segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Feto Seco na Palmeira

 Durante alguns dias de agosto frequentei o Parque de São Roque no Porto para lanchar e fazer tempo. Junto à casa, no tronco de uma palmeira, um feto totalmente seco encrostado na base cortada do que tinha sido outrora uma folha. 

Removi os cinco centímetros desse resto de folha e meti na mochila. Conseguiria eu devolvê-lo à vida de colocasse num vase e regasse bem? A resposta é: sim! Ele ali estava, seco, mas não morto, à espera da sua oportunidade, que agosto e o tórrido verão passasse e regressasse o tempo mais frio e a chuva. 



quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Jane Goodall 1934-2025

 Artigo sobre a morte de Jane Goodall publicado hoje no jornal britânico The Guardian:


O Instituto Jane Goodall anunciou que faleceu de causas naturais enquanto se encontrava na Califórnia, no âmbito de uma digressão de palestras nos EUA.


“As descobertas da Dra. Goodall como etóloga revolucionaram a ciência”, lê-se no comunicado. “Foi uma incansável defensora da proteção e restauração do nosso mundo natural.”

Goodall foi considerada a maior especialista mundial em chimpanzés, tendo a sua carreira durado mais de 60 anos. A sua investigação foi fundamental para provar as semelhanças entre o comportamento dos primatas e dos seres humanos.

Na semana passada esteve em palco em Nova Iorque, antes de participar num podcast do Wall Street Journal dois dias depois. Amanhã deveria estar presente num evento em Los Angeles dedicado à sua vida e carreira, e na próxima semana tinha outra participação agendada em Washington DC.

Homenagens de todo o mundo chegaram de organizações de conservação e defesa dos direitos dos animais. As Nações Unidas elogiaram a forma como “trabalhou incansavelmente pelo nosso planeta e por todos os seus habitantes, deixando um legado extraordinário para a humanidade e para a natureza”.

Nascida em Londres em 1934, Goodall disse que a sua paixão pelos animais começou com a oferta, pelo pai, de um brinquedo em forma de chimpanzé de peluche. O interesse cresceu à medida que se mergulhava em livros sobre Tarzan e o Dr. Dolittle.

Após terminar a escola, deixou os seus sonhos de lado por não ter meios para frequentar a universidade. Trabalhou como secretária e numa produtora de cinema até que um convite de uma amiga para visitar o Quénia lhe pôs a selva – e os seus habitantes – ao alcance.

Durante a sua visita ao Quénia, no final da década de 1950, começou a trabalhar com um arqueólogo, que a enviou para Londres a fim de estudar comportamento de primatas.

Em 1960, ainda na casa dos 20 anos, iniciou a investigação de chimpanzés em liberdade no Parque Nacional de Gombe Stream, na Tanzânia. As suas observações desafiaram a ideia de que apenas os humanos sabiam utilizar ferramentas e de que os chimpanzés eram vegetarianos. Em 2002 afirmou:

“Descobrimos que, afinal, não existe uma linha nítida que separe os humanos do resto do reino animal.”

Em 1977 fundou o Instituto Jane Goodall, que trabalha na proteção de primatas com o apoio das comunidades locais e promove projetos juvenis em benefício dos animais e do ambiente. Atualmente, conta com delegações em mais de 25 países.

Goodall, distinguida pela ONU como Mensageira da Paz em 2002, foi uma voz ativa em questões ambientais e uma crítica da utilização de animais na investigação médica e em jardins zoológicos.

Em 1991, o instituto lançou o projeto Roots & Shoots, para envolver jovens na conservação. O programa começou com um grupo de estudantes que trabalhava com Goodall e expandiu-se para quase 100 países.

Este ano, o projeto Hope Through Action do instituto sofreu cortes no financiamento por parte do governo dos EUA, durante a administração Trump. A USAID tinha prometido 29,5 milhões de dólares para cinco anos. A iniciativa visava proteger chimpanzés em perigo e os seus habitats na Tanzânia ocidental, através da reflorestação e de uma “metodologia liderada pelas comunidades” para conservar a biodiversidade e melhorar a subsistência local.

Mesmo já nos seus 80 anos, Goodall mostrava poucos sinais de abrandar, continuando a escrever e a falar sobre o seu trabalho. Durante a pandemia, lançou o podcast Hopecast, no qual entrevistava ambientalistas e ativistas.

Foi distinguida como Dame em 2004 e, este ano, recebeu a Medalha da Liberdade das mãos de Joe Biden. Em 2022, o seu legado foi celebrado de forma inusitada, com uma boneca Barbie Jane Goodall, criada no âmbito da série da marca dedicada a mulheres inspiradoras.

