Inicialmente a ideia inicial era ir até Santa Comba Dão e fazer só parte da Ecopista do Dão. Ir talvez até Tondela, ou fazer uns 25Km (metade do percurso) e depois regressar para almoçarmos, e de tarde dar uma volta pela cidade.
Mas mal cheguei já os meus amigos tinham planos mais ambiciosos em mente! Fazer a Ecovia toda, o que significava percorrer os cem quilómetros de extensão. Bem, na verdade tínhamos o dia todo por nossa conta, íamos fazer paragens, almoçar (levamos merenda) e certamente que iríamos encontrar cafés lá pelo meio para pararmos e nos refescarmos como fizemos na Ecopista da Linha do Tâmega . Mas os cem quilómetros nas pernas ninguém nos tiraria!
Tiramos as bicicletas dos carros e lá pusemos pés a caminho, ou melhor dizendo, pés nos pedais!
Estava uma manhã fresca, e tudo estava a decorrer lindamente até atravessarmos a ponte sobre o rio Dão. Pouco depois, a tragédia. Pffffff ouviu-se! O meu amigo acabava de furar. E não tínhamos remendos nem câmara de ar para a medida do pneu da bicicleta dele. Sim, é um pouco irresponsável, mas numa ciclovia asfaltada ninguém pensa que vai furar! Mas a verdade é que não foi só ele a furar, acabamos por depois ver mais algumas pessoas, paradas, e a reparar furos e no regresso também ainda estava reservada uma outra surpresa desagradável.
"Já estraguei tudo" disse o C. desanimado.
"Não estragaste nada!, acontece! Já me aconteceu a mim também"!
Pensamos em várias alternativas, por exemplo, ir visitar a cidade onde nasceu o ditador Salazar, e depois fazer uma caminhada, e quem sabe não se encontraria uma loja onde arranjar uma câmara de ar. Tudo de haveria de arranjar de uma maneira ou de outra para não dar por perdido o tempo o dinheiro que gastamos a viagem desde o distrito do Porto.
Até que eu me lembrei que passamos, logo no início do percurso, por um local, bem identificado, que alugava bicicletas! Poderiam ter câmaras de ar para substituir, ou até também se poderia alugar uma bicicleta. Parecia uma boa solução. E assim fizemos. Os meus amigos foram vindo nas calmas a pé, enquanto eu fui de bicicleta até à Abelenda Bike Rental. Entrei pela quinta adentro e como não fui vendo ninguém (apesar de ter o número de telefone cá fora!) continuei a pedalar até que já estava quase junto da casa e ouço um afirmativo "Bom dia!" e cães a latir a vir na minha direção! "Talvez já tenha vindo longe demais", pensei! Lá expliquei à senhora, alta, de olhos claros e sotaque estrangeiro (é holandesa), que precisava de ajuda para, ou comprar uma câmara de ar, ou alugar mesmo uma bicicleta. A senhora mandou-me esperar que ia buscar a sua bicicleta, e lá fomos ter ao barracão de madeira (que parece uma pequena casa pré-fabricada) onde estavam as bicicletas e respetivo material.
Quando a senhora me disse que alugar uma bicicleta custava 10€ telefonei ao meu amigo e contei-lhe que câmara de ar para bicicleta dobrável ela dificilmente teria. Mas ele nem pensou duas vezes e quis logo alugar a bicicleta! Lá tratei das formalidades, dos dados e do pagamento e entretanto eles chegaram. Deixou-se a bicicleta com furo lá, e trouxemos uma bicicleta grande (talvez roda 28) que ficou para a namorada do meu amigo, enquanto ele passou a seguir na dobrável dela como vemos na imagem em baixo.
Mas então por que é que várias pessoas furaram numa ciclova? Porque na zona inicial, três ou quatro quilómetros depois do início, e tal como me disse a senhora que aluga as bicicletas, eles andaram a cortar as silvas mas não limparam convenientemente o asfalto! Aliás, havia também restos de asfalto que, digo eu, conforme a pista vai sendo restaurada, (foi colocado asfalto daí não se ver o azul e colocados postes de madeira para fazer a vedação) deveria ser limpa e não se deixar ali tudo sujo.
A Ecopista do Dão, com os seus quase cem quilómetros (ida e volta) é a maior do país e foi inaugurada em 2011, fruto da parceria de três municípios: Santa Comba Dão, Tondela e Viseu. A própria ecopista está pintada com diferentes cores que identificam o município a que pertencem: azul para Santa Comba Dão, verde para Tondela e vermelho para Viseu.
