sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Um Ano na Vida de uma Folha

Uma excelente descrição do papel e da importância das folhas, bem como do seu ciclo anual ao longo das diferentes estações. Artigo muito interessante de Kasha Patel e Emily Wright publicado ontem no jornal Washington Post




"Seria difícil encontrar uma parte da natureza que faça tanto quanto uma folha.

As folhas de uma árvore são a razão pela qual conseguimos respirar e descansar à sombra num dia de sol. O papel das folhas é essencial nas nossas vidas, mas vale também a pena admirar as ações subtis do dia a dia que lhes permitem prosperar no nosso planeta.

"O ciclo de vida de uma folha é bastante mágico," disse Andy Finton, ecologista florestal na The Nature Conservancy em Massachusetts. Esse ciclo permitiu às árvores “sobreviver e prosperar tanto nos verões quentes como nos invernos frios,” explicou.

As árvores fazem adaptações conforme a sua localização e o clima. As árvores perenes, como os pinheiros, abetos e píceas, são comuns em regiões frescas e do norte; elas mantêm as folhas e permanecem verdes durante todo o ano.

As árvores decíduas — que em latim significa "cair" — perdem todas as folhas numa parte do ano. Estas árvores de folha larga encontram-se geralmente em zonas temperadas, como o leste dos Estados Unidos e algumas regiões do oeste da Europa.

Desde o botão à floração, muitas folhas das árvores decíduas vivem todo o seu ciclo de vida num único ano. A mudança de forma, cor e tamanho é visível para quem observa. Internamente, as folhas passam por transformações químicas.

Segue-se uma descrição das mudanças anuais, visíveis e invisíveis, nas árvores decíduas.

PRIMAVERA

A primavera é a estação dos novos começos. As folhas jovens já se encontram dentro dos botões, que se formaram meses antes. Com o aumento das horas de luz e das temperaturas, as escamas impermeáveis que protegem os botões caem. As pequenas folhas e flores começam a inchar e a desabrochar.

À medida que as folhas frágeis crescem, produzem um pigmento vermelho chamado antocianina, que ajuda a protegê-las de radiação solar excessiva, evitando danos, segundo Finton.

Cada folha transforma-se também numa “cozinha” para a árvore. As folhas produzem um composto chamado clorofila, que lhes dá a cor verde e ajuda a absorver energia para que a planta possa fabricar alimento. Esse processo, chamado fotossíntese, transforma a luz solar e o dióxido de carbono no oxigénio que respiramos. Produz também açúcar, que nutre a planta e permite que ela se torne fonte de alimento para todos — incluindo nós, em alguns casos.

As folhas atingem o seu tamanho máximo por volta da metade da primavera, embora um inverno mais ameno possa fazer com que apareçam mais cedo. No verão, é o momento em que realmente prosperam.

VERÃO
As folhas atingem o seu pico de verde, e muitas outras crescem para absorver mais sol e produzir mais alimento.

Algumas folhas podem parecer mais escuras devido à acumulação de taninos — o químico que faz o chá parecer castanho — para afastar os insetos. O gosto amargo dos taninos, diz Finton, impede que os insetos as devorem.

As árvores que estão ao sol começam também a preparar-se para o inverno. À medida que os dias se encurtam após o solstício de verão, as árvores reduzem a fotossíntese e absorvem o nitrogénio das folhas. O nitrogénio ajuda a árvore a produzir compostos que protegem as células de congelarem. Mais de metade do nitrogénio nas folhas é transferido para os tecidos lenhosos até ao final de setembro, segundo o Serviço Nacional de Parques. Os botões para o ano seguinte começam também a formar-se no verão e nos meses seguintes.

Com verões mais quentes devido às alterações climáticas, o tempo de crescimento das árvores está a mudar. A investigação mostrou que temperaturas anormalmente quentes antes do solstício de verão podem acelerar o crescimento, mas as árvores também deixam de fornecer nutrientes às folhas mais cedo nas florestas do norte. Secas e eventos de calor extremo podem fazer com que algumas folhas murchem e morram antes de mostrarem as belas cores do outono. No Arizona, os investigadores registaram como um pinheiro ponderoso pareceu parar de crescer a meio da estação no ano passado, após um calor recorde.



