O Parque da Quinta dos Condes das Devesas foi o último parque aberto ao público pelo município de Gaia sob a égide do Parque Biológico de Gaia. Tratava-se de uma antiga quinta, de gentes endinheiradas, que receberam já no século XIX títulos de condes e viscondes das Devesas, e que fruto da falta de descendestes, a quinta e o solar, acabou por ir parar à Misericórdia. O espaço foi deixado ao abandono, e foi já recentemente que se estabeleceu um acordo com a câmara municipal, e decidiu-se então, e bem, revitalizar o espaço e transformá-lo em parque aberto ao público e num Jardim de Camélias.
Segundo a brochura do parque, desenvolveu-se a ideia de um Jardim de Camélias, pois no espaço já existiam muitas camélias, e bem antigas - basta olhar para os seus troncos - e porque existe até uma variedade de camélia designada por "Camélia Conde das Devesas". Foram então esses dois factos que tornaram evidente enveredar por esta ideia.
O Parque/Jardim fica situado a dois passos do centro histórico de Gaia e do rio Douro, e junto aos Armazéns Porto Barros e da estação das Devesas. Da rua avista-se um muro alto e camélias, bem como árvores de grande porte, caducas, e que nesta altura do ano ainda se encontram despedidas.
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Vista da rua Dona Leonor de Freitas 162 |
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Mapa do Parque |
Logo à entrada uma enorme árvore, um tulipeiro (Liriodendron tulipifera) que segundo informação no local, tinha 34 metros em 2013, mas esta espécie pode atingir os 60 metros.
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Tulipeiro (Liriodendron tulipifera) |
Logo a seguir ao tulipeiro, e na frente do solar em ruínas, um pequeno lago, com peixes, uma estátua e papiros.
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Lago com estátua, peixes e papiros |
O solar, capela e anexos estão em ruínas. O solar estava coberto por trepadeiras (heras e ficus) que foram cortadas na frente, certamente para melhor se ver a fachada. Nas traseiras deixaram-nas lá ficar, e ao menos seguram nas paredes, pois aquelas trepadeiras já têm muitos e muitos anos. O interior, pelo que pude espreitar, está mesmo em ruínas.
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Solar em ruínas da Quinta dos Condes das Devesas |
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Ao fundo rododendro em flor |
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Do lado direito do Solar uma capela, também ela em ruínas |
Na frente do solar palmeiras, Segundo a placa informativa, trata-se de uma Palmeira-de-saia (Washingtonia filifera) que pode atingir os 23 metros de altura e tem frutos comestíveis. Encontramos vários outros exemplares de palmeiras no espaço, algumas a tentarem ser salvas, pois vi em algumas, tubos fininhos (de rega?) por elas acima, e julgo que seja a forma de aplicar algum inseticida para combater o escaravelho devorador de palmeiras que por aí anda.
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Palmeira-de-saia (Washingtonia filifera) |
As camélias podem ser encontradas um pouco por todo o parque. Desde as que já lá estavam plantadas há muitos anos, e as que foram plantadas especificamente para fazer o jardim das camélias, que estás nas traseiras, virado a sul. Ainda na frente do solar, e com vista para a Torre dos Clérigos, que fica na outra margem do rio Douro:
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Vista sobre o Porto |
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Camélia Capitão Rawes (Camellia reticulata) |
Dirigindo-nos para as traseiras do solar, encontramos então as camélias muito antigas que já existiam no local (designada por 7 - Alamedas das Camélias) e o Jardim das Camélias, plantada muito recentemente. Mal chegamos às traseiras, depara-mo-nos com duas magnólias, uma enorme Magnólia-sempre-verde (Magnolia grandiflora) e um híbrido, a Magnolia-de-foha-caduca (Magnolia x soulangiana) que tem a caraterística de florir antes de surgirem as primeiras folhas.
