domingo, 25 de agosto de 2024

E a Floresta Laurissilva Não Arde Assim....


 Nunca visitei as ilhas. Gostaria muito, principalmente de visitar os Açores, mas dado o meu desconforto quando penso em aviões, nunca aconteceu. Daí que não conheça ao vivo com é a paisagem das ilhas. 

Nem todos os anos são anos de muitos incêndios, quer pelas condições climatéricas, mas principalmente pela simples razão que, onde ardeu, é preciso que o mato e arvoredo volte a crescer, e são precisos alguns anos, para que de novo volte a arder com violência, seja por incúrias, seja por intencionalidade. 

E este ano o grande incêndio que ainda está a lavrar, e há mais de dez dias, é na Madeira. 

E Madeira faz-me lembrar da Floresta Laurissilva, património mundial da UNESCO:

"A Floresta Laurissilva é o nome por que é conhecida a floresta indígena da Madeira, constituída predominantemente por árvores e arbustos de folhagem persistente, com folhas verde-escuras e planas. Já existia aquando da chegada dos navegadores portugueses e é considerada uma relíquia do Terciário. Ocupa uma área, de cerca de 15000 hectares, o equivalente a 20% do território da ilha e localiza-se, essencialmente, na costa Norte, dos 300 aos 1300 metros de altitude, e na costa Sul persiste nalguns locais de difícil acesso, dos 700 aos 1200 metros."  (IFCN)

E ingenuamente perguntei-me: "uma floresta nativa não pode arder assim com esta violência, tal como não arderia, por exemplo, uma floresta de carvalho, sobreiro, medronheiro e azevinho, as espécies típicas do continente - será que há eucaliptos na Madeira"?

A primeira resposta que a internet me deu veio do blog Botânica das Ilhas e a resposta não poderia ser mais esclarecedora:

"Na ilha da Madeira, esta espécie foi introduzida à cerca de 200 anos, tornando-se muito frequente entre os 400 e 1200 mts de altitude, sendo amplamente cultivada para combustível, todavia, hoje tornou-se numa planta invasora."

E após uma breve pesquisa, eis que encontro no site do Jornal da Madeira:

"A CDU realizou nesta manhã de quinta-feira, uma iniciativa política sobre a falta de investimento das entidades governativas para evitar a propagação descontrolada de espécies infestantes nas zonas altas do Funchal, como as acácias e eucaliptos

Nesta iniciativa a deputada municipal, Herlanda Amado, denunciou que, “passados 8 anos dos incêndios de 2016, pouco ou nada foi feito no combate às espécies invasoras como os eucaliptos. Neste mesmo local, no Caminho dos Três Paus à Viana, este problema não só se mantém, como até agravou!”, pode ler-se no comunicado enviado.

O partido acrescenta, dizendo que, “este foi um dos grandes focos dos incêndios em 2016, mas como nada foi feito nas zonas ardidas, por cada eucalipto queimado nasceram novos 7 a 10, como é visível neste local

Infelizmente não estava a ser ingénuo. Invasoras como os eucaliptos e as mimosas são um problema sério e um dos grandes responsáveis pelos incêndios em Portugal (e também na Madeira), e governo após governo ninguém faz absolutamente nada. 

*imagem é da Notícias Magazine

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