terça-feira, 15 de dezembro de 2020

E Se Eu Transformasse o Terreno Vizinho num Bosque Autóctone?

 O dia 23 de Novembro é o Dia da Floresta Autóctone, criado para lembrar que, na Península Ibérica, é a partir desta data que podemos começar a fazer plantações, isto por oposição ao 21 de Março criado nos países nórdicos, e se nessa altura plantarmos árvores, como se fazia nos meus tempos de criança de escola corremos sérios riscos que elas morram porque as temperaturas já estão de elevadas "março marçagão, de manhã inverno de tarde verão". Em Portugal é no fim do Outono, nesta altura, a melhor época para plantações e então lembrei-me de plantar duas árvores no terreno vizinho. 

Quando este fim-de-semana fiz um tweet sobre isso mesmo, dezenas de pessoas aplaudiram e incentivaram, ainda que uma pessoa desaprovou lembrando que um terreno mesmo ao abandono terá dono e que ainda poderei vir a ter problemas com isso. 

Eu devo confessar que não estou minimamente preocupado com isso. Pelo contrário, acho que quem terrenos ao abandono sem os limpar é que se deveria preocupar. Este terreno que falo é o terreno contíguo ao terreno de minha casa. Quando a restaurei e fiz o muro que separava os terrenos o antigo dono, um senhor dos seus oitenta anos, ainda lá esteve a confirmar que eu estava a construir o muro no sítio certo. Depois disso, e se calhar já lá vão uns quinze anos, nunca mais soube nada dele. Entretanto há coisa de uns oito anos por ali apareceu um senhor, que chegou a deixar por lá uma bicicleta e algumas ferramentas, e ao que parece sofria de problemas mentais. Vendeu a madeira dos eucaliptos e depois desapareceu. As últimas notícias da vizinhança é que, ao que parece, terá sido preso. 

E então sou eu e os meus pais que fazemos a limpeza do terreno, um terreno que não é nosso. Todos os anos cortamos o mato naquele perímetro de cinquenta metros que, por lei, deve ser mantido limpo para manter as casas livres de perigo. Neste mesmo ano a EDP ou REN cortou uma enorme faixa de pinheiros e eucaliptos que já se aproximavam perigosamente dos cabelos de anta-tensão, e que depois a vizinhança se encarregou de arrastar para casa para que essa madeira seja depois usada na lareira ou churrasco.  

E eu entretanto, nos últimos dois anos, em vez de cortar tudo a eito, comecei a deixar vir carvalhos e sobreiros. E se já me tinha lembrado de plantar algumas árvores que tenho em casa, decidi-me mesmo começar a plantar algumas coisas. Comecei com um azevinho e um loureiro e plantei-os em duas covas, de antigos postes de granito que eram passados por arame farpado para delimitar uma zona de segurança à volta do tal poste das cestas que transportavam o carvão. E apesar de décadas o poste e a cerca terem sido retirados (na altura do encerramento das Minas do Pejão) a verdade é que ainda encontrei estes dois buracos que resolvi preencher com duas árvores. 

Como há já uns dois ou três anos tinha reparado que desenterraram um azevinho que nasceu por lá espontaneamente, quando teria uns 20-25cm de altura, estou perfeitamente ciente que alguém pode chegar lá ao monte, puxar o azevinho e levá-lo para casa, mas isso já não posso controlar. Provavelmente continuarei a plantar mais algumas árvores ou arbustos, gostaria também de ali plantar mais um ou dois medronheiros, e pronto, esperar e quem sabe ainda poder ver ali nascer um pequeno bosque autóctone onde até esquilos andam. 

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Obrigado Ceres!
      (estranho porque acho que não recebi notificação deste comentário)

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