quinta-feira, 1 de agosto de 2013

As ervas e o relvado

Quando qualquer pessoa começa a pensar em ajardinar o espaço envolvente da sua casa, a questão do relvado coloca-se sempre. Podemos não ter muitas plantas ou flores, arbustos ou aquela árvore imponente, mas tendo só uma área verde que se possa usar como bem entendemos já dá logo outro aspeto. O que eu tinha no terreno eram basicamente as ervas que ali cresciam espontaneamente, pondo de uma forma mais simpática, tinha um verdadeiro prado autóctone!

As ervas cresciam e eu logicamente precisava de as cortar. Depois de alguma indecisão na escolha, até porque os há manuais, elétricos e a gasolina, de todos os tamanhos, feitios e preços, lá acabei por comprar um corta-relvas com o extra (até parece que estamos a falar de carros!) de fazer o "mulching", que mais não é, que moer as ervas e depois deixá-las no terreno para servirem de fertilizante naturalEntão era simples, as ervas cresciam, eu cortava, e de inverno não havia ninguém que tivesse um espaço tão verde como eu! E tinha ainda um detalhe, no dia a seguir a cortar ao corte, além de ter o espaço verde, tinha também pequeníssimas flores roxas!

Mas o problema era de verão. Grande parte das ervas de verão começavam a secar, e o que era um relvado natural denso e verde, aos poucos transformava-se em campo de futebol pelado com umas ervas lá pelo meio, e foi só por esse motivo que me decidi a transformar aquilo num relvado mais cuidado. Teria de ser aos poucos até porque o trabalho seria só para mim, mas também a coisa era mesmo para se ir fazendo até porque não estava com pressa.

A escolha foi fácil e recaiu na graminha que já conhecia muito bem até porque já tinha um pequeno espaço com ela em frente da casa. É assim popularmente conhecida por aqui, apesar de ser também conhecida por grama porque é brasileira, de nome científico Stenotaphrum secundatum. Também há quem lhe chame gramínea, que até é a uma enorme família de ervas, e talvez não seja o nome comum mais preciso.

Graminha Santo Agostinho (Stenotaphrum secundatum)

Como todas as espécies de ervas usadas nos relvados, existem vantagens e desvantagens, e depois também tem muito a ver com ir de encontro, ou não, com aquilo que se pretende. Esta espécie é acima de tudo muito resistente, podemos correr e saltar em cima dela que aguenta tudo, não morre passado uns anos, e mais importante, não necessita de muita água. Como desvantagens tem o facto de dar muita mão-de-obra pois é plantada, e depois tem que se arrancar todas as outras ervas que entretanto nascem ainda antes da gramínea enraizar, isto enquanto o relvado não fica completamente fechado. Depois de fechar está pronto e só precisa de manutenção.

Outra desvantagem, de cariz estético, é o facto de ficar um pouco esbranquiçada após o corte, e de inverno com o frio e as geadas pode não ficar com bom aspeto, daí que quando se faz o último corte, em meados de outubro, se deva fazer um corte mais alto e nunca rente.
Tem ainda uma outra especificidade, que é os rebentos novos crescem por cima uns dos outros, ou seja, é preciso mondá-la, para que não fiquemos com um tapete alto e esponjoso que irá fazer com que os novos rebentos asfixiem a parte debaixo que ficará apodrecida e branca.
É um erro comum, e vejo os meus vizinhos cometê-lo todos os anos, em que única coisa que fazem é passar o corta-relva, e quando a cortam, fazem-no demasiado rente, precisamente porque ela fica muito alta e depois o que acontece é terem o relvado, mesmo agora no verão, mais branco que verde, porque o problema reside no facto de não a mondarem nem arejarem o relvado.

