudar, disse-me que ia estar por cá e se eu não queria aparecer por Braga. 

Pois claro que queria estar com ela! Matar as saudades que são sempre muitas de anos sem nos vermos, e ouvir da sua boca como a vida lhe vai correndo, os planos, os amores e falar-lhe logicamente também de mim. 

Era domingo, saí relativamente cedo de casa e fiz-me à estrada nacional, tranquilamente. Pouco depois das 10h já estava por terras de Bracara Augusta e resolvi fazer um pouco de tempo, passando no Bom Jesus. Da última vez que por lá tinha estado estava tudo em obras na zona do lago, lembro-me de ver por lá máquinas de terraplanagem e estava tudo virado do avesso, então resolvi ir ver se já estava tudo arranjado e tirar algumas fotografias, e provavelmente um dia destes até aqui partilho no blogue. 

Combinamos ao meio-dia. 
Dei a minha voltinha pelo lago, caminhei mais um pouco, e resolvi então rumar para o centro comercial da cidade para não me atrasar, e cheguei ainda bem antes da hora marcada que até ainda deu tempo de comprar duas t-shirts baratinhas na loja de desporto. 

Lá nos encontramos - e não era preciso ela dizer-me que estava de calções de ganga e camisa verde, até porque ela viu-me logo à distância! - e lá rumamos para Ponte de Lima. 

Chegados a Ponte de Lima logo nos apercebemos que estávamos em fim-de-semana de Feiras Novas, as festas do município, tantos eram os carros estacionados ao longo da estrada. E decidimos estacionar junto ao Festival de Jardins, mas que neste dia cobravam 5€ de estacionamento para o dia todo. Tínhamos combinado fazer um piquenique e eu até sugeri que talvez pudéssemos comer na zona de lazer do Festival de Jardins, um espaço verde, relvado e com bancos de jardim, mas achei por bem perguntar na bilheteira se o poderíamos fazer. A menina que nos recebeu, foi tão simpática que repetiu "É que nem pensar"! 

Então, pegamos nas toalhas e fomos estendê-las mesmo em frente do rio, e enquanto íamos petiscando íamos também pondo a conversa em dia. 

Fomos depois visitar os jardins, e felizmente que na bilheteira já lá estava outra pessoa, e a meio da tarde ainda demos uma volta pelo centro histórico, no meio de toda aquela gente que andava de volta das tendas da feira. Ela ainda fez umas compritas, e ainda petiscamos umas iguarias e comemos um gelado. 

Foi um dia em cheio, pelo passeio, pelos jardins, pela boa companhia, mas principalmente por constatar que há amizades que são resistentes como certas plantas, que por mais inóspitos que sejam os sítios onde crescem, elas mantêm-se sempre firmes. 

Mas vamos então ao que interessa, aos jardins. Por ordem de entrada em cena:


Em Direção à Luz - Um Jardim do Conhecimento

Ao princípio vai ver a natureza através das molduras em madeira e depois começará a sentir o cheiro de flores ou a ouvir o suave som da água. Finalmente, será recebido num jardim aberto com diversos canteiros de flores, cada um estimulando um sentido em especial.










 



Os Números do Jardim

Como o tema do Festival de 2016 é o conhecimento, a intenção foi proporcionar uma leitura agradável e não banal, que acaba por divulgar fenómenos da natureza relacionados com a matemática teórica através da experiência prática de os observar, conhecer e reconhecer.








ADN - Biblioteca do Conhecimento

Da mesma maneira que o cientista abre o plano com o microscópio e o jogador de xadrez se afasta do tabuleiro para ter uma perspectiva melhor. O visitante tem uma possibilidade de entender a dinâmica da vida e a sua complexidade, em que todos os detalhes são importantes, como ADN mas também ainda como jogo e diversão.









A Célula - Biótipo do Conhecimento

Este jardim, para além da componente pedagógica, tem o intuito de interagir com o visitante permitindo a visualização a uma escala macro o que apenas pode ser visto ao microscópio.





Conhecimento Exportado


Um avião, carregado com malas de conhecimento e de pátria, aterra no meio de um outro país que não é o seu. O avião representa o desprendimento com o país natal. O início de uma viagem que será o ponto de partida para uma nova fonte de conhecimento/futuro. Nas malas estão representados todo o conhecimento e experiências adquiridos ao longo das suas vidas. Cada jovem árvore (Quercus robur – espécie autóctone e predominante nas paisagens a Norte do País), que brota das malas abertas representa um jovem emigrante. A cada um deles estará associado uma pequena crónica com o testemunho de um jovem emigrante português, com uma pequena reflexão sobre a sua tomada de decisão e de como foi “aterrar” e criar raízes num novo país.















Conhecimento Interligado

O conhecimento é a soma das distintas áreas existente, como a Física, a Química, a Matemática, a Música, a Filosofia, as Artes. A Tecnologia...









Mundo Claustrum 

Neste conjunto edificado o claustro é o lugar de contemplação por excelência, pois é ele próprio espaço de encontro privilegiado. O claustro representa a delimitação e a geometrização do mundo natural, a sua domesticação, a revelação da beleza divina.






 96 Por Cento

Os cientistas acreditam que tudo o que sabemos sobre nós próprios, o nosso planeta e o universo não passa de 4% do que deve existir. Os outros 96% são desconhecidos! O nosso jardim pretende representar estas ideias duma maneira poética, atraente e contemplativa. O carácter do jardim é enigma e mistério; descoberta e iluminismo.







Homenagem às Árvores

Homenageamos as árvores, fundamentais nas nossas vidas que, generosamente, nos acolhem, inspiram e ensinam, um exemplo completo do ciclo de vida na terra.








Nucis

Sabia que a noz é um dos frutos mais nutritivos para o cérebro? De facto, a sua textura, a sua cor e até a sua forma são semelhantes às de um cérebro. É através desta metáfora, mas também plasticamente com a fusão destes dois elementos, que se articula o presente projecto.


(E só agora percebi agora que nos esquecemos de visitar este jardim!)


As Pirãmides do Conhecimento

Esta forma arquetípica, herdada da pirâmide dos conhecimentos, é utilizada como método de organização e de gestão hierárquica das informações e do conhecimento. As três pirâmides do conhecimento ilustram alegorias notórias, inspiradas na caverna de Platão, na organização racional em Descartes, bem como, na árvore da vida do Jardim do Éden. Construídas sob forma de camadas, cada nível permite aceder a um estado de compreensão, até atingir o estado de sabedoria, no topo da pirâmide. Com o brilho do sol, o tratamento “poli espelho” acentua este efeito de ascensão. As três pirâmides encontram-se em escalas diferentes, representam diversas maneiras de aceder ao conhecimento e expressam-se aqui sob forma de jardins verticais. As duas primeiras pirâmides são personificações de filósofos, que expõem a noção de ideias inatas próprias do Homem.







O festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima abre em Maio e encerra a 31 de Outubro, e a entrada custa 1€. Para consultar todas as informações, visitar o site oficial.

Se quiserem passar os olhos pelas minhas visitas nos anos anteriores:
2015

2014

2013

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