Ao longo da Ecopista do Dão apanhamos zonas arborizadas, em que se pedala agradavelmente à sombra, mas apanhamos também muitas zonas expostas ao sol devido aos incêndios, como se vê, por exemplo, na imagem em baixo, em que se podem ver os sobreiros pretos com folhagem nova.
Quando já pedalávamos para o fim, eu vinha com a C., quando alguém parado na berma nos pediu ajuda. Tinha a corrente toda encravada e sozinho não iria conseguir sair dali. Depois de a algum custo o termos ajudado, vim com ele a conversar e fiquei a saber que é de Santa Comba Dão. E contou-me, precisamente, que a Ecopista era muito mais bonita antes dos incêndios de 2017.
Eu estou em crer que seria do interesse de todos, que as autarquias não gastassem só o dinheiro no asfalto a fazer ciclovias, mas pensassem também na questão da flora. Erradicar, pelo menos junto da Ecopista as árvores invasores (não esquecer que estamos na zona centro do país, quase totalmente eucaliptada) e plantar autóctones como carvalhos, sobreiros, azevinhos, medronheiros (vi alguns) etc, para que, por um lado se fique com uma paisagem bem mais apelativa e menos monótona, e, por outro, que se minimize a probabilidade de um incêndio destruir tudo.
À hora de almoço resolvemos parar em Tondela, junto da antiga estação e sentados à sombra das árvores.
E mais adiante, já o calor se fazia sentir, paramos num café em Parada de Gonta, para hidratar e refrescar.
Pavimento vermelho significa que já entramos no município de Viseu:
A sempre útil vegetação que, na maior hora de calor, nos abriga do sol...
Estação de Torredeita onde se pode ver uma antiga locomotiva...
Apeadeiro de Mosteirinho:
Já muito perto do final, entrando na zona urbana:
Já no sentido inverso, parando só para fotografar uma libelinha que insistia em levantar e depois voltar a pousar e depois voltar a levantar! E claro, estas paragens custam porque uns segundos que fosse implicava que lá tinha de pedalar com um pouco mais de vigor, para voltar a apanhar a C. e seguirmos no encalço do C. que era sempre o fugitivo do dia!
No regresso parei também para uma fotografia nas Ruínas da Estação de Santa Ovaia.
E quando faltariam uns três quilómetros para o fim, e para tornar o final ainda mais épico!, foi minha vez também de furar, na mesma zona onde na ida também o Carlos tinha furado! Depois entregou-se a bicicleta que se tinha alugado e lá nos dirigimos para os carros, que ficaram junto à Estação de Santa Comba Dão, no culminar de um dia muito bem passado.
Dizer também que, no sentido que fizemos, Santa Comba Dão - Viseu, na ida sobe quase sempre na maior parte do tempo, ainda que, como é lógico e por ser uma antiga linha de comboio, sobre ligeiramente, mas a boa notícia é que, depois, no regresso, é quase sempre, ligeiramente a descer, e os quilómetros passam bem mais rápido, mesmo já vindo com os quilómetros acumulados nas pernas.
E foi um belo dia para mais tarde recordar!
Dizer também que, no sentido que fizemos, Santa Comba Dão - Viseu, na ida sobe quase sempre na maior parte do tempo, ainda que, como é lógico e por ser uma antiga linha de comboio, sobre ligeiramente, mas a boa notícia é que, depois, no regresso, é quase sempre, ligeiramente a descer, e os quilómetros passam bem mais rápido, mesmo já vindo com os quilómetros acumulados nas pernas.
E foi um belo dia para mais tarde recordar!
Gosto muito desta ecopista, conheço entre Viseu e Tondela, fiz a caminhar e não tive pernas para mais... ainda!
ResponderEliminarNa ponte de mosteirinho tive uma experiencia muito engraçada, fiquei paralisada com vertigens e não a conseguia transpor. O meu ser racional desligou! tive que apanhar "boleia" de uma simpática senhora que morava por ali, distraída com a conversa lá passei a ponte. Ainda não voltei lá, mas estou curiosa para saber a minha reação...
100Km a pé é bem mais difícil que de bicicleta!, ainda que se possa fazer em vários dias. Sabes que numa das pontas, em que se vê tudo para baixo, eu seguia na bicicleta e comecei a olhar fixamente para baixo e via o rio e também fiquei um bocado desconfortável! Se olhar em frente é como se o chão fosse tapado, mas vendo aquela altura e ver o rio lá e baixo a coragem é pouca!
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ResponderEliminarToda uma aventura! Precisam de limpar isso! Que aborrecimento esses furos!
ResponderEliminarEu já fiz tantos Km de bicicleta e nunca tinha furado em cidade. Fiz agora algumas ciclovias e furei duas vezes! E no próximo sábado talvez vá fazer a Ecopista do Minho!
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