domingo, 12 de junho de 2016

Picos da Europa - Senda del Cares

Trepar por una roca pelada con un precepicio a la direcha y otro a la izquerda para sorprender um rebeco, contemplar un paisage, o para salvar una dificuldad será un placer del que se reirán muchos, pero es un placer soberano que me domina por completo.
(Pedro Pidal)

Mais uma caminhada com associação cá do concelho onde me inscrevi e comecei a fazer as primeiras caminhadas com eles, sem sequer conhecer ninguém, mas que desde a primeira hora me integraram e me fizeram sentir um deles. E foi precisamente por sentir um espírito de amizade e boa vibração, que continuei sempre a inscrever-me em novos eventos. Mas desta vez foi já mesmo por grande sorte, pois tinha fora das inscrições, que dois dias antes abriu-se uma vaga e acabei mesmo por ir com eles aos Picos da Europa nas Astúrias. 

Depois de longas horas de viagem de autocarro no primeiro dia, com paragem em Chaves para pequeno-almoço e de algumas horas para almoço na cidade espanhola de León, haveríamos de chegar ao Hotel já ao fim da tarde situado em Arenas de Cabrales. Era o segundo dia que estava destinado aos 24Km (de ida e volta) para o trilho da Rota do Cares ou Garganta Divina como também é conhecida, e que liga as localidades de Cain a Poncebos.

Apesar das previsões de mau tempo, a chuva e trovoada não se verificaram e o dia até estava muito agradável para uma caminhada de algum grau de dificuldade, até pelas longas horas sempre a caminhar ao sol. A vantagem deste tipo de trilho em que chegamos ao fim do percurso e temos de voltar para trás, é o de cada um caminhar o que quiser, à velocidade que quiser, não existindo a necessidade das pessoas que vão mais rápido terem de parar para reagrupar porque ninguém se vai perder. Só existe um caminho, do lado direito do imenso desfiladeiro e a vista para o rio Cares (que dá nome ao trilho), caminhando-se muitas vezes quase encostado a uma parede esculpida na montanha, passando-se inclusive por vários túneis escavados e algumas pontes sobre o rio.





Seis quilómetros depois de sairmos do Hotel, o autocarro deixava-nos a escassas centenas de metros do início do trilho. E a maior dificuldade está precisamente logo no início dos dois quilómetros iniciais, feitos sempre a subir, até se chegar a uma velha casa em ruínas, a partir da qual o percurso passa a ser mais ou menos plano.

Se quase sempre, até porque por norma vou sozinho a estas caminhadas, gosto de ir sempre no grupo da frente, ouvindo muitas vezes as explicações dos guias, desta feita, deixei-me ficar para trás, fruto das diversas fotografias que fui tirando ao longo do percurso, e como facilmente se compreende nos atrasa bastante, até porque na maioria das vezes, para onde quer que olhasse a paisagem era assombrosa.



                         
Depois de se serpentear as dificuldades iniciais, já com algumas pessoas a ficar para trás, e algumas, soube no final, acabariam mesmo por desistir e voltar para trás, mas pouco mais à frente já se avistada a tal edificação abandonada, a partir da qual o percurso deixa de ser tão acentuado. As dificuldades maiores são o tipo de piso, caminhando-se por vezes sobre pedras lascadas e como tal aconselha-se o uso de calçado próprio para montanha, e não fazer como fiz, que levei umas meras sapatilhas.



Além das montanhas salpicadas de verde, ou lá ao longe ainda salpicadas do branco da neve, e da companhia do rio Cares, outro do elementos mais ou menos constantes ao longo do percurso são as cabras, que ora de forma isolada aqui e acolá, ora em grupos de vários elementos, vamos encontrando  e que vão podando de forma natural a vegetação e arbustos.

Por vezes é surpreendente a forma como descem os penhascos íngremes, mas a natureza preparou-as para isso mesmo. Mesmo assim, se nos depararmos com elas, muitas vezes em grupo e em caminhos apertados e com o precipício mesmo ao lado, o melhor mesmo é movimentar-mo-nos com calma para não as assustar.











