domingo, 11 de janeiro de 2015

Parque de São Roque

Estou em crer que o Parque de São Roque, na cidade do Porto, à semelhança, por exemplo, dos Jardins Nova Sintra e Jardim das Virtudes, é mais um espaço aprazível, com características de jardim romântico, desconhecido da maioria dos próprios portuenses. Esta minha afirmação baseia-se unicamente na afluência de pessoas que por lá vejo, quando lá me desloco, e que é pouca. E curiosamente, o Parque de São Roque, fica mesmo junto ao Estádio do Dragão, casa do maior clube de futebol da cidade, e junto também de um dos seus grandes centros comerciais, e como tal, local de grande afluência de pessoas que ali vão ver a bola ou fazer compras.

O espaço, com mais de quatro hectares, é disposto em patamares e tem duas entradas. Uma, a que eu habitualmente uso, na rua São Roque da Lameira que fica a sul no nível inferior, e a outra, virada a norte,  no patamar superior, na travessa das Antas. Entrando pela entrada da rua de São Roque da Lameira, temos de fazer o percurso sempre em subida mas depois descemos, ao passo que entrando pela travessa das Antas, descemos todos os patamares para depois ter de os subir. 

O Parque de São Roque tem vários motivos de interesse e que merecem uma visita: a casa apalaçada oitocentista de 1792; o belíssimo labirinto de Buxus sempervirens, as camélias (que estão agora em flor) o lago com a sua ponte, o espaço de recreio onde adultos e crianças podem brincar e que tem um pequeno lago com repuxos (a funcionar), a gruta; e muitos outros recantos e elementos escultóricos a descobrir sem pressa.

Entrando pelo portão da rua de São Roque da Lameira, depará-mo-nos de imediato com a casa oitocentista. Apesar do seu evidente e lamentável estado de abandono a que foi deixada por parte da Câmara Municipal, que adquiriu o espaço em 1979 à família Cálem, ainda assim permite admirar a riqueza dos seus pormenores. 

Passamos o portão em ferro da rua, e temos uma escadaria em empedrado, ladeada por canteiros com camélias (ou japoneiras) e podemos então começar por ver a casa e o espaço ao seu redor:



Camélia em flor


Anno de 1792


Pormenor dos beirais
Pormenor das grades nas janelas do rés-do-chão



Detalhe do pavimento do chão

Vinha virgem em destaque no outono






Nas traseiras da casa destaca-se uma estrutura em betão, simulando troncos de árvores, assente em cima de uma gruta e de um pequeno lago.




 Planta-jade (Crassula ovata)



Um outro espaço delimitado que encontramos a seguir, é uma zona povoada de camélias, com um imponente chafariz no centro, e bancos debaixo de uma estrutura com uma trepadeira, que agora de inverno se encontra caduca, permitindo assim apanhar alguns raios de sol. Ao fundo um tanque com alguns peixes. 









Acer palmatum despido

Ao fundo, uma parede cheia de heras e outras trepadeiras, que da última vez que lá estive, já invadiam completamente, uma estrutura que embelezava o tanque onde se viam alguns peixes.




Seguindo a visita sempre a subir, encontramos outro do ex-líbris do Parque de São Roque: o Labirinto.


Labirinto de Buxus sempervirens



Continuando a subir, encontramos um espaço amplo, com um lago com repuxos e uma área infantil. 





Numa vista superior, temos uma panorâmica para este espaço recreativo bem como para o labirinto.


Continuando pela estrada do parque, subindo escadas e caminhos, vamos chegando aos pontos de interesse a norte, o lago e a ponte por onde se passeiam patos, e outros habitantes, e também uma estrutura onde estão plantadas trepadeiras, em que a ideia é que subam e a tapem totalmente, 



A ponte do lago, com receção à porta!



Nesta zona do lago podemos encontrar alguns habitantes, como patos, gaivotas, pombas, gatos, gaios,  melros, e se não virmos, poderemos sempre ouvir o pica-pau verde com o seu canto estridente muito caraterísitco. Desta última vez que lá estive, vi vários gaios a remexer na terra e musgo à procura de alimento, bem com os melros e um pica-pau verde, mas sempre muito esquivo que não consegui fotografar. 

Começando pelo gaijo que fotografei, muito ao longe, escondido atrás das árvores:

Gaio a remexer no chão

Gaivota empoleirada

Pombas nas árvores

Pombas e gaivota a aquecerem-se ao sol

Patos junto ao lago

Jovem gato a mirar-me escondido nas ervas!

Como referi, perto do lago, encontramos uma estrutura com pilares de granito e uma estrutura em ferro. Em cada pilar colocaram uma cana a servir de sustentação às trepadeiras. 




No que se refere às árvores, além das já referidas camélias, destacam-se algumas exóticas, como os imensos eucaliptos e austrálias, mas também podemos encontrar vários sobreiros.

Tronco de um imenso eucalipto

Sobreiros



Tronco do sobreiro em detalhe

Encontrei também uma árvore que ainda não identifiquei. Tem um tronco bastante atraente, e dá umas bolas um pouco maiores que o azevinho, e mais pequenas que cerejas. Recolhi uns frutos, quem sabe, depois se propaga.




Como referi no início, é um espaço aprazível, e que merece uma visita, assim como a casa merece também, sem dúvida que cuidem melhor dela. O Parque de São Roque fica mesmo junto ao Estádio do Dragão e a entrada é gratuita.


Parque São Roque visto no Google Maps

domingo, 4 de janeiro de 2015

Loureiro cresce em tronco de austrália

Hoje, durante um pequeno passeio de domingo, algo que me chamou a atenção. Um rebento de uma planta a nascer no tronco de uma austrália (Acacia melanoxylon). A austrália é uma árvore com estatuto de invasora em Portugal, também conhecida como acácia-negra, e que fruto da dispersão das suas muitas sementes, e das suas raízes, infesta tudo por onde passa. 


Depois de me aproximar mais para ver mais de perto, é que percebi que se tratava de um loureiro que ali estava a nascer. 



Aquele loureiro não nasceu ali por obra do acaso, nem por milagre. Reparei que a poucos metros estava ali a explicação. Um loureiro bem grande, de onde terá saído a semente, que ali caiu, num ramo que foi cortado, acumulou matéria orgânica apodrecida e reuniu as condições para a semente de loureiro nascer, e já está uma planta com algum tamanho, apesar de, digo eu, estar condenada ao insucesso pois as suas raízes não terão alimento por muito tempo.


Sempre que por ali passar, e se me lembrar, deitarei o olho ao loureiro, para ver até que ponto vai resistir.