A primeira coisa que ouviu assim que a porta do aerofone se abriu foi um "Que pouca vergonha!" coletivo. Azucena começou por se surpreender, mas depois entristeceu-se muito. As suas plantas tinham estado sete dias sem água e tinham todo o direito de a receber daquela maneira. Azucena costumava deixá-las ligadas ao plantofalante, um computador que traduzia em palavras as suas emissões elétricas, pois ela gostava de chegar ao trabalho e que as suas plantas lhe dessem as boas-vindas.
Geralmente, as suas plantas eram muito decentes e carinhosas. Mais ainda, nunca a tinham insultado. Agora, Azucena não as censurava; se havia alguém que soubesse a raiva que dava ficar à espera , era ela. Deitou-lhes logo água. Enquanto o fazia pediu-lhes mil desculpas, cantou-lhes e acariciou-as como se fosse ela própria a ser consolada. As plantas acalmaram-se e começaram a ronronar de prazer. (A Lei do Amor / Laura Esquivel / 1995)
Sem comentários:
Enviar um comentário