domingo, 5 de novembro de 2023

Jardim do Paço Episcopal



Há já uns bons anos que estava para ir a Castelo Branco, especificamente para dar uma vista de olhos no Jardim do Paço Episcopal, que está classificado como monumento nacional. Nos últimos anos, por este ou aquele motivo, esse passeio foi sempre sendo adiado mas acabou por acontecer nestas férias, numa viagem em que atravessei Portugal de Aveiro a Almeida, fui até Sevilha e voltei a entrar em Portugal pelo Algarve e regressei depois pelo Alentejo.   

Cheguei junto do Jardim do Paço, que também tem o nome de Jardim de São João Baptista, por a ele ser dedicado, ao início da tarde, já o sol aparecia bem alto e de frente, tornando muito complicada a tarefa de fotografar a entrada, visto estar em contraluz com o sol pela frente.

No folheto que trouxe do Centro de Interpretação (na imagem acima) fiquei a saber que os terrenos onde está situado o jardim fazia parte "de uma vasta e complexa unidade agrária, paisagística e estética que costumava designar-se por "logradouros do Paço Episcopal de Castelo Branco" e transcrevendo:

"No século XVII, esta unidade era composta por dois olivais, uma vinha, a coelheira, o bosque, as hortas ajardinadas (atual Parque da Cidade) e o jardim propriamente dito - sendo que todo este complexo circunda - e protegia - a residência do bispo. 

O Paço serviu de residência permanente a vários bispos da Guarda e, a partir de 1771 até 1831, aos da recém criada Diocese de Castelo Branco. A partir de 1834 foram instalados vários serviços públicos no Paço e os logradouros conheceram então um abandono sem precedentes. Em 1911, como consequência da Lei da Separação do Estado da Igreja, o Jardim do Paço passa para a tutela da Câmara Municipal, por arrendamento. 

No ano seguinte, para comemorar o segundo aniversário da Implantação da República, abre as suas portas ao público no dia 5 de Outubro. Finalmente, em 1919 é comprado e passa para a propriedade municipal.

O Jardim do Paço Episcopal foi mandado construir pelo bispo da Guarda, D. João de Mendonça, cerca de 1720, depois da sua chegada de Roma, onde vivera três anos. 

Desconhece-se o paradeiro do risco primitivo (provavelmente perdido com o terramoto de 1755) bem como o autor dele. Admite-se, porém, que possa ter sido um arquiteto italiano. 

Em termos formais, o jardim divide-se em quatro espaços diferentes, mais ligados por diversos pontos de articulação e cujo elemento comum é a água: a entrada, o patamar do buxo, o jardim alagado e o plano superior. 

O Jardim do Buxo tem planta retangular e constitui o patamar principal. Divide-se em 24 talhões, limitados por sebes e banquetas de buxo, e tem implantados 5 lagos, com repuxos, em alusão às 5 chagas de Cristo. Além disso ostenta um elevado número de estátuas, organizadas por percursos iconográficos, como se o visitante tivesse diante dos olhos um autêntico compêndio material e espiritual do Mundo.


"Na escadaria monumental desfilam os monarcas da 1a e 2as dinastias, além do Conde D. Henrique. No patamar fundeiro da mesma escadaria, antes da ascensão, encontram-se os reis intrusos  (os Filipes) e o Cardeal D. Henrique, adepto da causa castelhana, em menores dimensões. Neste mesmo patamar, posicionados estrategicamente, encontram-se jogos de água - os famosos giochi à italiana, únicos no País - que surpreendem os passeantes descuidados

No lado oposto, para Poente, impõe-se outra escadaria monumental na qual desfilam os apóstolos - identificáveis, pelo símbolo do seu martírio. Ao fundo, no patamar, estão os quatro evangelistas e os animais que os identificam segundo a leitura do Apocalipse. 

Por esta escadaria alcança-se o patamar superior do jardim. Este plano constituiu uma alusão permanente à água e ao seu poder purificador. Moisés encima a cascata que jorra para o tanque grande". 















Neste final de setembro que visitei o jardim muitos asiáticos por ali andavam em grupo, armados dos seus iPhones com bastões a fotografar tudo. Mas também me cruzei com um senhor, já de idade, a cuidar do jardim e meti conversa querendo saber se não têm tido problemas com o buxo visto que aqui na zona do grande Porto estão a ser dizimados por causa dum fungo. Transmitiu-me que sim, mas que está a ser tratado e por isso apresenta aquele aspeto verde e saudável. 

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