Não sei precisar, mas já foi há muitos anos (uns quinze talvez) que trouxe para casa um rizoma com uma gilbardeira, planta essa que recolhi no monte, perto do rio, junto à casa dos meus avós, e de certeza que nessa altura, nem sequer sabia o nome da planta. A esta distância nem sei ao certo porque o fiz, mas certamente que a planta me atraiu de alguma forma.
É uma planta que pode ser encontrada espontâneamente aqui pela zona onde moro (como por todo o país), mas só em zonas específicas, onde encontrará as melhores condições para se fixar. Este fim-de-semana, fui dar uma caminhada ao longo do rio, e encontrei algumas nos combros dos caminhos.
Gilbardeira na natureza (Ruscus aculeatus) |
Pelo que me tenho apercebido, a gilbardeira nasce em locais mais sombrios e abrigada pelo arvoredo. Estas estão até, como se pode ver na primeira fotografia, a poucos metros do rio Douro, num solo argiloso e pedregoso. As plantas que tenho observado na natureza, variam no tamanho que atingem, entre os trinta centímetros e o metro de altura, mas a planta apresenta sempre poucos caules que brotam dos rizomas. À semelhança, por exemplo do azevinho, as sementes podem originar plantas femininas que produzem frutos (bagas com cerca de 1cm) ou originar plantas macho que só darão origem a flores. Propagando-se pelos rizomas, como é lógico, os novos rebentos serão do mesmo sexo da planta mãe.
A Gilbardeira é uma espécie protegida em Portugal, não creio que por estar propriamente ameaçada, mas sim por ser alvo de grande colheita nesta altura do ano, em substituição do azevinho, para ser usada como decoração. Como já expliquei no artigo sobre o azevinho, se estamos a cortar ramos de uma planta fêmea, que contêm os frutos e as sementes estamos a impedir que a espécie se propague e isso irá contribuir para o seu desaparecimento.
Em casa, a planta que recolhi no monte, acabou por ser mudada para um sítio onde posteriormente acabei depois acabei por construir um terrário com tartarugas aquáticas que adotei.
Esteve muitos anos que não saiu da cepa torta, mas também é verdade que só mais tarde reparei que as rochas que coloquei em volta da planta, estavam a bloquear os rizomas de se propagarem, e depois que as retirei, a planta começou a alargar nunca mais parou! Aliás, nunca vi planta semelhante, tão compacta e densa, que além de ter caules com 1,10m, a planta toda tinha cerca de um metro de diâmetro, até que à poucas semanas a decidi transplantar, pois estava já a sombrear em demasia o lago.
Estando no espaço das tartarugas, esta gilbardeira ficou intimamente ligada às peripécias de uma tartaruga em particular, a maior que tenho, que parece ter criado uma fixação de a trepar, apesar desta planta ser bastante picante!
Não foi de ânimo leve que a decidi arrancar e transplantar a gilbardeira, porque como disse, estava a causar bastante sombra no lago. Ainda pensei em várias alternativas para plantar outra coisa no mesmo sítio, pois poderia pegar numa das muitas plantas que tenho e pôr ali, mas acabei mesmo por manter a mesma estética, e decidi plantar, no mesmo sítio, outra pequena gilbardeira que tinha num vaso, mas desta feita uma fêmea, que trará sempre um colorido diferente com as suas enormes bagas vermelhas.
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