sábado, 31 de janeiro de 2015

Cato em flor - Rhipsalis

Mais um cato a florir por estes dias. 


Comprei-o há coisa de um ano, era pequeno e rapidamente cresceu vigorosamente. Não está protegido, está ao tempo, e a apanhar a imensa geada que cai em minha casa, e será por esse motivo, que algumas ramificações estão avermelhadas, e parecendo-me por isso, que é bastante resistente. 



Coloquei-o numa taça em plástico, e ele começou a crescer, e a cair.







Indignação: Autarcas que semeiam a morte

Durante as últimas semanas, pude constatar mais da mesma revoltante pouca vergonha. Em Gaia, trabalhadores da SUMA, empresa privada que enriquece com o negócio do "ambiente", pulverizavam zonas verdes delimitadas por passeios ,por exemplo, à volta do Estádio Jorge Sampaio, e que rapidamente passaram a zonas castanhas e sem vida. E eu só me perguntava "porquê"? Afinal a quem interessa o uso dos herbicidas? 
Já em setembro passado me revoltei contra pulverizações efetuadas aqui na minha aldeia, junto das habitações, das hortas e dos jardins das pessoas, e reportei a situação num e-mail bem esclarecedor, com fotografias e tudo à Junta de Freguesia. Infelizmente, só obtive o silêncio como resposta. 

O que se passa é muito grave e só a ignorância ou desconhecimento das pessoas pode fazer com que este estado de coisas se mantenha. Certo dia apercebi-me que as ervas junto ao passeio da minha casa estavam secas, e de imediato estranhei o facto, e foi então em conversa com os meus pais, que fiquei a saber, que foi a empresa (mais uma vez privada), a Rede Ambiente, que andou a aplicar herbicida, junto das casas das pessoas por toda a freguesia, e certamente que só o fizeram com a devida autorização da Junta de Freguesia ou da Câmara Municipal. Contaram-me os meus pais, que tiveram mesmo de berrar com a pessoa que andava a aplicar o veneno mortal, pois apesar da berma da estrada estar limpa de ervas junto ao muro de suporte do terreno (até porque muitas vezes são mesmo os meus pais que limpam) o trabalhador estava empenhado em pulverizar na mesma, sem qualquer espírito crítico, e não vendo que iria matar a sebe de maracujás que os meus pais têm, mesmo junto à estrada. 

Maracujá roxo

Depois deste acontecimento, não pude deixar de estar atento e observar o que se passava um pouco por toda a aldeia. Tudo que era berma de estrada estava seco, castanho, morto. Incluindo espécies autóctones, e algumas protegidas por lei, como o sobreiro por exemplo. Afinal, parece que esta empresa privada, acha que está acima da lei, pois estes trabalhadores empenhados matam tudo o que encontram pela frente. 

Sobreiro seco a mais de um metro da estrada


Extensa faixa morta incluindo um castanheiro e vários sobreiros

Aplica-se o herbicida, mata-se toda a vegetação, contamina-se os solos, e envenena-se o solo, mas afinal qual é o benefício? Será que é o gosto pelo castanho em detrimento do verde? Não encontro outra explicação. 

Aplicou-se herbicida, mas os fetos continuam a estorvar a quem passa

Aplicou-se o herbicida e ali ficaram os fetos, secos, que continuavam a estorvar a carros, ciclistas como eu, ou peões que passem. Mais tarde, e já depois da minha reclamação, os trabalhadores andaram então a cortar a vegetação seca. Mas então qual é a lógica disto tudo? Não poderiam ter cortado a vegetação, enquanto estava verde sem aplicar o veneno, e matar e contaminar tudo à volta? No fundo tiveram dois trabalhos, uma duplicação de tarefas que só mais prejuízo. E eu volto a insistir: a quem dá lucro o uso dos herbicidas? Mas esta obsessão pela morte e o ódio ao verde tem contornos absurdos. Na primavera do ano passado, escrevia aqui sobre a diabelha, planta com propriedades medicinais, que cresce naturalmente por entre o empedrado da estrada. Pois bem, até aquela erva, que não deve ter mais de um milímetro de altura, pois os carros e pessoas a pisarem não a matam, parece que incomoda esta empresa Rede Ambiente, e os seus trabalhadores, pois tiveram o cuidado de espalhar herbida na própria estrada, para matar todo o qualquer ponto verde. Basta ver o antes e o depois. 

Diabelha no empedrado

Nem a estrada escapa à aplicação do herbicida

Mas pouco tempo depois foi ainda maior a minha revolta. No meu próprio relvado, imaculadamente verde e cuidado por mim, encontrei uma mancha de relva seca, com uns dez centímetros de diâmetro, prova mais do que evidente que da pulverização, saltou herbicida para o meu terreno, a uns cinco metros de distância. 

