"Nas nossas latitudes, a queda das folhas no Outono e os novos rebentos na Primavera são acontecimentos naturais nas florestas. Mas se olharmos com maior atenção, todo o processo é um grande milagre, uma vez que, para tal, as árvores necessitam acima de tudo de uma coisa: noção de tempo. Como é que elas sabem que o Inverno está de novo aí ou que uma subida da temperatura não é apenas passageira, mas sim o anúncio da Primavera?
Já muitas vezes se deu o caso de termos períodos mais quentes logo em Janeiro ou Fevereiro, sem que os carvalhos ou faias tenham exibido o seu novo e fresco verde. Como é que estas árvores sabem que ainda não está na altura de formar rebentos novos? Pelo menos em relação a árvores de fruto, foi possível desvendar um pouco do mistério. Ao que parece, as árvores sabem contar. Só quando passa um determinado número de dias quentes é que elas confiam na situação, classificando-a de Primavera. No entanto, a Primavera não é apenas feita de dias quentes.
A queda e reaparecimento da folhagem não depende apenas da temperatura, mas também da duração do número e de dias. A título de exemplo, as faias só começam a despontar quando há pelo menos 13 horas diárias de luz. É por conseguinte surpreendente verificar que as árvores têm necessariamente de dispor de uma espécie de visão, uma vez que se encontram dotadas de uma espécie de células solares, pelo que estão da melhor forma equipadas para receber ondas de luz.
E de que forma sabem as árvores que os dias mais quentes não correspondem ao final do Verão, mas sim à Primavera que se inicia? O que desencadeia a reação correta é a combinação da duração do dia com a temperatura. As temperaturas a subir correspondem à Primavera, enquanto as temperaturas que descem estão relacionadas com o Outono. Também isso conseguem as árvores registar. É por isso que espécies nossas como o carvalho ou a faia conseguem de igual modo adaptar-se ao ritmo inverso do hemisfério sul, quando, por exemplo, são exportadas para a Nova Zelândia e aí plantadas. Isso prova também algo mais: as árvores têm necessariamente de ter memória. De que outro modo são elas capazes de comparar interiormente as durações dos dias ou contar o número de dias quentes?
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