quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Transplante delicado

Uma das regras básicas em jardinagem  é nunca comprar uma planta sem a conhecermos minimamente. Há alguns anos, ainda eu não me tinha dedicado verdadeiramente a cuidar do meu terreno, a minha mãe pediu-me para plantar algumas plantas que tinha comprado porque achava-as bonitas, e que iriam embelezar o espaço. Mas mais tarde percebi, que ela não fazia a mínima ideia do que tinha trazido para casa!

De uma dessas plantas eu só sabia uma coisa: picava que se fartava! Entretanto há poucos anos comecei a fazer umas renovações no terreno (ainda não se podia chamar jardim!) e tratei de pesquisar acerca daquela planta em particular. Ora aquela planta que a ingénua da minha mãe pensava que seria uma espécie de cato, mais não era que uma árvore que pode crescer até aos quarenta metros de altura! 

De seu nome Araucária-do-Chile (Araucaria araucana) é uma árvore de crescimento lento - certamente o motivo porque são plantas bastante caras nas grandes superfícies - e que não devia ter sido plantada no sítio em que estava. Então resolvi na altura retirar a árvore da terra e colocá-la num vaso grande onde esteve até hoje. 

Há já algum tempo que sabia que a tinha de tirar daquele vaso, pois estava a crescer, e as raízes já deveriam ter ocupado completamente o vaso e iria ser uma enorme chatice tirá-la pois o vaso é em cimento e é pesadíssimo, só a muito esforço é possível arrastá-lo. 

Araucária-do-Chile (Araucaria araucana) 

A minha ideia inicial seria tentar retirar ao máximo a árvore com o torrão intacto, caso não fosse possível, provocar como é lógico o menos danos possíveis. E decidi-me fazê-lo hoje, porque entrou o outono, as temperaturas desceram e a partir de amanhã, choverá durante muitos dias seguidos, e usando o senso comum parece-me que isso é bastante favorável para a árvore. Mas isto é puro senso comum, pouco sei acerca da tolerância destas árvores ao transplante.

Para começar o trabalho, proteger as mãos, isto se não quisesse ficar com as mãos todas picadas das agulhas das folhas que fazem logo sangue mal se toca! E ter a consciência que a segurança está em primeiro lugar. O vaso como já referi é pesadíssimo, qualquer pequena distração pode tombar em cima de um pé e é uma chatice, ou então fazermos um esforço numa posição incorreta e darmos cabo das costas. Trabalhar com calma e com muita paciência era o que tinha em mente.  

A primeira coisa a fazer é descolar a terra das paredes do vaso, e para isso, e não arranjando nada mais apropriado, servi-me de uma verguinha de ferro que tinha e de um martelo, e encostava a verguinha ao vaso e martelava até chegar ao fundo e fui repetindo o processo ao longo de todo o perímetro do vaso.


Seguidamente tinha que tombar o vaso e ir tentando soltar o torrão abanando o vaso tentando como é óbvio não destruir o torrão todo! Como o vaso é muito pesado, coloquei uns troncos para o calçar, porque acho que se tombasse totalmente no chão já não teria força para o levantar de novo! De referir que estava sozinho e não tinha a ajuda de ninguém!





Quase duas horas depois, e depois de não sei quantas espetadelas e cortes nos braços consegui finalmente soltar o torrão. O fundo não descolou totalmente, as raízes já estavam demasiadamente fixadas no cimento, e a terra do fundo estava muito dura. Espero que a árvore não tenha sofrido muito e vamos ver agora se consegue sobreviver. 


Acabei por colocá-la para já num velho recipiente plástico, deve levar 80/90L, bem maior do que o espaço onde estava e agora é esperar que corra tudo bem.

4 comentários:

  1. Essa araucária é muito resistente. Eu tive uma que cresceu até 2 metros e decidi acabar com ela. Cortei-a mas resolvi aproveitar o tronco para servir de estaca na horta. Não é que no ano seguinte brotaram uns rebentos do topo do tronco?!! Ela pegou de estaca! Não tinha raíz nenhuma...:)

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  2. É bom saber isso! Mas há uns dois meses estive no Parque Biológico de Gaia, e eles têm uma árvore destas à entrada do espaço já com alguns metros de altura e vi-a com os ramos bastante castanhos e creio até que terá sido por isso que lhe cortaram os ramos mais baixos junto ao tronco. Se antes estava verdinha agora parecia que ia secar. E foi também por isso que fiquei um pouco preocupado com este transplante porque o torrão não saiu totalmente intacto. Vamos ver como corre! Obrigado pelo comentário.

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  3. Sim essa árvore fica com os ramos inferiores secos, foi por isso que resolvi acabar com ela. Ficava feia e picava muito! :D Mas pela pesquisa que fiz naquela altura fiquei a saber que ela precisava de muito espaço. É uma arvore que não suporta plantas perto dela para crescer saudável. Talvez fosse por isso que ela estava a ficar com os ramos secos... não sei!

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  4. No fundo isto é quase como um pinheiro pois pelas imagens que vi, quando atingem grande porte o tronco fica sem quaisquer ramos laterais e só os tem lá no cimo. Mas mesmo meia dúzia de metros são árvores muito bonitas, mas é preciso grande espaço. Se correr tudo bem com o transplante talvez depois tente trocar ou vender, com alguém que tenho um jardim bem grande!

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