E onde elas chegarem a vegetação nunca crescerá muito.


Mas encontramos sempre formações rochosas ou escarpas, onde um ou outro arbusto decidiu fazer a sua casa...

















E estávamos a pouco mais de meio do percurso de ida...








E chegávamos à Passarela de los Martinez, zona antes era conhecida como "La Madama de La Huertona" onde aconteceu uma grande derrocada que interrompeu o trilho e onde se fizeram obras e se construiu este passadiço para restaurar o caminho, e ali colocaram uma placa comemorativa dos vinte anos da declaração de Parque Nacional. Para os mais afoitos foi deixado um quadrado em rede para se poder olhar lá para baixo, para o fundo do desfiladeiro, aliás, cheguei até a ouvir, não sei se é verdade ou não, que inicialmente todo o passadiço era em rede, mas como as pessoas tinham medo de passar, então foi substituído por madeira e deixado unicamente aquele quadrado.







A fotografia abaixo, onde se vê o arco-íris provocado por uma queda de água que cai abaixo do passadiço, foi tirada por uma das minhas colegas de caminhada, pois eu não me sentia muito confortável ao debruçar-me sobre os cabos de proteção, e então ela ofereceu-se para tirar.








             

Um pouco mais à frente a Ponte Bolin




As diferentes espécies presente ao longo do rio Cares. O que retenho foi os muitos pilriteiros, medronheiros, carvalhos e muitas figueiras que vi. E as aves de rapina também. 




Vi muita sete-sangrias nas rochas e vi também muito visco (planta parasita e sagrada para celtas), algo que acho que nunca tinha visto sequer. Ao longo da caminhada, sempre que via uma qualquer ervinha ou flor que me chamasse a atenção, claro que registava, daí atrasar-me constantemente, mas também rapidamente recuperava, e a caminhada também não é uma corrida para se ganhar uma taça, mas sim algo para se desfrutar daquilo que a natureza tem para nos proporcionar.












Mais alguns destaques, já perto do fim da caminhada...



                        


E eis que muitas horas depois, chegamos ao fim do trilho, que é como quem diz, do caminho de ida. Falta depois o caminho de regresso. Eu cheguei, e enquanto as minhas companheiras de viagem foram à casa-de-banho do café, eu sentei-me mesmo à beira rio, onde se podia molhar os pés, e ali fiquei, sozinho, a contemplar toda aquela beleza enquanto alimentava também o estômago.  




O Homem abandona - A Natureza toma conta II

A dois passos dos jardins do Palácio de Cristal mais uma casa abandonada, (e mais uma vez ouvia ontem várias pessoas, a dizerem para as crianças, que aquela espécie de disco voador era o palácio...) e talvez esta casa abandonada, esteja à espera que alguém a compre e transforme em mais um albergue para turistas. Enquanto isso as trepadeiras, heras e Ipomoea purpurea tomam conta da residência e fazem dela a sua casa. 








domingo, 5 de junho de 2016

O Gato de Coleira Verde

Domingo ao fim da tarde, cheguei a casa e, mesmo antes de abrir o portão, andei a tecer as heras por entre a rede, que agora estão mesmo a completar totalmente a sebe na frente da casa. Até que, subitamente, vindo do monte, um pequeno gato de coleira verde, que será certamente de algum vizinho aproxima-se de mim. 




De imediato tento chamar-lhe a atenção para tentar dar-lhe umas festinhas, mas sempre com alguma atenção porque os gatos, ainda para mais sem sequer me conhecendo, nunca fiando! E eu até suspeitei que seja este gato o intruso que, se deixo comida (de gato) para as tartarugas cá fora, será ele que já por mais que uma vez, rói a embalagem plástica até conseguir comer a ração, ou se a coloco dentro de uma embalagem rígida com tampa, anda com ela aos tombos a ver se consegue que a tampa se solte. Por brincadeira até pensava para comigo, que teria de ser um gato muito instruído, certamente um gato que sabia ler, e que havia lido na embalagem que o que estava lá dentro era ração de gato! E suspeito também que seja este o provável responsável pela terra remexida nas traseiras, onde ando a plantar graminha, e que diga-se irrita-me bastante porque anda a estragar o meu trabalho!