OUTONO

As árvores não precisam de um calendário para saber que é tempo de perder as folhas. Embora a temperatura e a chuva sejam importantes, o principal gatilho das cores vibrantes do outono é a redução da luz solar.

Com a diminuição das horas de luz, as folhas recebem menos sol para produzir alimento. Tal como um urso que se prepara para hibernar, a árvore continua a acumular recursos para sobreviver à estação fria. Isso inclui quebrar compostos, como a clorofila, e enviar os nutrientes de volta para o tronco e raízes para serem usados na primavera seguinte.

"No outono, as árvores evoluíram uma estratégia de adaptação para manter os nutrientes e evitar danos," disse Finton.

Quando as folhas perdem a clorofila verde, revelam as suas cores verdadeiras: os laranjas e amarelos naturais (produzidos por pigmentos chamados carotenoides). A cor de uma folha depende do tipo de pigmento que contém.

Com a luz solar em declínio, as folhas produzem açúcares durante o dia que ficam presos por noites mais longas e frescas. Esses açúcares levam à produção de pigmentos, como as antocianinas, que acrescentam um toque de vermelho vibrante às folhas amarelas e laranja que agora se revelam. Carvalhos, áceres e corniso são conhecidos pelas suas folhas vermelhas.

Enquanto perdem a cor verde, a árvore está também a isolar-se dos elementos agressivos do exterior. Novas células, chamadas camada de abscisão, formam-se na base da folha e cortam a sua ligação à árvore. Isso interrompe o fluxo de água para a folha e o transporte de hidratos de carbono de volta para a árvore. As folhas acabam por se desprender completamente e morrem.

Nas últimas décadas, cientistas observaram que as folhas em algumas partes do nordeste dos Estados Unidos estão a atrasar a mudança de cor em cerca de uma semana devido às alterações climáticas. O calor prolongado no outono, especialmente à noite, afeta a produção de pigmentos vermelhos de antocianina. Outonos quentes podem também degradar os pigmentos e suavizar as cores das folhas.

INVERNO

As árvores perenes, como os pinheiros, abetos e cedros, conseguem suportar as duras condições de inverno. O revestimento ceroso das suas folhas em forma de agulha permite-lhes conservar a água. Além disso, o fluido dentro das células resiste ao congelamento. Estas árvores tendem a manter as folhas durante muito tempo, acabando por perdê-las apenas com o passar dos anos.

Para uma árvore caducifólia, o inverno é um tempo de descanso. As folhas caíram e os nutrientes estão armazenados em segurança no interior da árvore. Se as folhas permanecessem na árvore durante o inverno, ficariam quebradiças e perderiam todos os nutrientes. "É uma técnica de economia de água e nutrientes enviar esses nutrientes de volta ao tronco e raízes," afirmou Finton.

À medida que se decompõem no solo, as folhas devolvem nutrientes à terra. Oferecem também um habitat para a fauna, como lagartos, tartarugas, rãs e insetos, que procuram abrigo durante o inverno. Os botões que começaram a crescer na árvore também se abrigam. Tal como as pessoas precisam de um cobertor, os botões são envoltos numa capa resistente e impermeável para proteger os seus elementos preciosos do clima rigoroso. Essa capa cai com a subida das temperaturas na primavera, e os botões abrem-se e crescem. O ciclo recomeça.

domingo, 20 de outubro de 2024

Sentido Obrigatório Giratório

 Caminho por umas quelhas de Gaia e dou de caras com esta sebe de heras, que, entretanto, resolveu trepar o sinal em sentido de rotunda...



... ainda que, afinal, o sinal fosse de limitação de velocidade a trinta centímetros de crescimento por mês!

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Stapelia: Este Ano Deu Flor um Mês Depois

No ano passado floriu no início de setembro e depois em novembro. Este ano deu flor a meio de outubro, mas parece estar com muitas florizinhas pequeninas que, se acontecer o mesmo padrão do ano passado, abrirão lá para novembro ou dezembro. 




quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Matar Austrálias e Mimosas sem Dores nas Costas


As mimosas e austrálias que tinha descacado para secarem, procedi como tinha visto fazer, que era descascar mais ou menos um metro e retirar bem a casca até às raízes.

