A decisão de se construir o jardim do Passeio Alegre foi tomada em reunião da Câmara do Porto de 12 de Junho de 1860, ou seja, vinte e quatro anos depois (1836) da freguesia de S. João da Foz do Douro ter sido integrada no concelho do Porto. Até aí, o que havia no espaço hoje ocupado pelo belíssimo jardim era uma "Alameda"(...)
Antes da "Alameda", o que havia, naquele mesmo espaço, era um longo areal, uma praia "coalhada de varais de madeira onde os pescadores estendiam as suas redes..." Chamava-se a esse sítio a Cantareira... (Germano Silva)
Já há algum tempo que queria escrever sobre este jardim da cidade do Porto, mas nos últimos tempos, e sempre que por ali passei, uma ou outra vez, este encontrava-se em obras de requalificação, o que me impossibilitou de recolher as necessárias imagens.
Antes da "Alameda", o que havia, naquele mesmo espaço, era um longo areal, uma praia "coalhada de varais de madeira onde os pescadores estendiam as suas redes..." Chamava-se a esse sítio a Cantareira... (Germano Silva)
Já há algum tempo que queria escrever sobre este jardim da cidade do Porto, mas nos últimos tempos, e sempre que por ali passei, uma ou outra vez, este encontrava-se em obras de requalificação, o que me impossibilitou de recolher as necessárias imagens.
Mas no último fim-de-semana, o primeiro em muitos em que não choveu, meti a bicicleta no carro, e após um pequeno périplo por dois parques de Gaia, atravessei para o Porto, e fui pedalar ao longo do rio Douro, e entrei Jardim do Passeio Alegre adentro, onde se realizava uma feirinha de artesanato e produtos gastronómicos.
E como este sábado, como tive de me deslocar ao Porto, aproveitei o dia, de verdadeiro verão, para passar por lá e recolher algumas fotografias, dentro do que foi possível, pois na zona do coreto estava delimitado, e uma banda encontrava-se por lá a ensaiar.
O Jardim do Passeio Alegre situa-se junto à Foz do Rio Douro, e foi projetado no século XIX por Emile David, o arquiteto-paisagista responsável por vários outros jardins na cidade, o mais conhecido, como já referi aqui no blogue os Jardins do Palácio de Cristal.
Quem vem da Ribeira em direção à Foz pela estrada junto ao rio, a primeira coisa com que se depara quando chega ao Jardim do Passeio Alegre é uma enorme alameda de palmeiras (também elas a serem tratadas contra o escaravelho que as tem dizimado ao longo de todo o país) e dois obeliscos, ao centro, na entrada do jardim.
E um dos motivos por que eu queria falar deste jardim, é também pelo pedaço de história que nele encontramos logo à sua entrada, precisamente os dois obeliscos com 12 metro e meio de altura. São da autoria de Nicolau Nasoni, e estão ali mas são provenientes do Carvalhido, a primeira entrada da Quinta da Prelada.
"Estes esbeltos obeliscos assentes em bolas, segundo um motivo maneirista dos séculos XVI e XVII, terminando em torres de dois 'corpos' ou andares, tirados do brasão dos Noronhas. Na base dos obeliscos figura o anel de aliança dos Meneses, no meio de um pesado bloco, cujo perfil sugere o da imafronte da Capela de Fafiães. Por cima da cornija aparecem volutas típicas de Nasoni, formando uma peanha de corte prismático, como transição às esbeltas superfícies diagonais dos obeliscos, sensivelmente ajustadas para capturar expressivos efeitos de luz e sombra" (Robert C. Smith)
No livro "O Porto em 7 dias" de 1989, encontrei esta imagem, que mostra como mais recentemente se criou um prolongamento do jardim, na frente do Obeliscos, impedindo assim, os automobilistas de fazerem do espaço envolvente uma quase rotunda.
Neste prolongamento, relvado, com um leve ondulado, foi plantada uma oliveira, com uma pequena pedra. Aproximei-me e vi tratar-se de uma homenagem da Associação Portuguesa de Escritores, a Eugénio de Andrade, poeta da cidade, falecido em 2005.
"com as últimas águas partem as árvores
um sorriso é então todo o jardim"
Mas entremos jardim adentro, pelo meio dos Obeliscos. O jardim tem uma alameda central e a área vai alargando para os lados formando quase um triângulo perfeito como se pode ver na vista aérea do Google.
Existem dois lagos, este é o primeiro, que contém dois motivos escultóricos: "A menina e a foca" de Dário Boaventura (1953) e "São João Batista" de Alberto Amorim.
Faltam ainda alguns elementos do jardim, como o coreto, e o Chalet Suisso de 1874. De salientar também que parte do jardim está vedado e ocupado por um espaço de Mini-Golfe.
Talvez volte ao Jardim do Passeio Alegre para nova recolha de imagens em falta, e talvez seja mais interessante fazê-lo numa estação mais florida.
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