Ainda me lembro muito bem, de ser muito pequeno, e sempre que passava aquele inseto que voava como um helicóptero, e que me deixava fascinado a observá-lo, toda a gente dizia "olha ali um tira-olhos"! E durante muito tempo, na minha ingenuidade de criança, perguntava-me mesmo se me deveria proteger de tal criatura diabólica, não fosse aquele nome ter algum fundo de verdade e eu correr sérios riscos de ver os meus olhos arrancados.
A ignorância do homem criou mitos e preconceitos e até as libelinhas que apareceram milhões e milhões de anos antes do Homem, foram diabolizadas, daí serem chamadas de tira-olhos ou cavalinho-das-bruxas. Estima-se que as libélulas aparecem há 320 milhões de anos, cerca de cem milhões de anos antes dos dinossauros, e devido à sua extrema perfeição, pouco ou nada mudaram até aos dias de hoje, a não ser o tamanho, porque quando surgiram, tinham cerca de 70cm de envergadura e isso consegue-se saber através dos fósseis que chegaram intactos até aos nossos dias.
Chamamos libélulas às maiores, as que têm as asas posteriores maiores que as anteriores, e quando pousam mantêm as asas abertas, ao passo que as libelinhas, mais pequenas, quando pousam fecham-nas junto ao corpo.
Libélula pousa mantendo as asas abertas |
As libelinhas pousam mantendo as asas junto ao corpo |
As libélulas são consideradas as aves de rapina dos insetos, são caçadoras perfeitas, arrancam muito rapidamente e voam a grandes velocidades. As suas asas batem a umas incríveis trinta vezes por segundo e pensa-se que terão mesmo a melhor visão de entre todos os insetos. Os seus olhos compostos são enormes em relação ao corpo, ocupam grande parte da cabeça o que lhes permite uma visão de 360º. Alimentam-se da maioria dos insetos voadores como moscas, mosquitos, vespas, borboletas e são conhecidas também por se alimentarem por outros indivíduos da sua espécies (canibalismo). Este ano tive a oportunidade de conseguir captar uma libelinha a caçar como se pode ver na imagem:
Calopteryx virgo |
Foi a primeira vez que consegui fotografar uma libelinha a caçar e também a primeira vez que fotografei esta espécie. Esta espécie, além de não ter as asas transparentes como as libélulas, apresenta um voo mais gracioso e o bater das asas assemelha-se ao de uma borboleta.
Encontrei esta espécie no rio Gadanha mesmo junto ao Palácio da Brejoeira em Monção. Vinha na estrada nacional à procura do Palácio e reparei na placa à direita "Praia fluvial". Resolvi então encostar e fazer um piquenique, para então depois de bem nutrido, visitar o palácio e jardins.
Palácio da Brejoeira em Monção |
Naquele local pude encontrar um grande grupo desta espécie naquele seu bailado caraterístico, pousam e depois, de vez em quando abrem e fecham as asas. Têm umas cores lindíssimas, um azul/verde metalizado cintilante quase hipnotizante que me levou a aproximar bastante da água só para as fotografar!
A vida das libélulas começa sempre na água doce. Os casais acasalam naquela posição única na natureza, em que formam um coração, e as fêmeas depositam um ovo diretamente na água, ou em plantas e rochas próximo da água, e depois, as chuvas encarregar-se-ão de os levar para a água.
Libélula a depositar ovos na água |
Do ovo nascerá uma larva que viverá durante vários meses, ou vários anos até, dentro de água, e já nasce com os olhos compostos caraterísticos e com o instinto de predação voraz. Alimentam-se de lagartas, larvas, mas também de girinos e pequenos peixes, podendo ter várias vezes o seu tamanho. Até que chega o momento de sair da água e transformar-se de larva em libélula. Depois da metamorfose, e se não forem caçadas por outros animais, acabam por morrer naturalmente passado algumas semanas, e no fim de vida apresentam já muitas vezes a ausência de partes das asas, tal como acontece como as borboletas.
Adoro a Calopteryx virgo, foi a espécie que pousou na cabeça da minha irmã quando estava a remar um barquinho num lago...:) Parece que tem asas de veludo azul marinho, e o corpo é todo irisado...olha, lembra-me um bocado as penas dos pavões *w*
ResponderEliminarSão mesmo muito bonitas. Encontrei também uma aqui na aldeia num charco onde costumava ir buscar lodo para as plantas aquáticas. Para o ano vou ir lá mais vezes ver se as encontro para fotografar.
ResponderEliminar'vou ir lá' hehe :)
ResponderEliminarOlá! Sim já estive aqui a ver o teu blog também. Acho que sabes tirar fotos e tens um blog muito interessante.
ResponderEliminarUm abraço! Vou acompanhar.
Eu também vou começar a passar pelo teu ;)
EliminarAbraço.