quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Flores d'Inverno II - Japoneira

Tenho uma japoneira há já muitos anos, e é já uma árvore adulta. Foi um rebento que nasceu de uma árvore que o meu avô tinha em sua casa, e a minha mãe trouxe. Era uma árvore que o meu avô adorava, tanto a dele, como depois a minha claro.  E o maior valor que dou a esta árvore é precisamente por saber o quanto ele gostava muito dela, e quem vai seguindo o blog, sabe que eu falo sempre com grande admiração do meu avô.

Eu chamo-lhe japoneira, é o nome comum que lhe damos por aqui, mas é mais conhecida por camélia (o seu nome científico)  mas há ainda quem lhe chame cameleira.








A primeira zona a florir, e como seria normal, foi a parte da árvore virada para nascente. Não faço ideia que variedade será, pois existem milhares de variedades híbridas, e só portuguesas são quase quatrocentas! Mas esta árvore em particular, dá uma flor cor-de-rosa, bastante grande, e com o passar do tempo, toda a árvore estará em flor, pois trata-se uma árvore de flor abundante.

Eu tenho a mania de apanhar sementes, e em tempos recolhi umas quantas sementes de japoneiras de jardins onde passei, e também desta mesma árvore que tenho. Germinaram muito bem, mas conhecei a estranhar que a folha não se assemelhava muito à minha árvore! E não se assemelha, porque as plantas originárias de semente não darão origem a flores iguais à planta-mãe, ou seja, não faço ideia do que sairá dali, mas logo verei no futuro. Daí que o normal, para garantir que temos uma cópia exata da planta-mãe, se faça a propagação por estaca ou enxertia.

A japoneira é uma árvore de folha permanente, que gosta de solos ácidos, daí que seja muito comum vê-las em Portugal mais a norte. De resto, não é árvore muito exigente, e é até uma planta bastante resistente. Dá-se bem a sol pleno (como está a minha) ou meia sombra, e pode ser usada nos jardins plantada isoladamente, como também em sebe, e por falar em sebe, lembro-me de imediato dos altos muros em japoneiras do Jardim Botânico do Porto.

O caracol faquir

Certo dia, qual não é o meu espanto, quando dou de caras com um caracol a passear-se em cima da cama de espinhos de um Assento-de-sogra (Echinocactus grusonii)! É verdade que já os vi noutros sítios, aparentemente desconfortáveis, mas nada como as lanças deste cato, que são bem longas, duras e afiadas, mas pelos vistos, não o suficiente para um caracol!






Estas imagens provam também que ousar colocar quaisquer espécies de barreiras afiadas, com o intuito de afastar estas criaturas, serão totalmente infrutíferas, pois eles são verdadeiros faquires! 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Caminhar sobre água

Hoje estavam três aranhas no lago das tartarugas. Não faço ideia por que lá estariam as aranhas, e na verdade, pouco ou nada sei sobre elas. De qualquer das formas acho fascinante os animais que conseguem caminhar sobre a água, como se esta fosse uma espécie de gelatina.
Apesar de ser uma espécie muito comum cá em casa, para já, não passa de uma ilustre anónima.






sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Escaravelho-rinoceronte

Desde que comecei a fazer compostagem caseira, comecei-me a aperceber que, pelo menos quando o composto começa já a ficar curtido, andam por lá dezenas de larvas. São brancas e gordíssimas!


Lembro-me até, que em tempos andei a pesquisar, para tentar saber de que animal seriam estas larvas, e fiquei com a ideia que seriam de um escaravelho, mas não mais fiquei a pensar nisso. Entretanto hoje encontrei um bicharoco morto, e pelo que estive a ler, será a forma adulta (macho) destas pequenas criaturinhas comedoras de composto!

Escaravelho-rinoceronte (Oryctes nasicornis)

Trata-se então de um escaravelho-rinoceronte, e só os machos é que têm este corno proeminente. O animal estava no canteiro das aromáticas, debaixo de um rosmaninho. 

Eu gosto sempre quando as coisas se encaixam, e terei desvendado o mistério, partindo do princípio que as larvas são de facto deste bicharoco.  


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Flores d'Inverno: Aloe arborecens

Planta suculenta, vulgarmente chamada de babosa, muito conhecida de todos pelas suas propriedades terapêuticas, e que até dá sempre jeito ter à mão em casa para queimaduras ou outros problemas de pele, este aloe é também muito interessante para se ter no jardim para fins decorativos, e torna-se figura de destaque nesta época, em que exibe a sua invejável floração vermelha.

