Quem conhece o meu outro
blogue onde escrevo sobre as minhas tartarugas, sabe que que tenho um pequeno lago de 500L de capacidade, e que não tem qualquer sistema de filtragem o que pode originar vários problemas. Desde logo a sujidade da água, e o aparecimento de algas à superfície da água, que dá aquele aspeto verde. Esse problema pode ser facilmente resolvido com recurso a plantas aquáticas oxigenadoras e que absorvam os nutrientes da água.
Uma das plantas de que sou adepto é o Aguapé ou Jacinto-de-água (Eichhornia crassipes) como é conhecido por cá, planta proibida em Portugal já do tempo da ditadura. Trata-se de uma planta brasileira oriunda do rio Amazonas, esponjosa e flutuante, que já no primeiro século depois da descoberta do Brasil, foi levada casualmente na areia que servia de lastro aos navios da época, para a Índia e Flórida, onde se estabeleceu como praga, a ponto de cobrir rios e estuários tornando difícil a navegação.

Em países como Portugal, a planta não tendo predadores naturais, e sob condições favoráveis pode reproduzir-se muito rapidamente, e colocar em perigo flora e fauna aquática. Daí ter surgido a lei, cujo objetivo será levar as pessoas a não contribuir para aumentar o problema. De qualquer forma, é só mais uma lei que se fez e que ficou no papel, porque apesar de ser proibida a sua venda, esta planta vende-se em espaços comerciais sem qualquer problema. Ainda assim também não estou a ver as pessoas a comprar a planta para depois a irem atirar ao rio. Acho que a infestação muitas vezes pode acontecer sim, mas de forma acidental ou involuntária, por desconhecimento, daí que investir na informação seria bem mais positivo que ter uma lei que nem é conhecida muito menos cumprida.

A planta é invasora, com possíveis consequências que já mencionei, mas pode ser extremamente útil. Existe aliás uma corrente de opinião em sua defesa, pois a planta tem inclusive a capacidade de absorver metais pesados, ou despoluir águas poluídas. E é por esta planta ser extremamente útil, que nos últimos anos a tenho trazido da natureza, onde se pode encontrar, e coloco no meu pequeno lago, para de imediato começar a filtrar a água suja e a acabar com as algas.
Este ano pude constatar de facto o seu poder impressionante de rápida propagação. Nos anos anteriores nunca a vi propagar-se desta forma, este ano, pelo contrário, tenho de estar sempre a retirar plantas do lago, e então até resolvi tapar os buracos de algumas taças de barro e floreiras e lá os coloquei para enfeitar, pois esta planta também é conhecida pela sua bonita flor. E terá sido também este motivo, a introdução para fins ornamentais, que a terá levado a diferentes paragens.
Reparei que as plantas que coloquei em vasos na frente da casa, o sol queimou algumas folhas. A flor, essa é bem bonita, mas só dura dois dias. E por aqui, a norte do rio Douro, a planta não sobrevive ao inverno mesmo estando abrigada das possíveis geadas. Também não preciso dela de inverno, pois as tartarugas hibernam, logo não sujam a água, e não preciso deste excelente filtro natural gratuito. O excesso de plantas vai para a compostagem e está o problema resolvido.