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Enorme Magnolia-sempre-verde (Magnolia x soulangiana) |
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Folhagem da Magnolia-sempre-verde |
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Magnolia-de-folha-caduca em flor (Magnolia x soulangiana) |
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As duas magnólias lado-a-lado |
Prosseguindo a visita, encontramos seguidamente a Alameda das Camélias, as tais que já lá estarão há muitos anos:
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Alameda das Camélias |
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Tronco imenso de camélia |
O espaço é delimitado por estas camélias à direita, e à esquerda, depois de passarmos a magnólia-sempre-verde passamos por uma gruta, estrutura em cimento armado.
Um pouco mais à frente, um grade lago, todo verde coberto por lentilha-de-água, e decorado com mais alguns papiros, e com uma ponte. Este espaço ainda não é visitável, pois uma placa alerta para o risco de derrocada.
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Lago com ponte, coberto de lentilha-de-água e alguns papiros |
Do lado esquerdo do lago temos uma Araucária-de-Norfolk (Araucaria heterophylla) e do lado do lago, um enorme loureiro, provavelmente o maior em altura que já vi.
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Araucária-de-Norfolk (Araucaria heterophylla) |
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Loureiro |
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Loureiro e Araucária lado-a-lado |
A partir daqui o espaço está dividido em socalcos com o Jardim das Camélias, que foram plantadas para comporem a nova coleção. Cada camélia está identificada com a variedade, espécie, e muitas vezes com a informação sobre o nome a que foi atribuído. Começando com a variedade da casa:
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Plantação no Jardim das Camélias |
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Camélia Saudade Martins Branco (Camellia japonica) |
São muitas as camélias plantadas, com nomes da nobreza e gentes endinheiradas de outros tempos, mas também se encontram algumas variedades homenageando alguns vultos das letras como Camões e Garrett.
Uma outra variedade chamou-me também de imediato a atenção. Dedicada a Nuno Oliveira, diretor do Parque Biolólico de Gaia e responsável pela criação do Jardim das Camélias e do Parque da Quinta dos Condes das Devesas, bem como de todos os outros parques de Gaia.
De resto, como é natural, nota-se que o espaço ainda está numa fase inicial. Foram plantadas azáleas por entre as camélias, e buxus a delimitar os canteiros, mas tudo levará o seu tempo a crescer, tal como as próprias camélias, que não são propriamente árvore de crescimento rápido.
Na imagem seguinte podemos ver mais uma palmeira, com a tal mangueira, que eu suponho que seja para aplicar algum veneno para matar o escaravelho, e vêem-se também as tais azáleas, ainda pequenas como falava anteriormente.
Destaque ainda para um tanque com nenúfares e papiros:
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Vista dos diversos patamares, ao fundo a Alameda das Camélias |
E está dada a volta pelo Jardim das Camélias, resta-nos regressar por onde entramos.
Um espaço a seguir com atenção. Agora é preciso dar tempo para que as plantas e as camélias cresçam, e tempo para que alguns restauros sejam feitos, e estou certo que aos poucos o parque e jardim terá ainda mais atrativos para que seja visitado. Em especial para os amantes das camélias, aconselha-se uma visita no inverno para as poderem observar em flor.
Os descendentes existem e ainda estão vivos.
ResponderEliminarObrigado.
EliminarEstive lá no final do ano passado, e quase não vi camélias nenhumas. Ou melhor, vi mas estavam no chão. Não sei se teve haver com o mau tempo que se fez sentir durante tanto tempo. Mas no fundo até gostei. Embora todo aquele espaço bem como a casa e a capela ainda careçam de algumas reabilitações, o que é certo é que até gostei. Reporta-nos para um tempo diferente, pelo menos a mim. E com tanta área verde, houve alturas em que por momentos pensei que estava algures em Sintra. xD
Eliminarhttps://proquemaviadedar.blogspot.com/
Quando dizes que viste camélias no chão referes-te às flores, é isso? É que as camélias são as árvores! As flores são as "flores das camélias"! Hehe
EliminarMas é muito normal isso. Este parte tem muitas camélias centenárias, grandes (além das muitas pequenas que foram plantadas) e a camélia é uma árvore que dá muitas flores e que por isso mesmo, ao longo de todo o inverno vão caindo. Tu varres hoje as flores e amanhã já tens muitas mais flores no chão! A vantagem é que ao menos tem a folha permanente.