terça-feira, 3 de setembro de 2013

A moda das oliveiras

De repente, por todo o lado onde olho, vejo uma oliveira! Não sei bem quem se lembrou da ideia, se existiu um verdadeiro lobby da oliveira, mas a verdade é que alguém começou e agora de repente toda a gente parece querer ter uma casa, nem que seja por os outros todos terem uma!

Eu confesso que não é árvore que me entusiasme por aí além, pelo menos uma árvore dessas que se compram nas grandes superfícies. Um tronco a direito com uma bola de folhas, mais ou menos como uma criança desenharia uma árvore! Claro que uma oliveira com muitos anos, com um tronco envelhecido tem outra imponência, mas isso todas as árvores envelhecidas têm, aliás, como as pessoas também têm, apesar de nos dias de hoje ser velho e ter rugas parecer quase uma heresia.

Para mim as oliveiras deveriam estar é no olival e colherem-se as azeitonas para fazerem azeite! Só que o problema começou há uns anos. Estávamos nos meados anos anos oitenta do século passado e Portugal acabava de aderir à Comunidade Económica Europeia. Com a entrada na CEE os políticos prometiam que era desta que íamos todos ficar ricos, afinal já vivíamos em crise, pelo menos desde o terramoto de 1755! Vieram os subsídios para tudo e mais alguma coisa, e vendiam-nos a ideia que a agricultura (e as pescas) não eram precisas para nada, pois era muito mais barato comprar tudo ao estrangeiro que produzirmos nós mesmos as nossas coisas. Cortaram-se vinhas inteiras, acabou-se com a produção generalizada das culturas e em troca recebiam-se chorudos subsídios que serviram para comprar jipes e carros desportivos. (Ironicamente o tipo que teve a brilhante ideia de destruir a agricultura e frota pesqueira portuguesa vem agora dizer que a salvação do país está na agricultura e pescas.)

Enquanto por cá se estavam a arrancar oliveiras no Alentejo, camiões vindos de Espanha vinham para as carregar e levar para o outro lado da fronteira. Aquilo que para nós era lixo para os espanhóis era reaproveitado.

Especulando um pouco, é essa a explicação que encontro para que subitamente, velhas oliveiras terem saído do olival e começassem a servir de decoração em centros comerciais, jardins públicos, e de repente parece que toda a gente quer ter uma no jardim de casa!

Um dos mais recentes exemplos do uso de oliveiras num novo espaço comercial é no centro do Porto, entre a Torre dos Clérigos e a Livraria Lello. Vejamos como era o espaço antes das obras com a ajuda das imagens do Google Maps:



Atualmente a coisa ficou assim:



Vou deixar de lado observações sobre a questão arquitetónica e centrar-me unicamente no lado estético das oliveiras no topo do edifício. Devo confessar que gosto da ideia de jardins no topo dos edifícios, é também uma espécie de nova moda, o pensar verde e sustentável, mas é uma boa moda. 
Acho que as oliveiras resultaram bem ali, só tive pena que o espaço ainda esteja todo vedado com rede das obras, isto meses depois de ter sido inaugurado, mas estamos em Portugal não se pode exigir muito não é?

Aqui ficam algumas fotos tiradas hoje de manhã enquanto me confundia no meio de um montão de turistas!





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