Mas por estes dias vi estas quatro descascadas só ali aquele bocado, talvez uns 80cm, e, como se pode ver, já estão bem secas, portanto resulta na mesma.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Ruas Cobertas por Árvores

Há muito que venho reclamando do desprezo com que as autarquias tratam as suas árvores que, quando encontro uma rua totalmente coberta pelos ramos das árvores, é quase uma surpresa. Não foi agora que conheci Vila Verde, mas foi desta vez parei e tirei esta fotografia.  

Gosto muito destes autênticos tuneis de árvores que tornam as ruas frescas no verão e que, sendo árvores caducas, permitem que o calor do sol se espalhe no inverno. 




quarta-feira, 25 de setembro de 2024

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Desenvolvimento da Unha-de-Gato em Três Meses

 No fim de Maio tinha comentado aqui que iria pintar o muro de verde. É verdade que vai demorar, mas em noventa dias dias já tem uns salpicos de de verde:




domingo, 25 de agosto de 2024

E a Floresta Laurissilva Não Arde Assim....


 Nunca visitei as ilhas. Gostaria muito, principalmente de visitar os Açores, mas dado o meu desconforto quando penso em aviões, nunca aconteceu. Daí que não conheça ao vivo com é a paisagem das ilhas. 

Nem todos os anos são anos de muitos incêndios, quer pelas condições climatéricas, mas principalmente pela simples razão que, onde ardeu, é preciso que o mato e arvoredo volte a crescer, e são precisos alguns anos, para que de novo volte a arder com violência, seja por incúrias, seja por intencionalidade. 

E este ano o grande incêndio que ainda está a lavrar, e há mais de dez dias, é na Madeira. 

E Madeira faz-me lembrar da Floresta Laurissilva, património mundial da UNESCO:

"A Floresta Laurissilva é o nome por que é conhecida a floresta indígena da Madeira, constituída predominantemente por árvores e arbustos de folhagem persistente, com folhas verde-escuras e planas. Já existia aquando da chegada dos navegadores portugueses e é considerada uma relíquia do Terciário. Ocupa uma área, de cerca de 15000 hectares, o equivalente a 20% do território da ilha e localiza-se, essencialmente, na costa Norte, dos 300 aos 1300 metros de altitude, e na costa Sul persiste nalguns locais de difícil acesso, dos 700 aos 1200 metros."  (IFCN)

E ingenuamente perguntei-me: "uma floresta nativa não pode arder assim com esta violência, tal como não arderia, por exemplo, uma floresta de carvalho, sobreiro, medronheiro e azevinho, as espécies típicas do continente - será que há eucaliptos na Madeira"?

A primeira resposta que a internet me deu veio do blog Botânica das Ilhas e a resposta não poderia ser mais esclarecedora:

"Na ilha da Madeira, esta espécie foi introduzida à cerca de 200 anos, tornando-se muito frequente entre os 400 e 1200 mts de altitude, sendo amplamente cultivada para combustível, todavia, hoje tornou-se numa planta invasora."

E após uma breve pesquisa, eis que encontro no site do Jornal da Madeira:

"A CDU realizou nesta manhã de quinta-feira, uma iniciativa política sobre a falta de investimento das entidades governativas para evitar a propagação descontrolada de espécies infestantes nas zonas altas do Funchal, como as acácias e eucaliptos

Nesta iniciativa a deputada municipal, Herlanda Amado, denunciou que, “passados 8 anos dos incêndios de 2016, pouco ou nada foi feito no combate às espécies invasoras como os eucaliptos. Neste mesmo local, no Caminho dos Três Paus à Viana, este problema não só se mantém, como até agravou!”, pode ler-se no comunicado enviado.

O partido acrescenta, dizendo que, “este foi um dos grandes focos dos incêndios em 2016, mas como nada foi feito nas zonas ardidas, por cada eucalipto queimado nasceram novos 7 a 10, como é visível neste local

Infelizmente não estava a ser ingénuo. Invasoras como os eucaliptos e as mimosas são um problema sério e um dos grandes responsáveis pelos incêndios em Portugal (e também na Madeira), e governo após governo ninguém faz absolutamente nada. 

*imagem é da Notícias Magazine