Salpico de herbicida no meu relvado...

...a cinco metros da estrada


Quer dizer, assinei uma carta compromisso "Jardim ao Natural" da LIPOR, comprometendo-me a não aplicar pesticidas nem herbicidas no meu jardim, e vêm estes autarcas ignorantes, permitir que uma empresa privada contamine tudo aquilo que eu cuido com tanto cuidado. Mas afinal em que país é este em que vivemos? Eu volto a perguntar a quem me quiser responder: qual é a lógica da aplicação de herbicidas junto das populações, dos seus jardins e das hortas? Dêem-me uma e só uma vantagem para as pessoas da aplicação dos herbicidas. Só uma. 

Cada vez mais são conhecidos os efeitos negativos do Glifosato, o herbicida mais vendido em Portugal e no mundo, tanto para o meio ambiente como para as pessoas, em especial a sua toxicidade crónica, efeitos hormonais e cancerígenos. As consequência do uso dos herbicidas estão à vista de todos, a contaminação ambiental, problemas para a saúde de animais de pessoas, e a criação de ervas infestantes resistentes aos próprios herbicidas, uma coisa mais ou menos semelhante à resistência que o nosso corpo ganha face ao uso excessivo de antibióticos. 

A QUERCUS tem uma campanha contra o uso dos herbicidas nos espaços públicos. Até ao momento só quatro municípios e oito freguesias aderiram. Compete-nos a nós fazer força para que este estado de coisas se inverta. Eu já questionei a minha Junta de Freguesia. Certamente ficarei sem resposta, mas se muitos mais se revoltarem e insurgirem contra este envenenamento generalizado, talvez os senhores autarcas comecem a abrir os olhos. 

Eu estou em crer que encontro o grande interesse da massificação do uso dos herbicidas. Desde logo no seu fabricante, a multinacional Monsanto, e certamente estas novas empresas privadas que aplicam a fatura às Câmaras Municipais. Nós pagamos com os nossos impostos, que vão direitinhos para o bolso destes privados do "ambiente" e pagamos também com a nossa saúde.

P.S. Quase duas semanas depois da publicação deste artigo, recebi resposta do presidente da junta de freguesia, que se mostra interessado nas minhas sugestões. Ainda bem.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Que bela....Urtiga!

Ontem, fui fazer a ronda pelo jardim, e pelas plantas - há muito que não faço nada ou muito pouco pois o frio e a chuva não dão tréguas - mas como estava um dia muito bonito e até soalheiro, lá andei a ver como estava a selva do meu mini-viveiro de plantas!

De repente olho, e vejo ao longe, numa pequena tampa de bidão serrada com alguma terra (onde costumo colocar folhas de suculentas a enraizar) e vejo uma bela planta, bem verdinha! Aproximei-me e de imediato vi que se tratava de uma urtiga que ali nasceu espontaneamente de alguma semente que ali caiu. 





Acho que grande parte de nós, em determinada altura, meteu as mãos numa urtiga, e de imediato se apercebeu que esta não é uma planta que goste de ser tocada! Vejamos mais de perto porquê:




Toda a planta está coberta por pequeníssimos pêlos, em que basta que neles toquemos levemente, para que de imediato sintamos um enorme prurido. 


Existem diversos tipos de urtigas (urtiga-branca, urtigão, urtiga-menor) mal geralmente não são muito amadas pelo homem pelas razões evidentes. Ainda assim, as urtigas são plantas medicinais, com muitas propriedades e diferentes usos. As urtigas podem ainda ser usadas como biopesticida ou acelerador da compostagem. 

No que à simbologia diz respeito, é curioso pois a urtiga é a planta de Vénus e simboliza a luxúria e mesmo a imortalidade. 

domingo, 11 de janeiro de 2015

Parque de São Roque

Estou em crer que o Parque de São Roque, na cidade do Porto, à semelhança, por exemplo, dos Jardins Nova Sintra e Jardim das Virtudes, é mais um espaço aprazível, com características de jardim romântico, desconhecido da maioria dos próprios portuenses. Esta minha afirmação baseia-se unicamente na afluência de pessoas que por lá vejo, quando lá me desloco, e que é pouca. E curiosamente, o Parque de São Roque, fica mesmo junto ao Estádio do Dragão, casa do maior clube de futebol da cidade, e junto também de um dos seus grandes centros comerciais, e como tal, local de grande afluência de pessoas que ali vão ver a bola ou fazer compras.