Mas pronto, o bichano tem de fazer pela vida e até me parece um pouco magro, ou então será de eu estar habituado a ver estes novos gatos domésticos mais urbano-depressivos, muitas vezes castrados os pobre coitados, e que já não caçam ratos e que estão mais gordos que um texugo! Mas a verdade é que, depois de brincar bastante com ele, e de lhe dar festinhas e dele se roçar em mim constantemente, acabei mesmo por, depois de deitar comida às tartarugas, dar-lhe a ele também e na verdade ele parecia que tinha fome. 







sábado, 4 de junho de 2016

Jardins da Casa de Mateus

Aproveitando uma curta escapada de fim-de-semana prolongado, que começou com um dia de férias para a sexta-feira 13 com o padre Fontes em Montalegre, passei no dia seguinte por Vila Real para visitar os jardins do solar, palácio ou como é mais conhecida, Casa de Mateus.



As expectativas, fruto de várias fotografias que já havia visto, quer em livros ou na internet, eram elevadas e em boa verdade devo dizer que não foram goradas. Fiquei muito agradado com a beleza que ali fui encontrar.

O tempo por estes dias não tem sido dos melhores, mas ao menos as nuvens cinzentas mantiveram-se no céu, sem deixar a chuva a cair, chuva essa que tem marcado até ao momento todo este ano bissexto de 2016.

O portão de entrada fica mesmo junto da estrada nacional e quem se deslocar de automóvel pode deixá-lo num parque gratuito mesmo ao lado; também o pode levar para junto do palácio, mas terá de pagar. 

Alguns metros depois da bilheteira, que está logo à direita depois do portão da entrada, damos logo de frente com com o lago, o enorme espelho de água em frente da Casa e dos Cedros que ali foram plantados em 1870. A escultura de Cutileiro é um pequeno detalhe que se destaca também.






Contornando a Casa e o Cedro-do-Himalaia (Cedrus deodara) vamos descobrir um tanque reservatório com chafariz e a rua principal do pomar de recreio.





Prosseguindo a visita, logo nos deparamos com os primeiros buxos e a rua do pomar de recreio, que nos levará na traseira do palácio, a sul, aos jardins dos patamares inferiores. 



E rapidamente, de cima, avistamos para os patamares inferiores, o jardim formal, composto de buxos artisticamente bordados sobre a brita branca, representado o escudo de armas da família Mateus.


















Outro dos elementos de grande destaque é um túnel de ciprestes em topiaria.






Vista das ciprestes em túnel vista do exterior:





No fim da visita o visitante pode ainda visitar a adega e passar pela loja e se o pretender, adquirir os produtos produzidos na quinta. 





As visitas ao palácio são guiadas e como tal só feitas em determinados horários. Eu optei por não ficar à espera e visitei só os os jardins que era o que me interessava mais. Só a visita aos jardins custa 7,50€, ainda assim foi-me dito na bilheteira que o bilhete é válido para um dia, ou seja, a pessoa pode sair, ir por exemplo almoçar e se assim entender pode voltar apresentando o bilhete. De qualquer forma parece-me um valor claramente excessivo para a realidade dos bolsos dos portugueses e a comprovar isso mesmo, é que ouvi muitos visitante falar diferentes línguas, mas em português, só mesmo a brasileira que me pediu para lhe tirar algumas fotografias. Também acho que não ficava mal, até pelo valor da entrada que é cobrado, que não ficava nada mal terem ao menos um folheto para oferecer aos visitantes, ou a quem o solicitasse, tal como eu o fiz, mas me foi dito que não tinham.  De qualquer, como disse no início, não dei por mal empregue o dinheiro.  

Site Oficial.