Eu nunca tinha plantado relva, mas o trabalho não é cego, nem é preciso fazer um curso para saber como fazer. A primeira tarefa é cavar o terreno, retirar todas as ervas pela raiz como é o caso das ervas com raiz mais profunda como é o caso das leitugas (dente-de-leão, serralha) e da língua-de-vaca por exemplo. Basta ficar uma pequena porção de raiz na terra que rapidamente teremos uma nova planta, que teremos de voltar a arrancar!
Depois de cavado e limpo de ervas, aplana-se o terreno e começa-se então à plantação. Ter escolhido esta espécie, deu-me outra vantagem, que é não precisar de comprar visto que já tinha como disse num pequeno canteiro, e basta arrancar, cortar e plantar. Além de que, como os meus vizinhos todos também têm, e está-se sempre a arrancar muita nas bordas, e então uma vizinha foi-me sempre fornecendo e é interessante pois é dinheiro que se poupa, mais importante ainda em tempos de crise.

Plantar graminha não é das tarefas mais agradáveis de se fazer no jardim, pois temos de andar ali curvados, e demora o seu tempo, daí que como já tenha dito anteriormente, dará algum gasto de dinheiro, principalmente em mão-de-obra para quem decidir pagar para fazer o trabalho.
Custa mas tem mesmo de ser. Cortam-se pequenas partes da planta, e eu cortava sempre no mínimo dois rebentos, de preferência com boa raiz e depois planta-se, não tem nada que saber.

Nesta fase, é muito importante ir regando bastante para ela enraizar e não morrer. Custa a plantar, mas brevemente, num espaço de duas semanas teremos outro trabalho! Milhares de novas ervinhas indesejáveis nascem, como disse, ainda antes da graminha crescer!
O terreno já continha todos esses milhares de sementes à espera de terem as condições ideais para nasceram, e nós proporcionámos-lhas quando cavamos o terreno, remexendo a terra e regando abundantemente!

Nesta fase há quem recorra a herbicidas. Eu acho que uso de herbicidas um completo disparate. Porquê? É fácil, primeiro estamos a envenenar o nosso terreno, usando um método nada ecológico e muito menos sustentável. Depois, estamos a pôr em risco a nossa própria saúde, das pessoas que vivem connosco e de todos os outros animais que frequentem o espaço, pois é conhecida a relação entre os herbicidas e o cancro ou outras doenças. - Não quer ter o trabalho de arrancar as ervas à mão? - Então mas qual é pior, ter meia dúzias de ervas que não a erva que escolheu para o relvado ou estar a potenciar prejuízos graves para si, para a sua família e para todos os outros animais e plantas de sua casa?

Mês e meio depois de plantada, a coisa estará mais ou menos assim:


Depois da relva tapar completamente a terra está o trabalho feito e podemos desfrutar orgulhosamente do resultado final.Comparando o antes e o depois na parte do terreno que está pronto, muitas dores de costas depois a coisa está assim:





Mais sobre relva Santo Agostinho aqui no blogue:




P.S: Tenho desta relva Santo Agostinho para venda, em caso de interesse contacte por e-mail ou deixe comentário. 



8 comentários:

  1. Respostas
    1. Olá boa noite,

      Esta relva, (ou grama/graminha/gramínea) tem muitos nomes comuns. Já li que sim, que também lhe chamam escalracho, mas também já li que não. O melhor mesmo é ir pelo nome científico, que aí não pode ter erro.

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  2. Obrigada por toda esta informação.

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  3. A nossa não costuma ficar esbranquiçada, mas também já tem quase 30 anos x)

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  4. Olá!
    Estou agora a iniciar o processo de pôr relva no meu quintal. Tenho os pés da planta e estou a cortar os rebentos, como refere, para plantar na terra, mas surgiu-me a dúvida relativamente à distância a que devo colocar os rebentos uns em relação aos outros. Pode ajudar-me?
    Desde já agradeço a sua resposta.

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    1. Olá bom dia Sofia,
      Quanto mais junto colocar 10/15cm mais rapidamente o relvado vai fechar, mas dá mais trabalho. Mais afastado (20/30cm) tem menos trabalho mas vai demorar mais tempo. Acho que 15/20cm está bom.

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