O espaço, com mais de quatro hectares, é disposto em patamares e tem duas entradas. Uma, a que eu habitualmente uso, na rua São Roque da Lameira que fica a sul no nível inferior, e a outra, virada a norte,  no patamar superior, na travessa das Antas. Entrando pela entrada da rua de São Roque da Lameira, temos de fazer o percurso sempre em subida mas depois descemos, ao passo que entrando pela travessa das Antas, descemos todos os patamares para depois ter de os subir. 

O Parque de São Roque tem vários motivos de interesse e que merecem uma visita: a casa apalaçada oitocentista de 1792; o belíssimo labirinto de Buxus sempervirens, as camélias (que estão agora em flor) o lago com a sua ponte, o espaço de recreio onde adultos e crianças podem brincar e que tem um pequeno lago com repuxos (a funcionar), a gruta; e muitos outros recantos e elementos escultóricos a descobrir sem pressa.

Entrando pelo portão da rua de São Roque da Lameira, depará-mo-nos de imediato com a casa oitocentista. Apesar do seu evidente e lamentável estado de abandono a que foi deixada por parte da Câmara Municipal, que adquiriu o espaço em 1979 à família Cálem, ainda assim permite admirar a riqueza dos seus pormenores. 

Passamos o portão em ferro da rua, e temos uma escadaria em empedrado, ladeada por canteiros com camélias (ou japoneiras) e podemos então começar por ver a casa e o espaço ao seu redor:



Camélia em flor


Anno de 1792


Pormenor dos beirais
Pormenor das grades nas janelas do rés-do-chão



Detalhe do pavimento do chão

Vinha virgem em destaque no outono






Nas traseiras da casa destaca-se uma estrutura em betão, simulando troncos de árvores, assente em cima de uma gruta e de um pequeno lago.




 Planta-jade (Crassula ovata)



Um outro espaço delimitado que encontramos a seguir, é uma zona povoada de camélias, com um imponente chafariz no centro, e bancos debaixo de uma estrutura com uma trepadeira, que agora de inverno se encontra caduca, permitindo assim apanhar alguns raios de sol. Ao fundo um tanque com alguns peixes. 









Acer palmatum despido

Ao fundo, uma parede cheia de heras e outras trepadeiras, que da última vez que lá estive, já invadiam completamente, uma estrutura que embelezava o tanque onde se viam alguns peixes.




Seguindo a visita sempre a subir, encontramos outro do ex-líbris do Parque de São Roque: o Labirinto.


Labirinto de Buxus sempervirens



Continuando a subir, encontramos um espaço amplo, com um lago com repuxos e uma área infantil. 





Numa vista superior, temos uma panorâmica para este espaço recreativo bem como para o labirinto.


Continuando pela estrada do parque, subindo escadas e caminhos, vamos chegando aos pontos de interesse a norte, o lago e a ponte por onde se passeiam patos, e outros habitantes, e também uma estrutura onde estão plantadas trepadeiras, em que a ideia é que subam e a tapem totalmente, 



A ponte do lago, com receção à porta!



Nesta zona do lago podemos encontrar alguns habitantes, como patos, gaivotas, pombas, gatos, gaios,  melros, e se não virmos, poderemos sempre ouvir o pica-pau verde com o seu canto estridente muito caraterísitco. Desta última vez que lá estive, vi vários gaios a remexer na terra e musgo à procura de alimento, bem com os melros e um pica-pau verde, mas sempre muito esquivo que não consegui fotografar. 

Começando pelo gaijo que fotografei, muito ao longe, escondido atrás das árvores:

Gaio a remexer no chão

Gaivota empoleirada

Pombas nas árvores

Pombas e gaivota a aquecerem-se ao sol

Patos junto ao lago

Jovem gato a mirar-me escondido nas ervas!

Como referi, perto do lago, encontramos uma estrutura com pilares de granito e uma estrutura em ferro. Em cada pilar colocaram uma cana a servir de sustentação às trepadeiras. 




No que se refere às árvores, além das já referidas camélias, destacam-se algumas exóticas, como os imensos eucaliptos e austrálias, mas também podemos encontrar vários sobreiros.

Tronco de um imenso eucalipto

Sobreiros



Tronco do sobreiro em detalhe

Encontrei também uma árvore que ainda não identifiquei. Tem um tronco bastante atraente, e dá umas bolas um pouco maiores que o azevinho, e mais pequenas que cerejas. Recolhi uns frutos, quem sabe, depois se propaga.




Como referi no início, é um espaço aprazível, e que merece uma visita, assim como a casa merece também, sem dúvida que cuidem melhor dela. O Parque de São Roque fica mesmo junto ao Estádio do Dragão e a entrada é gratuita.


Parque São Roque visto no Google Maps