Em 2023, numa entrevista ao Guardian, sublinhou a importância de fazer a diferença, mesmo em pequena escala, em vez de tentar resolver todos os problemas do mundo:

“Temos uma janela de tempo para mudar o rumo deste planeta, mas está a fechar-se rapidamente. Se os governos cumprirem o que prometem, ainda temos uma hipótese.”

Recordando a infância, mencionou o seu espírito curioso, como o dia em que passou horas escondida num galinheiro para descobrir de onde vinham os ovos. “Quando finalmente voltei, a mãe já tinha chamado a polícia”, contou. “Estive desaparecida durante horas. Em vez de me castigar, ela ouviu atentamente as minhas descobertas.”

A mãe foi crucial para que perseguisse os seus sonhos, chegando a voluntariar-se para acompanhar a filha na primeira expedição, já que as mulheres não podiam viajar sozinhas.

Em 2021, Goodall publicou O Livro da Esperança: Um Guia de Sobrevivência para um Planeta em Perigo, no qual admitia que, por vezes, sentia estar a travar uma batalha perdida, mas explicava como encontrava forças para continuar:

“Ainda resta muitíssimo que salvar, e é por isso que temos de lutar. Isso dá-nos energia extra. Tenho dias em que não me apetece continuar, mas não dura muito. Acho que porque sou teimosa.

Não vou desistir. Morrerei a lutar, disso tenho a certeza.”

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Aparafusar na Terra

Foi há um ano que comprei um pequenino cato parafuso (Cereus forbesi spiralis). Um ano volvido e, como se pode ver, percebe-se que cresceu imenso. Está muito alto e bastante grosso. Estava num vaso de vinte litros e já precisava de ir para a terra ou de mudar de vaso. Então acabei mesmo por o meter na terra, em frente da casa, onde apanhará bastante sol. Um ano depois também já tem um pequeno filhote a nascer junto à terra.



A Natureza Detesta o Vazio (8)

 Saio do hospital a ficar a saber que tenho um dedo partido e, no caminho para o carro, deparo-me com um feto a nascer numa bomba de água. 


domingo, 21 de setembro de 2025

Mais uma Flor da Stapelia hirsuta

 Depois de ter florido no final de julho, voltou a florir no início de setembro e tem aberto de vez em quando mais flores.

sábado, 20 de setembro de 2025

Adeus Lilás, Olá Cereus

 Foi das últimas coisas sobre o jardim que comentei com a minha mãe. Iria arrancar o lilaseiro (Syringa vulgaris) e plantar lá outra coisa porque, como expliquei anteriormente, as heras tinham tomado conta dele e muitos ramos estavam apodrecidos, e porque estava sempre a rebentar em volta no solo, e o melhor talvez fosse mesmo arrancar e plantar outra coisa. Ainda por cima porque na frente da casa  que plantei outro lilás na frente da casa e não perderia a espécie. 

Então, a primeira tarefa foi cavar à volta e cortar todas as raízes. E depois, com a ajuda de uma alavanca de ferro, começando a levantar aquela enorme cepa, e cortando o resto de raízes, acabou por sair facilmente. 



E o que plantar ali naquele sítio? Naquela zona, do lado do vizinho tenho o feto arboreo, uma cyca e vários catos. E cheguei mesmo a pensar plantar ali uma segunda cyca, e desloquei-me a Guimarães para comprar uma grandinha a bom preço, mas depois de várias peripécias em que a pessoas que estavam a vender não tiveram muito respeito por mim, e depois de ter perdido quase duas horas na viagem acabei mesmo por desisitr da comprar, e resolvi plantar ali um cato, um cereu bem bonito que já me quiseram comprar mas que não acedi. 

O Cereus era este que já cá tinha mostrado anteriormente:


E então, toca a plantá-lo no enorme buraco de onde saiu o lilás e ficou assim:



A Natureza Detesta o Vazio (7)

 Sei que nem sempre a sementeira de salsa corre como esperado. No entanto as sementes nascem onde encontram condições favoráveis, mesmo que à partida nos pareçam o mais inóspitas possível, como uma mera fenda no cimento. 



domingo, 7 de setembro de 2025

Fui só Comprar Pão ao Lidl

 Foi no final de Maio que passei no Lidl com ideia de comprar umas pequenas coisas para casa e acabei por comprar, por impulso, este pequeno vaso com estes cinco pequenos catos do género Mammillaria, porque já tive um gigante, com muitos anos, mas que mudei para a terra, num sítio onde não se deu, e, infelizmente acabou por morrer, e, lembrar, também, que foi com este género que descobri, com o mesmo cato que morreu, aquando o ter comprado, que lhes espetavam flores!

É um cato de crescimento muito lento, mas veremos como vai evoluir. 


Entretanto, três meses depois, já se nota que cresceram um pouco