Já há uns quantos anos que tenho um na frente da casa, mas como estava desprotegido, queimava-se quase todo com a geada. Não morria, e voltava sempre a rebentar na primavera, mas de inverno ficava com um aspeto de meter dó como se pode ver na imagem:

Aloe acastanhado queimado da geada (2009)
Entretanto o pequeno azevinho variegata que está na sua frente resolveu dar um enorme pulo, e agora tornou-se uma proteção natural contra a geada, e o mesmo aloe, está agora enorme, e todos os anos, sempre por esta altura (final de dezembro/início de janeiro) presenteia-me com a sua floração vermelha.

Aloe entre um Pittosporum tobira e um azevinho variegata
Babosa (Aloe arborecens)



Deve ser plantado a sol pleno ou meia-sombra, e não carece de grandes cuidados, o meu por exemplo, é regado unicamente quando chove. Para se propagar é tão simples como, cortar uma haste e meter em terra, que rapidamente ganhará raízes. 

Gilbardeira: silvestre e em casa

Não sei precisar, mas já foi há muitos anos (uns quinze talvez) que trouxe para casa um rizoma com uma gilbardeira, planta essa que recolhi no monte, perto do rio, junto à casa dos meus avós, e de certeza que nessa altura, nem sequer sabia o nome da planta. A esta distância nem sei ao certo porque o fiz, mas certamente que a planta me atraiu de alguma forma. 

É uma planta que pode ser encontrada espontâneamente aqui pela zona onde moro (como por todo o país), mas só em zonas específicas, onde encontrará as melhores condições para se fixar. Este fim-de-semana, fui dar uma caminhada ao longo do  rio, e encontrei algumas nos combros dos caminhos. 

Gilbardeira na natureza (Ruscus aculeatus




Pelo que me tenho apercebido, a gilbardeira nasce em locais mais sombrios e abrigada pelo arvoredo. Estas estão até, como se pode ver na primeira fotografia, a poucos metros do rio Douro, num solo argiloso e pedregoso. As plantas que tenho observado na natureza, variam no tamanho que atingem, entre os trinta centímetros e o metro de altura, mas a planta apresenta sempre poucos caules que brotam dos rizomas. À semelhança, por exemplo do azevinho, as sementes podem originar plantas femininas que produzem frutos (bagas com cerca de 1cm) ou originar plantas macho que só darão origem a flores. Propagando-se pelos rizomas, como é lógico, os novos rebentos serão do mesmo sexo da planta mãe. 

A Gilbardeira é uma espécie protegida em Portugal, não creio que por estar propriamente ameaçada, mas sim por ser alvo de grande colheita nesta altura do ano, em substituição do azevinho, para ser usada como decoração. Como já expliquei no artigo sobre o azevinho, se estamos a cortar ramos de uma planta fêmea, que contêm os frutos e as sementes estamos a impedir que a espécie se propague e isso irá contribuir para o seu desaparecimento. 

Em casa, a planta que recolhi no monte, acabou por ser mudada para um sítio onde posteriormente acabei depois acabei por construir um terrário com tartarugas aquáticas que adotei. 


Esteve muitos anos que não saiu da cepa torta, mas também é verdade que só mais tarde reparei que as rochas que coloquei em volta da planta, estavam a bloquear os rizomas de se propagarem, e depois que as retirei, a planta começou a alargar nunca mais parou! Aliás, nunca vi planta semelhante, tão compacta e densa, que além de ter caules com 1,10m, a planta toda tinha cerca de um metro de diâmetro, até que à poucas semanas a decidi transplantar, pois estava já a sombrear em demasia o lago. 




Estando no espaço das tartarugas, esta gilbardeira ficou intimamente ligada às peripécias de uma tartaruga em particular, a maior que tenho, que parece ter criado uma fixação de a trepar, apesar desta planta ser bastante picante!


Não foi de ânimo leve que a decidi arrancar e transplantar a gilbardeira, porque como disse, estava a causar bastante sombra no lago. Ainda pensei em várias alternativas para plantar outra coisa no mesmo sítio, pois poderia pegar numa das muitas plantas que tenho e pôr ali, mas acabei mesmo por manter a mesma estética, e decidi plantar, no mesmo sítio, outra pequena gilbardeira que tinha num vaso, mas desta feita uma fêmea, que trará sempre um colorido diferente com as suas enormes bagas vermelhas.





sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Descoberta inesperada

Há muitos anos que não me lembro de ver salamandras. Lembro de certa vez, sei lá, há uns vinte anos, ter visto uma já adulta no passeio de casa, mas entretanto nunca mais as tinha visto, o que não quer dizer que andem por cá. Encontrei sim, duas salamandras na rua dos meus pais, há uns dois meses talvez, mas mortas, e das duas uma, ou foram mortas pelos carros, ou então foram mortas propositadamente, algo muito plausível, não fossem os repteis e as próprias salamandras (anfíbios) alvo de muitos mitos e crenças infundadas, que resultam na morte de muitos animais por mero ódio ignorante.

Nos últimos dias o tempo não tem dado tréguas para se fazer alguma coisa, é chuva e mais chuva e ventos fortes. Hoje esteve mais aos aguaceiros, calcei umas galochas  (parece que até estão na moda não é?!)  e aventurei-me a fazer umas pequenas coisas, ainda que andasse algumas vezes à chuva, mas como o tempo está quente até me sabe bem!

Depois de ter passado a ronda pelas muitas plantas que tenho, de ter feito umas pequenas podas, e ter andado a apanhar as muitas tangerinas e laranjas caídas no chão, fui varrer a enorme quantidade de folhas que se acumulavam no portão da frente da casa. Começo a apanhar as folhas, com as mãos, e de repente, alto! Era uma pequena salamandra com uns quatro ou cinco centímetros que estava escondida no meio daquela folharada toda! Fui buscar a máquina fotográfica, apesar de estar a chuviscar, pois queria registar o acontecimento. Segundos depois quando voltei, a pequena salamandra já não estava no mesmo sítio, mas deparei-me com outra escondida com o rabo de fora!

Estou-te a ver!

Destapei o animal e pude ver que se tratava de um animal adulto, talvez a progenitora da pequena cria. O animal estava muito imóvel, mas apercebi-me que estava bem vivo!


Olhei em volta e rapidamente encontrei onde a pequena cria que se tentava esgueirar:


Em Portugal é possível encontrar duas sub-espécies, a S. s. crespoi no Algarve, e no restante território a S. s. Gallaica. 

Uma última fotografia, (de jeito!) à maior, e a seguir ia-a tirá-las dali. 

Salamandra-comum (Salamandra salamandra gallaica)
Resolvi tirá-las dali, pois poderiam facilmente ir para a estrada, e o problema não seriam os carros, pois a minha casa é a última da rua, mas temia que se fossem vistas acabassem mortas. Então levei-as para junto de um monte de restos de jardim que tenho nas traseiras da casa, com muitas folhas também, que irá depois, em princípio ser uma segunda pilha de compostagem. 

Como se alimentam de insetos e pequenos invertebrados como caracóis, lesmas ou centopeias, parece-me um animal extremamente simpático e principalmente útil para se ter cá por casa!

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Levandiscas

Estou em crer que esta será uma das aves mais conhecida dos portugueses, tanto devido à coloração preto/branco da cabeça e peito, como devido ao seu comportamento caraterístico e inconfundível, de estar sempre a levantar e baixar a cauda. É uma ave bastante atrevida até, aproximando-se bastante do homem quando anda entretida à procura de bichos nos terrenos cultivados, e é muito comum vê-las até a correr, para trás e para a frente, nas estradas. Por aqui são comummente chamadas de levandiscas, mas consultando o manual de aves, encontrei a designação de Alvéola-branca. 


Alvéola-branca (Motacilla alba)
Estas fotos foram tiradas hoje depois de almoço. Coincidência ou não, há muito que vejo uma levandisca a esta hora. Chega e empoleira-se em cima do portão de acesso ao campo dos meus pais. Depois, voa para cima de uma pilha onde estão restos de comida, mato, e esterco das galinhas para fazer estrume. 




Hoje chegaram duas, e sendo macho e fêmea muito semelhantes, esta segunda ave, que me parece até mais pequena e não tendo a mancha preta na cabeça, creio que será um juvenil. Esta foi diretamente para a terra, procurando bicharada para comer.




terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Ódio de estimação: Azedas

Se há planta infestante verdadeiramente complicada de erradicar são as Azedas. No meu terreno também se fazem notar infelizmente. Trata-se de uma vivaz exótica, originária da África do Sul, com estatuto de invasora e que gosta preferencialmente de terrenos agrícolas. Onde aparece, só com muita persistência se pode minimizar o problema, mas será quase impossível erradicá-la totalmente. 

Esta planta dispõe de vários truques que fazem com que se propague muito rapidamente, e além disso, que a sua destruição seja quase impossível. Desde logo porque podemos arrancar a parte acima da terra, que não estaremos a provar-lhe quaisquer danos, porque os pequenos bolbos e os muitos bolbilhos ficam enterrados bem fundo, e rapidamente se erguerão novas plantas. 

Azedas (Oxalis pes-caprae L.) 

Para aniquilar totalmente a planta é necessário cavar fundocom muito cuidado e remover todos os muitos pequenos bolbilhos enterrados, o que é extremamente complicado. Bastará só um ficar no terra para que todo o esforço tenha sido em vão. 

Bolbilhos

Parte aérea das Azedas

Flor amarela

Zona densamente infestada